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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Norte-americano, texano, de direita, islamista e sionista... Para substituir Assad no governo da Síria?!


Franklin Lamb
Texano, de direita, islamista, sionista e fugitivo do alistamento militar na Síria... para governar a Síria? E o que mais a Casa Branca poderia desejar?

Durante todo o ano passado, nada fez mais falta que algum plano C ou D, dependendo de como você numere os planos falhados que EUA-Israel inventaram para a Síria. E essa semana, segundo funcionários do Congresso dos EUA, ambas, Telavive e a Casa Branca estão em surto, beliscando-se para garantir que não é sonho, tal a sorte que as ajudou a implantar um empresário norte-americano e conservador, Ghassan Hitto, como novo primeiro-ministro provisório da Síria.

Assegurar a posição chave para Hitto, decisão tomada no ano passado, não foi empreitada fácil e teve de ser conduzida sob sigilo. Afinal, depois de semanas de discussão, várias vezes muito intensa, entre os muitos círculos da oposição síria, Washington, Ancara, Doha e Telavive, dentre outras, deram jeito de empossar o homem deles.

Hitto era o melhor de um pacote ruim – explicou uma fonte da Comissão do Congresso cujo trabalho inclui a Síria. – Em resumo, é norte-americano, seus cerca de 30 anos por aqui faz dele um dos nossos. E não faz diferença alguma que tenha chegado ainda adolescente aos EUA, para fugir do serviço militar na Síria. Hoje, podemos contar com ele!

Maura Connely
Para a embaixadora dos EUA em Beirute, Maura Connelly, “a posse de Hitto manterá acesa a esperança. Não podemos desistir” – bem quando alguns norte-americanos já começavam a convencer-se de que o governo dos EUA padeceria de incapacidade congênita para aprender alguma coisa dos próprios erros.

A embaixadora discursou recentemente para uma delegação visitante:

Vejam tudo que conseguimos na Líbia.

Depois da visita, um dos visitantes esbravejou:

Santo Deus! Se essa mulher não fosse, sabe-se lá por quê, a favorita no gabinete de Jeff Feltman, ainda estaria servindo cafezinho na portaria do Departamento de Estado, em 2201 C St NW, Washington, DC!

Samir Geagea
Mas Maury tem fama de ser mulher bonita. É só perguntar a um de seus interlocutores mais frequentes, Samir Geagea, do partido Forças Libanesas, que ultimamente tem sido apresentado como seu confessor privilegiado.

Todos lembram que Washington instalou no poder quase uma dúzia de líbios que viviam fora da Líbia, durante os ataques àquele país, quando a OTAN lançava a operação “zona aérea de exclusão”. A maioria deles sabia mais de vários outros países do mundo, que da Líbia; alguns tiveram de servir-se de “equipamento não letal” (i.e. um GPS e mapas daNational Geographic) para chegar aos locais, no oeste da Líbia, que o “ocidente” mandou que governassem.

Nem é preciso citar muitos nomes. No final de junho de 2011, Saif el-Islam, que hoje vive como prisioneiro em Zintan, a oeste de Trípoli, disse a mim, que o entrevistei, falando da chegada em Benghazi e Misrata da “Equipe USA-UK” (como Saif referia-se aos escolhidos pela OTAN para formar governo alternativo a ser rapidamente “legalizado” como legítimo governo da Líbia):

Você, Franklin Lamb, conhece a Líbia muito melhor que aqueles estranhos!

Ghassan Hitto, norte-americano, texano, de direita, sionista e 
ligado à Fraternidade Muçulmana
A “nomeação” de Hitto resolve alguns problemas imediatos para a Casa Branca, na Síria. Ou, pelo menos, é o que a Casa Branca espera.

