Entrada de guerrilha xiita no conflito, que deu novo fôlego a Assad, foi decisiva para encorajar Washington a enviar armas a rebeldes
Passados dois anos de guerra civil na Síria, os EUA decidiram armar a oposição insurgente e se dispor a agir no plano militar. Tanto quanto o obscuro saldo de 93 mil mortes e as evidências de ataque do governo sírio com armas químicas, outros três fatores moveram a Casa Branca.
O ingresso do grupo xiita Hezbollah no conflito, a ascensão de outras organizações terroristas nos dois lados da disputa e a presença mais forte do Irã na equação síria tornam a via da negociação cada vez mais complicada.
A reação militar dos EUA começou a ser esboçada e trazida ao público. Na quinta-feira, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca informou ter evidências firmes de uso de armas químicas pelo regime de Bashar Assad. Diante disso, o presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu pelo envio de armas e munições para os rebeldes moderados sírios. A adoção de uma zona de exclusão aérea "limitada" e com base na Jordânia está em estudos, segundo autoridades americanas.
Na semana anterior, porém, os EUA já haviam tomado decisões igualmente relevantes. Enviaram mísseis terra-ar Patriot, caças F-16 e mais de 4 mil soldados para a Jordânia, sob o pretexto de realizar um exercício militar anual. O terreno para a criação da zona de exclusão aérea estaria, em tese, preparado. As dúvidas sobre essa alternativa, porém, ainda se mantêm.
A solução para o conflito é um pesadelo cada vez pior para Obama. No início da semana passada, até mesmo o ex-presidente Bill Clinton, seu aliado, somou-se aos falcões republicanos em favor de uma solução militar. Em outubro, o Departamento de Estado, a CIA e o Pentágono apresentaram à Casa Branca um plano para entrega de armas aos rebeldes sírios, mas Obama o engavetou. As "evidências firmes" de uso de gás sarin pelas forças de Assad provariam que a Síria teria cruzado a "linha vermelha". Obama, que adotara o termo para assinalar o limite de tolerância dos EUA, foi obrigado a se decidir.
Em artigo na Foreign Affairs, o especialista Andrew Tabler afirmou que a Síria estava fraturada em três partes – todas com organizações terroristas em ascensão. As forças de Assad foram revigoradas no oeste pelo Hezbollah, escudado pelo Irã. Nas regiões central e norte, dominadas pelos sunitas, as Brigadas al-Nusra, filiadas à Al-Qaeda, somam-se aos rebeldes. Na área curda, ao norte, atua livremente a milícia do PKK. Para Tabler, o uso de armas químicas colocou a questão síria na "lista de problemas urgentes" da Casa Branca. "O derretimento do Estado sírio está tornando mais poderosos os grupos terroristas e pode, no fim, dar-lhes a liberdade de planejar ataques internacionais, assim como o caos no Afeganistão dos anos 90 deu à Al-Qaeda", afirmou.
Lawrence Korb, especialista em Defesa do Center for American Progress, vê claramente no ingresso de cerca de 5 mil soldados do Hezbollah no conflito sírio a gota d'água para a reação dos EUA. Com a ajuda do grupo xiita libanês, as forças de Assad, eles recuperaram o domínio de Qusair e se preparam para conquistar outros dois bastiões rebeldes – Alepo e Homs.
"Tudo indicava que os rebeldes venceriam até que o Hezbollah entrou no conflito", afirmou Korb. "Assad cruzou a linha vermelha ao usar as armas químicas, mas a mudança real na posição americana foi a presença do Hezbollah no terreno."
DENISE CHRISPIM MARIN , CORRESPONDENTE / WASHINGTON – O Estado de S.Paulo
segunda-feira, 17 de junho de 2013
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Ação do Hezbollah na Síria definiu a posição dos EUA
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