Reuters: EUA atacarão Síria antes do relatório da ONU - Noticia Final

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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Reuters: EUA atacarão Síria antes do relatório da ONU

Mapa político da Síria mostrando os alvos que serão atacados pelos terroristas ocidentais (clique no mapa para visualizar melhor)

Os EUA acusaram o governo sírio de ter atrasado a chegada dos inspetores da ONU ao local do alegado ataque com armas químicas em Damasco. Mas, agora, segundo a Reuters, os EUA parecem estar-se preparando para atacar militarmente a Síria, mesmo antes da conclusão das investigações que estão em andamento e antes de que se conheçam provas que ou confirmem ou desmintam as alegações, até aqui sem qualquer fundamento, dos norte-americanos.

O artigo da Reuters, “Ataque à Síria esperado para os próximos dias, o ocidente informa à oposição: fontes”,diz que:

As potências ocidentais alertaram a oposição síria para que se prepare para ataque às forças do presidente Bashar al-Assad nos próximos dias, segundo fontes que participaram de reuniões entre enviados do ocidente e a Coalizão Nacional Síria em Istambul A oposição foi informada em termos claros de que a ação para impedir que o regime de Assad volte a usar armas químicas pode acontecer dentro de dias, e que a oposição deve preparar-se também para conversas de paz em Genebra – disse uma das fontes que participaram da reunião na 2ª-feira.
Especialistas em armas químicas da ONU visitam hospital onde feridos atingidos por um aparente ataque com gás estão sendo tratados. Subúrbio de Mouadamiya no sudoeste de Damasco, 26 de agosto de 2013.

Como se vê facilmente, ataque desse tipo desconsidera completamente tanto a equipe de inspetores da ONU quanto qualquer prova que venham a obter. A acusação que os EUA fizeram ao governo sírio, de que estaria obstruindo uma investigação que já estava em andamento, e o ataque iminente estão pondo fim, na prática, aos esforços da ONU.

Se, como supõem os EUA, obstruir alguma investigação da ONU implicasse culpa, a verdade bem clara é que os EUA acabam de expor-se como principais suspeitos do que, a cada minuto, mais parece provocação encenada para tentar salvar uma guerra por procuração que os EUA e aliados já perderam absoluta e completamente.

O que significa “ataques limitados”

Antes que os EUA e seus aliados arrastem o mundo para o pântano de outra aventura militar não provocada, que custará milhares, talvez milhões, de vidas, é necessário compreender bem a estratégia mais ampla que se esconde por trás do que os EUA estão chamando de “ataques limitados”.

Praticamente toda a guerra por procuração do ocidente contra a Síria foi planejada em documento da Brookings Institution versus o Irã, em documento de 2009, intitulado “Which Path to Persia?” [Qual o caminho para a Pérsia?]. Aquele documento diz:

(...) será muito preferível se os EUA citarem alguma provocação iraniana como justificativa para o ataque, antes de atacar. Evidentemente, quanto mais terrível, mais mortal, menos provocada a ação iraniana, melhor será para os EUA. Claro, será muito difícil para os EUA empurrar o Irã para tal provocação, sem que o resto do mundo perceba o jogo; e isso reduzirá a eficácia do truque. (Um método que terá alguma possibilidade de sucesso é estimular clandestinamente esforços para mudança de regime, na esperança de que Teerã retalie abertamente, ou semiabertamente, o que, poderá ser apresentado como ato de agressão iraniana não provocado.) [Relatório Brookings Institution’s 2009 “Which Path to Persia?”, pp. 84-85, (em inglês)].

Como se vê, os ocidentais que desejavam naquele momento atacar o Irã (e que hoje atacam a Síria) perceberam perfeitamente a dificuldade para encontrar justificação plausível; e sabiam, como hoje sabem, em que não encontrarão apoio global para um ataque que eles próprios têm tanta dificuldade para justificar, e mesmo que consigam inventar um pretexto razoável.

Artigo recentemente publicado em Slate estima em 9% a proporção de norte-americanos que aprovam o assalto contra a Síria – o que faz dessa nova guerra a mais impopular de toda a história dos EUA.

Mas ao longo do relatório, os estrategistas da Brookings sugerem vários métodos para provocar o Irã, inclusive o projeto de financiar grupos da oposição para que derrubem o governo; meios para paralisar e arruinar a economia nacional; e ajuda financeira a organizações que o Departamento de Estado dos EUA defina como organizações terroristas, para que promovam atentados mortais dentro do Irã.

