Líbia: Os Bandidos Revolucionários e a ONU - Noticia Final

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quarta-feira, 21 de março de 2012

Líbia: Os Bandidos Revolucionários e a ONU

Um relatório do Secretário Geral da ONU foi submetido ao Conselho de Segurança para uma prolongação da missão de avaliação da situação na Líbia. O Conselho de Segurança prolongou a missão para mais doze meses e especificou que a missão deveria ajudar as novas autoridades da Líbia a definir as exigências e prioridades para todo o país, a promover a lei, a assegurar os direitos humanos, a reestabelecer a segurança pública e a combater a proliferação ilegal de armas. Dentre essas armas destacou-se então o sistema de defesa aéreo portátil.

Apesar do relatório do Secretário Geral da ONU ter tentado apresentar as novas autoridades da Líbia na melhor das perspectivas, uma análise por mais superficial que fosse mostra que o relatório contém informações a serem ressaltadas. Por ex. o relatório mostra que forças loiais à Jamahiria líbia continuam a resistir os ocupantes da OTAN e da ONU e que essa resistência toma lugar em grandes cidades, como por ex. Trípolis, Bani-Walid e Corfu.

Tentando disfarçar a gravidade da situação o Secretário Geral da ONU denominava as ações de combate como “escaramuças”. Esse não era o único absurdo no seu relatório que não esclarecia a situação de modo desejável, muito pelo contrário. Por ex., ao lado das novas autoridades e dos apoiantes do antigo regime de repente surgia um terceiro ator que ele sem especificações denominava como “brigadas revolucionárias”.

O relatório então não especificava o que seriam essas brigadas, quem faria parte delas, que áreas que elas estariam a controlar e a que comando elas responderiam. O relatório não dizia uma palavra a respeito do assunto, mas o texto mostrava claramente para que essas brigadas seriam necessárias. Essas “brigadas revolucionárias” seriam necessárias para a continuação do emprisionamento de supostos apoiantes do então regime de Moamar Kadafi. Seriam também importantes para fazer interrogatórios e controlar centros de detenção. Compreende-se que há graves atos de tortura e mau tratamento perpetrados por essas brigadas, incluindo mortes durante custódia. Isto especialmente em Trípolis, Misrata, Zintan e Gheryan.

Ao que parece o relatório tenta mostrar que as novas autoridades nada tem a ver com tudo isso. Tudo seria então por causa dessas “brigadas”, mas nesse caso uma outra questão se apresenta. Se essas “brigadas” ou “salteadores revolucionários” operam em Trípolis, o que é então que o “governo” controla?

Muito fica abaixo de forte neblina, mas um representante da Líbia na ONU falou mais claramente. Foi dito que havia áreas fora do controle do “governo”. Como não havia nem presença policial, nem Cortes de Justiça não se podia por as responsabilidades nas autoridades que nem saberiam o que se estaria passando por lá. Entretanto, o representante líbio não foi mais específico em relação a que partes do país que estariam fora do controle das autoridades governamentais.

De acordo com as leis internacionais qualquer autoridade constitui um governo legal se essa autoridade controlar todo o território do país. Isso é ao pé da letra, mas na prática admite-se o fato que o governo deverá controlar pelo menos a maior parte do território do país. Isto é então exatamente o que o chamado “Conselho Nacional de Transição” da Líbia não tem acarretando, ao que tudo indica, os absurdos relatórios oficialmente apresentados.

[Nota do tradutor: Aqui apresento uma tradução mais livre do texto concentrando-me no aspecto geral do apresentado deixando de lado os dados específicos do texto original ]:- As novas autoridades da Líbia sabem muito bem quão precária é a situação delas no contexto geral. Há movimentos para sabotagem e bombardeamentos. Há complexidades em relação a muitos fatores como por exemplo os embargos impostos à Líbia pela própria ONU. Os embargos e as decisões tomadas pela ONU, tanto em relação a armamentos quanto a possibilidades econômicas tornam tudo muito complicado. Há muitas complexidades e incertezas. O que parece completamente certo é que as chamadas autoridades não controlam a situação.

[Voltando ao texto original]:- Há uma operação em andamento para transferir mercenários e bandidos da oposição vindo da Síria e indo para a Líbia. Essa transferência deveria ser feita dissimuladamente abaixo da proteção nominal da ONU.

Quanto tudo estava por se dar a conhecer tentou-se apresentar o movimento dos militantes como movimnetos de “refugiados fugindo do regime sangrento”. Entretanto, para qualquer um que olhe para o mapa da região fica claro que para se “fugir” da Síria em direção à Líbia tem-se que atravessar a Jordânia e Israel, para depois poder atravessar o Egito. O fugitivo teria que vencer todos os obstáculos de uma tal peripécia. Estaria então nas condições de poder pedir asilo “num país sem problemas” – a Líbia! Para poder ter sucesso nas condições ditas vigentes essas pessoas teriam que, no mínimo, de ser campeões de maratonas e não simples refugiados em aflição. Como se pode ver é mais uma história idiota.

Já de há muito as sessões do Conselho de Segurança da ONU tornaram-se exemplo de cinismo e hipocrisia. Um palco para fabricação e distribuição de falsidades para promover o apoio da opinião pública para crimes sanguinaŕios, crimes esses realmente reles e brutais.

O que ocorreu na Líbia? Relatórios oficiais mostram-se insuficientes. Reações oficiais também apresentam um distanciamento moral surpreendente. Entretanto, é um fato conhecido e bem documentado que muitos crimes foram cometidos como resultado das operações de bombardeamento da OTAN.

Recorda-se o bombardeamento de Zlitan, em 9 de agôsto de 2011. Esse bombardeio levou 80 pessoas incluindo 30 crianças, à morte brutal. Recorda-se também dos bombardeios contra a Televisão de Trípolis, em julho de 2011. Inexplicavelmente esses e muitos outros bombardeios e mortes em massa, mesmo os mais importantes com inumeras vítimas da violência desmesurada da OTAN, não foram nem mencionados nos relatórios da Comissão Internacional de Inquéritos. Relatório esse que foi apresentado em Geneva, no dia 9 de março - sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Apesar do relatório conter uma parte dedicada a morte de Moamar Kadafi e seu filho Mutassim, os advogados responsáveis pelo relatório tiraram conclusões muito controversiais. Declararam que apesar de terem insistido em receber os documentos da autópsia teriam recebido sómente fotos que não permitiriam conclusões relevantes quanto a causa- mortis. Concluiram portanto que não se poderia apresentar conclusões definitivas quanto a uma possível criminalidade envolvida no ato.

O ponto crucial aqui é que esses advogados experientes não reagiram com significância judicial e legal ao fato de um prisioneiro ter sido morto quando em custódia abaixo dos auspícios das autoridades relevantes no caso. [Em última instância sob a responsabilidade da ONU e da OTAN].

As deliberações do Conselho de Segurança da ONU quanto a situação da Líbia, nesse março vigente, assim como os resultados da investigação conduzida pela Comissão de Inquérito da ONU mostram que há uma intenção de converter a Líbia numa zona judicial obscura na cena dos acontecimentos internacionais.

A Líbia está a ser transformada numa espécie de fusão entre um Iraque e uma Somália. Está a ser transformada num lugar de difusão incontrolada de armamentos, bombeamento de petróleo -como que gratuito- e treinamento de militantes para novas “revoluções” . Mas enquanto as forças da Jamahiria líbia estiverem ativas, esse plano malévolo não poderá ser completamente consumado.

[O apresentado acima pode por-se em relação ao contexto atual vis-a-vis Síria e Irã]

Referências e Notas:

* Alexander Mezyaev, “Libia. Brigands-Revolutionaries and the UN”.

O original encontra-se em www.strategic-culture.org - Com agradecimentos ao autor e a “Strategic Culture Foundation”, Moscou.

Irã News

Um comentário:

  1. Se isto for verdade, estamos diante de um dos maiores crimes da historia atual.

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