No mínimo, Hitto é flor de estufa, cultivada nos EUA, que poderá ser reconhecido como tal pela “comunidade internacional” e em torno da qual a OTAN poderá construir num curral e cercar ali, pelo menos por algum tempo, algumas das desesperadas facções em que a oposição síria está dividida. É homem que parece disposto e interessado em receber ordens; e já se atirou, em alta velocidade, tentando aprender o que possa sobre a Síria e o jogo que já está em andamento. Um assessor do Congresso dos EUA que ajudou a rebater as críticas contra Hitto diz que:

... é esperto e aprende bem. Achamos que ele jogará o jogo.

Uma das ideias que Hitto parece já ter incorporado veio-lhe de Dennis Ross-AIPAC e diz respeito a uma “lei de isolamento político”. Se adaptada para o governo provisório de Hitto, a lei proibirá que todos que de algum modo tenham tido alguma participação no governo Assad participem do governo Hitto. A intenção da lei é eliminar todos, dos governos de Hafez e Bashar, desde os anos 1970 até hoje. “Precisamos de uma Síria completamente passada a limpo” – disse Ross a parceiros, em recente convenção do AIPAC.
 
Washington também disse a Hitto que rejeite qualquer diálogo com o governo sírio, porque neoconservadores no Congresso dos EUA não se cansam de repetir que:

... negociações com o governo Assad se arrastarão interminavelmente e podem dar tempo ao governo para erradicar bolsões de resistência e mobilizar mais ajuda da Rússia e do Irã.

Falando de negociações com o Irã, o senador do Arizona John McCain disse recentemente à rede Fox News que

... se tentarmos negociar com aquela gente (o governo do Irã), vamos perder. E insistimos nisso... Precisamos é de ação!

Há quem já esteja dizendo à Casa Branca que o mesmo raciocínio aplica-se ao governo sírio. Parece que Hitto concorda.

O mesmo assessor do Congresso disse também que:

... têm aparecido interpretações erradas da recente posição de John Kerry, segundo as quais refletiria alguma mudança notável na posição dos EUA ou seria retrocesso, contra o que Barack Obama disse sobre a importância de Al-Assad sair de lá. Obama e Hitto cantam pela mesma partitura.

John McCain (E) e Lindsey Graham (D)
Imediatamente depois de Grassan Hitto ser “nomeado”, dois senadores, insaciáveis provocadores e militantes pró-guerra, John McCain (R-Ariz.) e Lindsey Graham (R-S.C.)  serviram-se de relatórios não confirmados e conflitantes sobre amas químicas que estariam sendo usadas na Síria, para aumentar a pressão sobre o presidente Barack Obama para que aprovasse o imediato envolvimento militar dos EUA na Síria.

Deve-se tratar imediatamente de fornecer armas a grupos da oposição síria; de organizar ataques contra a Força Aérea de Assad; de instalar em solo baterias de mísseis Scud; e de estabelecer áreas seguras dentro da Síria para proteger civis e grupos da oposição – continua a declaração assinada pelos dois senadores. – Se se comprovarem os relatórios já recebidos, a trágica ironia será que já conhecemos, há muito tempo, as medidas que poderiam ter evitado que Assad usasse armas de destruição em massa.

Graham parecia até falar de um plano para incluir os EUA nas forças que deseja que invadam e ocupem a Síria: disse que:

Precisamos de um verdadeiro parceiro na Síria.

Ele e John McCain parecem ter encontrado em Ghassan Hitto o parceiro sonhado.

Para Washington e Telavive, a “nomeação” de Hitto parece ser solução para remover inúmeros obstáculos que as impedem de alcançar seus objetivos na Síria, e por várias razões.

As duas capitais creem que Hitto possa ajudar a pôr fim entre as lutas internas que agitam a oposição ao regime de Assad e que levaram a situação atual. Embora Hitto não seja um Mohamed Mursi, tem inclinações que o aproximam da Fraternidade Muçulmana; e os Irmãos o apoiaram, sabendo que era o preferido de Washington. Em Washington, vários acreditam que Hitto possa neutralizar a Fraternidade. Circulam notícias de que a Casa Branca teria dito à União Europeia que:

... a CIA recomendou Hitto para conter os doidos daquele círculo; e Hitto pode, além de outras possibilidades, ajudar na formação de um bloco internacional apoiado pelos EUA para livrar-se dos grupos salafistas na Síria. 

