Paraguai VS Mercosul - Noticia Final

Ultimas Notícias

Post Top Ad

Responsive Ads Here

Post Top Ad

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Paraguai VS Mercosul

Chanceler paraguaio pede aumento do preço da energia paga pelo Brasil.Para Fernandéz, valor pago pelo governo brasileiro é muito abaixo do mercado

O Paraguai pretende consumir uma porcentagem maior da energia gerada na hidroelétrica binacional Itaipu e quer que o Brasil pague mais pelo excedente de eletricidade que lhe é fornecido, anunciou o chanceler paraguaio, José Félix Fernández, em entrevista publicada nesta sexta-feira (10/08) na Folha de S. Paulo.

"Aqui há um preço que não é o mesmo para o resto do mundo. Será um melhor negócio usar essa energia em nosso território do que continuar vendendo (ao Brasil)", afirmou o ministro.

Fernández esclareceu que as declarações do presidente do Paraguai, Federico Franco, de que o Paraguai não está disposto a continuar "cedendo" energia ao Brasil foram mal interpretadas, já que o que o Paraguai quer é aproveitar essa eletricidade em seu território e que os brasileiros paguem mais pelo excedente.

"O que o presidente defende é que o Paraguai tenha que, gradualmente, ir usando essa energia. Até o momento, o Paraguai continuará vendendo ao Brasil parte da energia que lhe corresponde e da qual é proprietário", acrescentou Fernández.

Segundo o ministro, a elevação do consumo da energia de Itaipu, hidroelétrica compartilhada pelos dois países, é a melhor ferramenta que o Paraguai tem para sua industrialização.

Brasil e Paraguai têm direito cada um a 50% da eletricidade gerada por Itaipu, e, segundo o acordo entre ambos países, a energia que um dos dois não aproveite tem que ser vendida ao outro sócio.

Como o Paraguai satisfaz sua demanda com apenas 10% da eletricidade, o resto acaba no Brasil, que desde o ano passado paga por essa energia cerca de US$ 360 milhões anuais. O preço foi triplicado em 2011, após longas negociações lideradas pelo então presidente Fernando Lugo.

Fernández assegurou que quando o líder paraguaio se refere à energia "cedida" ao Brasil não quer dizer que seja dada, mas vendida por um preço muito inferior ao do mercado.

"Estamos prontos para continuar as negociações sobre o preço. Esperamos uma reunião do Conselho de Itaipu, que foi adiada em duas oportunidades a pedido do Brasil", afirmou.

O chanceler garantiu que o Paraguai já transmitiu ao Brasil o preço que considera justo pela energia excedente que vende e acrescentou que espera que o assunto seja resolvido nas negociações.

Segundo Fernández, as relações entre os dois países "continuam normais" apesar da decisão do Brasil de convocar seu embaixador para consulta após a recente destituição de Lugo.

Acrescentou que a reivindicação de um preço maior pela energia que vende ao Brasil não é uma represália pela suspensão do Paraguai do Mercosul nem pela admissão da Venezuela ao bloco.

"Não estamos de acordo com as medidas adotadas em Mendoza e em Brasília. Não estamos de acordo com o ingresso da Venezuela. Mas não misturamos isso com Itaipu", comentou.

"Temos que solucionar os problemas do Mercosul e também os pontos de vista sobre o preço e o uso da energia de Itaipu. São duas coisas que não caminham juntas", concluiu.

Uruguai proíbe diplomatas de estabelecer contato com autoridades do Paraguai, diz jornal
Ministérios das Relações Exteriores uruguaio divulgou documento com instruções de comportamento para embaixadas

Os embaixadores uruguaios estão proibidos de estabelecer “contato pessoal” com diplomatas do Paraguai e de participar em qualquer evento que possa significar o reconhecimento do governo de Federico Franco. Estas foram as instruções emitidas pelo Ministério das Relações Exteriores do Uruguai nesta quinta-feira (09/08) aos seus diplomatas, informou o jornal local El País.

O documento conta com a assinatura do diretor de Assuntos Políticos da Chancelaria, Ricardo Gonzalez e do secretário geral do Ministério, Gonzalo Koncke e foi enviado a todas as missões diplomáticas uruguaias no exterior.

Um dos efeitos imediatos da medida, explica o El País, é que nenhum diplomata paraguaio poderá ser convidado aos eventos comemorativos do aniversário da independência do Uruguai, que embaixada uruguaia realiza anualmente. Apesar disso, o governo uruguaio não rompeu suas relações diplomáticas com o país.

O Uruguai não reconhece o novo governo paraguaio por considerar que o processo de destituição de Fernando Lugo foi um golpe de Estado. “Entendemos que houve uma espécie de golpe de Estado parlamentário”, afirmou o presidente José Mujica. O Paraguai foi suspenso do Mercosul e Unasul até as próximas eleições presidenciais por desrespeitar a cláusula democrática destes blocos regionais.

