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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Uma estrela (iraniana) ascendente


Robert Burns
The best laid schemes o’mice na’men / Os melhores planos que ratos e homens façam,
Gay aft a-gley/Alegres depois do trabalho,
Na’lea’e us nought but grief a’pain/Só trazem luto e dor
For promised pay/pelo que um prometeu ao outro, mas não cumpriu.
[Robert Burns, “To a Mouse”/Para um rato]
[Íntegra, em inglês, em Poesia Escocesa]
[Epígrafe acrescida pelos tradutores]


Ali Akbar Velayati
Há exatamente um mês, quando escrevi [1] que um candidato a ser observado nas eleições presidenciais do Irã de 12/6 próximo seria Ali Akbar Velayati, ex-ministro de Relações Exteriores, foi um tiro no escuro, mas também opinião cevada na observação atenta dos corredores da política bizantina em Teerã e em Qom, nos últimos meses.

Bloomberg Businessweek acaba de chegar à mesma conclusão. [2] BBevidentemente serve-se de fontes de alto nível em Washington e em Teerã, para instruir seus artigos, e a minha única fonte é pura, incansável paixão por observar o Irã, alimentada por velha paixão por aquele país e seu belo povo.

De fato, é também minha opinião desejante, enviesada, indiano-cêntrica. Estive várias vezes na mesma sala com Velayati em Teerã e em Delhi, quando ele ali esteve como Ministro; e não tenho dúvidas de que sua ascensão ao poder como Presidente do Irã será magnífica novidade para a Índia – desde que, é claro, Delhi procure genuinamente reconstruir seus laços estratégicos com o Irã.

Velayati teve papel chave no movimento ascendente da curva das relações entre Índia e Irã, nos dez anos a partir do fim dos anos 1980s (quando o então Primeiro-Ministro da Índia fez movimento dramático de aproximação com Teerã).

O entendimento estratégico deu excelentes frutos, quando Teerã ajudou a Índia a conter a tempestade nos países muçulmanos, depois da destruição de Babri Masjid (1992), e a liderança iraniana mostrou incansável compreensão na questão das atrocidades então em curso nas regiões da Caxemira, no início dos anos 1990s.

Depois, o Irã ajudou a Índia a conter a detonação diplomática, relacionada ao problema da Caxemira, que os sauditas promoviam na Organização de Cooperação Islâmica, com o Irã, de fato, já organizando a resistência anti-Talibã conhecida como Aliança do Norte (1997). [3]

Eram tempos em que nenhum indiano se atreveria a subestimar o Irã como fator de estabilidade, com certeza no que tivesse a ver com interesses centrais da Índia. Boa parte de tudo isso aconteceu sob a orientação de Velayati. Tinha visão clara sobre as relações Irã-Índia e via essas relações como crucialmente importantes para o Irã.

Lembro perfeitamente a conversa, em Hyderabad House, no final de 1989, quando Velayati falou pela primeira vez da ideia do corredor Norte-Sul, como acesso da Índia à rota para a Rússia e a Ásia Central – de fato, delineou ali as potencialidades do projeto de um óleogasoduto Irã-Paquistão-Índia (IPI).

Oleogasoduto Irã - Paquistão - Índia 
É homem cordial, erudito, tem nervos de aço [4] e cabeça de negociador incansável. E é muito bem-humorado, capaz de fechar com risadas um dia de negociações duríssimas – talentos que muito ajudarão o Irã a acalmar as águas do Estreito de Ormuz.

Absolutamente todos sabem que Velayati manifesta e representa os interesses mais radicalmente fundamentais do regime iraniano. Mas é pragmático, dos que sabem que a política é a arte do possível.

Estreito de Ormuz - passagem de 40% do petróleo que abastece o ocidente
Tudo isso volta a ser extraordinariamente importante, porque o próximo presidente do Irã tem papel decisivo na modelagem do “Novo Oriente Médio” e da segurança regional e internacional.

E se e quando as conversações se iniciarem entre EUA e Irã, como provavelmente começarão depois de passadas as eleições de junho no Irã, Velayati é o homem mais qualificado para melhor negociar pelo Irã: goza da confiança do Supremo Líder, Ali Khamenei; tem ampla e clara compreensão da política mundial e de como opera o sistema internacional; e fala perfeito inglês (embora com sotaque norte-americano). É garantia de conversa iluminadora, caso o Presidente dos EUA, Barack Obama, algum dia apareça para conversar com ele sobre guerra e paz no Oriente Médio – e depois resolva continuar o papo numa mesa menos formal, para falarem de ratos e homens. [5] 

Redecastorphoto

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