O adestramento-treinamento de Ghassan já começou. Foi nomeada uma “equipe de aconselhamento” para doutriná-lo até que creia com fé fundamentalista na “mensagem”; e o homem está recebendo curso intensivo sobre o que fazer e quais arapucas evitar. Espera-se que aprenda a partir da experiência dos erros já cometidos na Líbia, no Egito e no Iraque.

Ghassan já recebeu sinais de que, se quer ser mais do que Primeiro primeiro-ministro “provisório” da Síria, terá de aprender rápido, adaptar-se rapidamente ao “manual”, comportar-se como aluno aplicado e, sobretudo, jogar para o time. “Não queremos saber de outro Hugo Chávez por aqui” – como Ghassan ouviu recentemente em Istambul, dias antes de anunciar a própria candidatura.

Os homens da CIA encarregados do treinamento de Hitto entregaram-lhe oscript; Hitto leu atentamente. Na primeira fala pública, disse logo que reconhece a tarefa muito difícil que o aguarda. Prometeu prover os serviços que já não há para muitos sírios. Prometeu também eleições livres e justas na Síria, num governo pós-Assad.

John Kerry
John Kerry diz-se pronto a trabalhar com Hitto. Kerry disse a membros do Congresso dos EUA, há dois anos, que conhece e respeita Bashar al-Assad. Disse uma vez ao deputado ultra sionista Barney Frank, que “não podemos lidar com ele como lidamos com os canadenses”. Em declaração privada, Kerry disse a funcionários da Comissão de Relações Exteriores do Senado que “gosto de Bashar; podemos confiar muito mais nele, que nos israelenses. Ele é bom”. Kerry, adiante, mudou de tom. E há quem dê hoje tratos à bola, tentando quantificar o apoio que dará a Hitto.

Hitto dá sinais de estar ansioso por ambos, e pronto para começar. No início dessa semana, em discurso em Istambul, insistiu que sua prioridade é utilizar “todos os meios concebíveis” para derrubar ao presidente Bashar al-Assad e “entregar a ajuda de que carece desesperadamente o atormentado povo sírio”. Washington entende que essa ajuda desesperada e carecida rapidamente incluirá armas.

Seja como for, a Casa Branca e Telavive sabem que será tarefa hercúlea construir alguma legitimidade para algum governo comandado por Hitto, porque ele não conta sequer com apoio de membros importantes de sua própria coalizão. Recebeu 35 de 49 membros presentes à votação. Mas 15 outros membros não votaram: alguns “ausentados” por suborno, e vários que se retiraram, como protesto contra conhecidos laços que ligam Hitto à Fraternidade Muçulmana e ao Qatar.

Disse Haitham al-Maleh, um veterano da oposição síria:

Há muito tempo apoio a ideia de formar governo alternativo, mas votei em branco, porque não havia nenhum candidato de dentro da Síria. Só votaria em primeiro-ministro que tivesse vivido na Síria.

Disse al-Labwani, outro membro da coalizão:

O governo agora proposto é controlado pela Fraternidade Muçulmana e pelo governo do Qatar. Permaneceremos na oposição contra esse governo e não lhe daremos legalidade. Democracia tem de vir da terra e do povo, não de um “conselho” no qual os EUA e o Qatar votam.

Segundo um assessor da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA, quando ainda presidida por Kerry,

... muitos sírios veem com desconfiança e suspeita a indicação de Hitto, feita por nós. Desde que o nome de Hitto foi anunciado, já ouvi figuras do movimento sírio nacionalista e de vários grupos de comunidades minoritárias criticar essa ação dos EUA.

Parece que Washington, Doha e Telavive, tentam infiltrar o seu homem, na Síria. Já “elegeram”. Logo saberemos o que os sírios dirão dessa “eleição”.


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