A nova medida não foi bem aceita por membros da oposição, segundo o El País. Jaime Trobo, deputado do Partido Nacional e presidente a Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara dos Deputados, disse que se trata de um ato “vergonhoso” que prova a “incapacidade” do Ministérios das Relações Exteriores em conduzir a política externa uruguaia.

Decisão paraguaia de não vender energia é positiva, diz Marco Aurélio Garcia
O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, em Brasília

Para assessor da Presidência, medida contribuiria para o desenvolvimento energético do país, hoje deficiente

O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou nesta sexta-feira (10/08) que apoia a decisão do Paraguai de não vender mais sua energia excedente ao Brasil.

Para ele, o tom incisivo do atual presidente Frederico Franco quando afirmou há dois dias que não iria mais “ceder” energia para o Brasil, no caso da hidrelétrica de Itaipu, e para a Argentina, no caso de Yaciretá, “foi para consumo interno”.

“Acho que nesse episódio houve muita desinformação e jogo de cena. Mas aparentemente não haverá qualquer problema”, afirmou.

“As autoridades paraguaias andaram dizendo que não vão mais precisar vender a energia para nós, que irão consumir tudo. Estamos felizes com isso, sempre defendemos que fosse feito, tomando iniciativas concretas. Com recursos nossos e do Mercosul, o Paraguai está construindo uma linha de transmissão de Itaipu até Assunção, para transformar a capital paraguaia em um grande centro industrial”, afirmou o assessor, durante palestra na Faculdade Getúlio Vargas, em São Paulo. O Paraguai ainda não tem capacidade para utilizar todo o potencial energético a que tem direito na hidrelétrica binacional e, por contrato, vende o excedente para o Brasil.

“Passamos todo o tempo, desde o governo Lula, estimulando investimentos industriais no Paraguai, que por si só já consumirão muita energia. Só podemos estar saudando qualquer iniciativa de industrialização do Paraguai. Acho que há muito jogo de cena e desinformação nessa história, não tem nenhum problema”, esclareceu o político.

Garcia também falou que, após a próxima eleição presidencial paraguaia, marcada para o próximo ano, o país vizinho poderá ser naturalmente reintegrado ao bloco. O assessor foi acusado pela imprensa paraguaia de impor novas condições ao Paraguai para que este fosse reabilitado ao Mercosul.

No entanto, o país terá de aceitar a inclusão da Venezuela como novo membro pleno. “A oposição ao ingresso da Venezuela é inacreditável. Se fossemos seguir o que os paraguaios pedem à risca, não poderíamos tomar nenhuma decisão até a volta deles. E se, nesse período, o acordo com a União Europeia finalmente progredir? E se a China propuser um acordo comercial com o bloco, não iremos aceitar?”, perguntou.

Garcia lembrou que o Brasil fez um acordo em 2009 (aprovado em 2011) em que o país triplicou o valor pago pela energia elétrica ao Paraguai, dizendo que essa decisão teve alto custo político ao governo na época. “O que mais eles querem?”, desabafou.

No entanto, ao ser lembrado que o chanceler paraguaio José Félix Estigarribia falou nesta sexta-feira que este valor seria insuficiente e precisaria ser renegociado, Garcia excluiu qualquer possibilidade de se sentar à mesa novamente com os paraguaios. “Isso não estará em consideração. Fizemos uma negociação muito importante que sofreu restrições no Brasil. A triplicação do recurso está em vigor há poucos meses”, contou.

Saída do Mercosul

Garcia também afirmou não acreditar na saída do Paraguai do bloco, que tem sido apoiada por parte do Congresso paraguaio, nem de no futuro assinar um TLC (tratado de livre comércio) com outro país fora do Mercosul, o que inviabilizaria seu retorno. “Seria contrário aos interesses dos paraguaios. As pessoas não podem cair nessa miragem que os TLCs vão resolver os problemas que o Mercosul resolve pra eles hoje. Mas é um pais soberano que pode tomar essa decisão. É um problema deles e o próprio chanceler não compartilha desse ponto de vista”, disse o assessor.

Fernando Lugo

Garcia também deu sua versão sobre as razões que provocaram o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo em junho, e que causou toda a crise diplomática do Paraguai em relação aos seus vizinhos. Além de criticar o processo que resultou na queda de Lugo, o qual classificou como uma “ruptura democrática”, ele também culpou a falta de apoio político e popular do ex-presidente com fatores significativos.

“Tivemos um outsider [Lugo] que ganhou a eleição presidencial fora do esquema tradicional, em um sistema ainda muito marcado pela ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). Esse outsider não fez nenhuma negociação política no estilo Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, e nem fez tampouco um movimento da sociedade como uma espécie de refundação institucional. E se enfraqueceu”, explicou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad