Irã se transformará no novo Iraque? - Noticia Final

Ultimas Notícias

Post Top Ad

Responsive Ads Here

Post Top Ad

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Irã se transformará no novo Iraque?

Arma nuclear é pretexto, petróleo é chamariz

Damasco – Em uma época em que a crise fiscal tem absorvido, totalmente, o interesse da opinião pública européia, encontra-se em conformação uma situação perigosa que poderá explodir o sistema geopolítico mundial: Refere-se à questão de fabricação de armas nucleares pelo regime teocrático do Irã.

O presidente dos EUA, Barack Obama, em recente declaração no Canal 2 da televisão israelense, limitou as futuras opções de seu país a duas curtas propostas: primeira, em cerca de um ano o Irã, se não for impedido, terá fabricado armas nucleares; segunda, os EUA estão decididos a utilizarem todos os meios, diplomáticos ou militares, para interromperem esta evolução.

Ainda mais direto, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, situa o prazo para fabricação de armas nucleares pelo Irã em seis meses e declara que "Israel agirá, se for preciso, unilateralmente para impedir este pesadelo."

Em resposta, o regime iraniano, ameaça reagir com represálias letais contra regiões habitadas de Israel, assim como contra instalações dos EUA na região do Golfo Pérsico. Avalia-se que os ataques contra bases norte-americanas na região destruirão dutos de abastecimento energético da Europa e China.

A União Européia (UE), profundamente, dependente da importação de petróleo e gás natural, concorda com a meta de não disseminação de armas nucleares, mas propõe a diplomacia das sanções econômicas com objetivo básico evitar as ambições nucleares iranianas.

Já Rússia e China – membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) – estão dispostas a exercerem veto contra qualquer decisão que permitirá o uso de violência contra o Irã.

Armas inexistentes

De um modo geral, a atmosfera exala cheiro de pólvora e os mais conceituados think tanks (independentemente de orientação) concluem que um ataque aéreo unilateral ou bilateral contra as instalações nucleares iranianas concluirá em uma terceira, após o Afeganistão e o Iraque, guerra generalizada no coração energético e em toda a região do Grande Oriente Médio, e não só.

Em 19 de março, foram completados dez anos da operação Exportação de Democracia, da eliminação de Saddam Hussein e da denominada "mudança" de seu regime. Os conselheiros neoconservadores de Bush Jr. batizaram a operação de Choque e Pavor. O argumento central dos "falcões" da Casa Branca era a eliminação das supostas armas de destruição em massa (químicas e nucleares), as quais, segundo a avaliação deles, o sanguinário ditador havia armazenado em seu país.

São inesquecíveis as imagens de Bagdá em chamas, apresentadas pela CNN naquela noite do ataque norte-americano contra o Iraque, enquanto vários analistas-tecnocratas urravam de seus gabinetes em Washington "shock and awe…shock and awe" (choque e pavor…choque e pavor), assim como são inesquecíveis as imagens apresentadas, no dia 1º de maio, 42 dias mais tarde, com Bush Jr. aterrissando no convés do porta-aviões Abraham Lincoln, cumprimentando a tripulação em forma, fantasiado de piloto de combate, e alguns minutos depois – de terno e gravata – pronunciando seu discurso de vitória, em frente a um gigantesco painel com o slogan "missão cumprida".

Entretanto, as evoluções seguintes desmentiram totalmente Bush Jr. e seus conselheiros neoconservadores: Armas destruição em massa jamais foram encontradas. E a teoria sobre "nation building" foi, na prática, desmentida. Os EUA foram engaiolados em uma guerra de longos anos, enquanto os mortos e gravemente feridos somaram centenas de milhares. O Mundo Árabe condenou a postura dos EUA, enquanto seus parceiros europeus (principalmente, alemães e franceses) trataram de separar suas posições.

Homens de Obama

O teórico do realismo Hans Morgenthau havia advertido: "Não permita jamais que seu país possa encontrar-se em uma posição da qual não poderá avançar sem riscos gigantescos ou recuar sem ser humilhado". Se os falcões neoconservadores de Washington (Cheney, Rumsfeld e Wolfowitz) tivessem levado a sério a advertência de Morgenthau, os EUA não estariam em sua situação atual. Embriagados pela dimensão do poderio militar da "única superpotência", perderam o senso de medida e desdenharam as lições da História.

Não perceberam, por exemplo, que o "calcanhar de Aquiles" da ex-União Soviética foi sua assimétrica ênfase no aspecto militar do poderio e a depreciação de fatores como a forte economia, a legalidade democrática e a coesão social.

Insistindo na operação contra Saddam Hussein, marginalizando o Conselho de Segurança da ONU e zombando dos europeus, classificando-os de "antigos" e "novos", conseguiram isolar seu país de importantes e tradicionais aliados. E, finalmente, lembrando Napoleão, "venceram as batalhas, mas perderam as guerras".

Nos dias atuais, Obama encontra-se diante de um dilema, idêntico àquele que enfrentou Bush Jr. em 2003. Há um país muçulmano, o Irã, que está envolvido com energia nuclear. Uma "solução militar" tipo Iraque (2003) – em um esforço para eliminar o regime de Teerã – engaiolará, novamente, os EUA em mais uma perigosa e sangrenta aventura com duração de longos anos que desgastará o peso e o poderio da superpotência.

Mas aqui terminam as semelhanças. Hoje, Obama possui pensamento e raciocínio soberanos e está cercado por experientes e realistas assessores como Joe Biden, John Kerry, Chuck Hegel e John Brennan. Não são homens condenados a repetirem os trágicos equívocos do passado. Mesmo considerando o petróleo do Irã.

Monitor Mercantil – Serbin Argyrowitz

Sucursal do Grande Oriente Médio.

Naval Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad