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segunda-feira, 25 de junho de 2012

México e Unasul retiram embaixadores do Paraguai

Fernando Lugo sofreu impeachment relâmpago na semana passada

Após os países membros da Unasul, o México convocou nesta segunda-feira o seu embaixador no Paraguai para consultas devido à destituição do presidente paraguaio, Fernando Lugo. A decisão foi tomada depois de o Mercosul decidir, no domingo, suspender a participação do Paraguai da próxima cúpula do bloco, que será realizada na quinta e sexta-feira na Argentina.

"O embaixador do México na República do Paraguai, embaixador Fernando Estrada Sámano, foi instruído a viajar com o propósito de realizar consultas", afirma um comunicado do ministério das Relações Exteriores. A intenção da ordem é "contar com informação de primeira mão sobre a situação no Paraguai, em consequência do julgamento político que levou à destituição do senhor Fernando Lugo como presidente", completa a nota.

No final de semana, foi a vez dos países que fazem parte da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) - Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela - fazerem o mesmo. A retirada de embaixadores de um país é um claro sinal diplomático de reprovação.

Além de retirar o embaixador venezuelano no Paraguai, o governo de Hugo Chávez interrompeu no domingo o envio de petróleo ao país. "Sentimos muito, mas não apoiaremos, de forma alguma, esse golpe de estado", afirmou Chávez nas cerimônias de comemoração do 191º aniversário da batalha de Carabobo, em que tropas separatistas derrotaram as tropas espanholas. Chávez voltou a classificar de "golpe de estado ilegal e inconstitucional" o julgamento que destituiu Lugo, e disse que "sempre que a burguesia e a direita governam, acontecem essas coisas".

O presidente paraguaio sofreu um impeachment relâmpago entre quinta e sexta-feira passada, após ser acusado pela oposição de 'mau desempenho de suas funções'. Na própria sexta-feira, o vice-presidente Federico Franco assumiu a Presidência.

Veja

EUA 'muito preocupados' por rapidez na destituição de Lugo no Paraguai

Os Estados Unidos declararam nesta segunda-feira estar "muito preocupados" pela rapidez no julgamento político do Congresso paraguaio que destituiu na sexta-feira o presidente Fernando Lugo.

"Estivemos seguindo muito de perto os acontecimentos e continuamos muito preocupados pela rapidez no processo utilizado para este julgamento político no Paraguai", disse à imprensa a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

R7


O que os Estados Unidos podem ganhar com o golpe no Paraguai

A reação de Washington ao golpe “democrático” no Paraguai será, como sempre, ambígua. Descartada a hipótese de que os estadunidenses agiram para fomentar o golpe — o que, em se tratando de América Latina, nunca pode ser descartado –, o Departamento de Estado vai nadar com a corrente, esperando com isso obter favores do atual governo de fato.

Não é pouco o que Washington pode obter: um parceiro dentro do Mercosul, o bloco econômico que se fortaleceu com o enterro da ALCA — a Área de Livre Comércio das Américas, de inspiração neoliberal. O Paraguai é o responsável pelo congelamento do ingresso da Venezuela no Mercosul, ingresso que não interessa a Washington e que interessa ao Brasil, especialmente aos estados brasileiros que têm aprofundado o comércio com os venezuelanos, no Norte e no Nordeste.

Hugo Chávez controla as maiores reservas mundiais de petróleo, maiores inclusive que as da Arábia Saudita. O petróleo pesado da faixa do Orinoco, cuja exploração antes era economicamente inviável, passa a valer a pena com o desenvolvimento de novas tecnologias e a crescente escassez de outras fontes. É uma das maiores reservas remanescentes, capaz de dar sobrevida ao mundo tocado a combustíveis fósseis.

Washington também pode obter condições mais favoráveis para a expansão do agronegócio no Chaco, o grande vazio do Paraguai. Uma das preocupações das empresas que atuam no agronegócio — da Monsanto à Cargill, da Bunge à Basf — é a famosa “segurança jurídica”. Ou seja, elas querem a garantia de que seus investimentos não correm risco. É óbvio que Fernando Lugo, a esquerda e os sem terra do Paraguai oferecem risco a essa associação entre o agronegócio e o capital internacional, num momento em que ela se aprofunda.

Não é por acaso que os ruralistas brasileiros, atuando no Congresso, pretendem facilitar a compra de terra por estrangeiros no Brasil. Numa recente visita ao Pará, testemunhei a estreita relação entre uma ONG estadunidense e os latifundiários locais, com o objetivo de eliminar o passivo ambiental dos proprietários de terras e, presumo, facilitar futura associação com o capital externo.

Finalmente — e não menos importante –, o Paraguai tem uma base militar “dormente” em Mariscal Estigarribia, no Chaco. Estive lá fazendo uma reportagem para a CartaCapital, em 2008. É um imenso aeroporto, construído pelo ditador Alfredo Stroessner, que à moda dos militares brasileiros queria ocupar o vazio geográfico do país. O Chaco paraguaio, para quem não sabe, foi conquistado em guerra contra a Bolívia. Há imensas porções de terra no Chaco prontas para serem incorporadas à produção de commodities.

O aeroporto tem uma gigantesca pista de pouso de concreto, bem no coração da América Latina. Com a desmobilização da base estadunidense em Manta, no Equador, o aeroporto cairia como uma luva como base dos Estados Unidos. Não mais no sentido tradicional de base, com a custosa — política e economicamente custosa — presença de soldados e aviões. Mas como ponto de apoio e reabastecimento para o deslocamento das forças especiais, o que faz parte da nova estratégia do Pentágono. O renascimento da Quarta Frota, responsável pelo Atlântico Sul, veio no mesmo pacote estratégico.

É o neocolonialismo, agora faminto pelo controle direto ou indireto das riquezas do século 21: petróleo, terras, água doce, biodiversidade.

Um Paraguai alinhado a Washington, portanto, traz grandes vantagens potenciais a interesses políticos, econômicos, diplomáticos e militares estadunidenses.

Viomundo

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