Seymour Hersh

Na Síria, já foram tentadas cada uma e todas essas opções. E todas falharam, uma depois da outra. Já em 2007, revelou-se que os EUA planejavam armar e financiar terroristas para derrubarem o governo sírio – como revelou o jornalista Seymour Hersh, vencedor do Prêmio Pulitzer, em artigo publicado na revista New Yorker, “O redirecionamento: a nova política oficial beneficia os inimigos dos EUA na guerra ao terrorismo?”.

A partir de 2011, tornou-se cada vez mais claro que os ditos “combatentes da liberdade” na Síria eram de fato terroristas saídos diretamente das fileiras da al-Qaeda, armados, pagos e apoiados de vários modos pela OTAN – exatamente o que Hersh já expusera em sua matéria de 2007.

Apesar desses declarados atos de guerra e ainda que se considerassem como opção ataques unilaterais contra alvos iranianos ou, como agora, contra alvos sírios, os “especialistas” da Brookings indicavam que continuava a haver forte possibilidade de o Irã (e agora, a Síria) não se darem por suficientemente provocados:

Não se pode dar por garantido que o Irã ofereça resposta violenta em resposta a campanha aérea norte-americana, mas nenhum presidente norte-americano deve assumir ingenuamente que os iranianos não o farão. E o relatório prossegue: Contudo, porque muitos líderes iranianos gostariam de emergir dos combates na posição estrategicamente mais valiosa possível, e porque provavelmente calcularão que se apresentarem como vítimas é a melhor forma de alcançarem aquele objetivo, é possível que não respondam com ataques de retaliação. [Relatório “Brookings Institution’s 2009 “Which Path to Persia?”, p. 95, (ing.)].

Tanto o atual governo da Turquia quanto seu parceiro regional, Israel, já atacaram várias vezes a Síria; e em todas essas ocasiões, a Síria teve comportamento de paciência e moderação infinitas.

Foi quando afinal se entendeu que a expressão “ataques limitados” é forma eufemística para dizer “provocações tentadas e mal-sucedidas” para iniciar intencionalmente um conflito mais amplo.

O relatório Brookings refere-se ao Irã, mas é claro que hoje, depois de o ocidente já ter consumido grande parte de seus “trunfos” por procuração e de seus truques de dissimulação e mentira, e se quiser derrubar o governo sírio, o ocidente já se autocondenou a ter de agir sozinho. E é perfeitamente claro que terá de fazê-lo por campanha militar que, fatalmente, terá de ser maior que os hoje anunciados “ataques limitados”.

Além disso, já sabendo que praticamente não há apoio popular algum para guerra alguma, nem contra a Síria nem contra o Irã, os interesses especiais disseminados no ocidente tentam arrastar o mundo para esse conflito letal, falando, primeiro, de algum objetivo relativamente benigno que contariam alcançar, mesmo sem qualquer apoio popular.

Os interesses ocidentais em especial esperam que uma eventual resposta síria e a morte de soldados norte-americanos ou israelenses – o afundamento talvez de um navio norte-americano e, mesmo, a derrubada de vários aviões dos EUA – conseguirão transformar a diminuta proporção de 9% dos que apoiam hoje a consumação do crime premeditado contra a Síria, em estridente coro de vozes de massas no ocidente, que logo começarão a exigir sangue e mais sangue. E, não sendo possível gerar resposta síria violenta, o mesmo resultado pode ser obtido com ataques encenados, apresentados sob falsa autoria [orig. false flag attacks] – como os EUA já fizeram no incidente do Golfo de Tonkin, que deu início à Guerra do Vietnã.
Golfo de Tonkin no Vietnã

Apagar da discussão pública o risco ao qual estão sendo intencionalmente expostos soldados norte-americanos e dos países aliados dos EUA é parte do plano para iniciar uma guerra mais ampla que, sem isso, seria impossível. Assim – servindo-se intensamente de uma mídia-empresa já completamente desfibrada, arrendada, subserviente – os interesses ocidentais especiais esperam conseguir mudar a tendência de populações já cansadas de guerra, inoculando-as, pode-se dizer, com o vírus mortal da “mobilização para defender nossa bandeira”... da qual aqueles mesmos interesses especiais dependem para dar nova energia à sua fracassada aventura no Oriente Médio.

Redecastorphoto

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