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sábado, 18 de agosto de 2012

Ex-oficial da CIA: “Nem nos piores dias da Guerra Fria houve nada parecido à caça de Assange”

O menosprezo à lei internacional por parte dos EUA e seus aliados estrangeiros no caso de Julian Assange não tem precedentes “nem nos piores dias da Guerra Fria”, assegura à Rússia Today Ray McGovern, um ex-oficial da CIA.

A reação dos países ocidentais à concessão do asilo diplomático ao fundador de Wikileaks, Julian Assange, por parte do Equador, mostra claramente como o império estadunidense se distingue do resto do mundo, acredita McGovern. A seguir, reproduzimos o diálogo de nosso canal com o especialista:

RT: Uma das razões principais pelas quais o Equador concedeu asilo político a Assange não foi o caso penal na Suécia, mas sim o perigo real de que seja perseguido e possivelmente executado nos EUA. Que reação você espera de Washington?

McGovern: É um caso clássico que demonstra o que o mundo mudou nos últimos 20 anos. A configuração atual do mundo é a do Império contra o resto. O que eu digo agora é o que disse César: César é a lei. César são os EUA e seus sátrapas no estrangeiro, primeiro o Reino Unido e a Suécia em segundo lugar, que cumprem os desejos do Império. E o Equador, país que se recusou a cumpri-los, desempenha um papel muito interessante aqui. Pela manhã, o chanceler do país [Ricardo Patiño], disse: “Não somos uma colônia britânica, os tempos de colônia terminaram”

Por isso, o que vemos aqui (sobre o julgamento de Assange) é uma completa falta de respeito com a lei internacional. As prerrogativas das embaixadas de todos os países foram consideradas como sacrossantas, e agora a Chancelaria Britânica diz: “pois podemos entrar pela força” (na embaixada equatoriana, onde se encontra Assange).

Isso é inaudito, inclusive nos piores dias da Guerra Fria [entre a URSS e os EUA); se alguém buscasse refúgio na Embaixada estadunidense em Moscou, ou na embaixada soviética nos EUA, apesar da tensão e da inimizade entre os dois países, a lei internacional era honrada. Isto é algo sem precedentes.

Os EUA querem que Assange sofra como seu informante.

RT: O Equador disse que a agressão, chantagem e ameaças do Reino Unido violam diretamente a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. Você crê que, tendo em vista que Londres e Washington estão confabulados, consideram o Equador um país insignificante por ser pequeno militar e economicamente?

McGovern: Essa é a postura. Os países mais pequenos não tem muito peso ante os olhos de Washington e Londres nestes dias. Seria interessante ver o resultado real deste jogo que vemos aqui. Ninguém parece se lembrar que a primeira denunciante de Julian Assange, Anna Ardin, da Suécia, costumava trabalhar em publicações extremamente anti-castristas, financiadas pela CIA.

Por isso, todas as ligações estão aqui, não é preciso de uma teoria conspiratória para ver que a única via que eles podem usar para chegar a Julian Assange é através do uso de acusações forjadas.

Eles tinham a oportunidade de ir à embaixada equatoriana em Londres e interrogar Assange. Disseram “não vamos faze-lo”. E por que? A razão é que não há um caso contra Julian Assange. Isso está claro, a mim me parece.

Eles querem extraditá-lo para a Suécia e depois para os Estados Unidos para que sofra as mesmas humilhações e as mesmas torturas que sofreu Bradley Manning, a pessoa que supostamente forneceu os documentos a Assange.

Atrevo-me a dizer que nossos pais fundadores estão se revolvendo em suas tumbas vendo uma pessoa ser tratada desse modo, numa clara violação ao direito de revelar coisas que, de outro modo, continuariam escondidas.

Gílson Sampaio

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