Enquanto deixam o Afeganistão, britânicos se perguntam: "Por quê?" - Noticia Final

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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Enquanto deixam o Afeganistão, britânicos se perguntam: "Por quê?"

Tropas britânicas no Afeganistão 

Após vidas perdidas e tesouro esgotado, para que foi tudo isso?

 Esta pergunta está sendo feita em Cabul enquanto as tropas britânicas, assim como seus mais numerosos pares americanos, se preparam para entregar as funções de combate no Afeganistão no ano que vem, após um período que parece ter atingido poucas das metas estabelecidas por seus mestres políticos.

Em março de 2002, o Reino Unido enviou 1.700 soldados para se juntarem às forças americanas no que foi retratado como pouco mais que a erradicação dos remanescentes das forças do Taleban e da Al Qaeda, após a invasão liderada pelos Estados Unidos seis meses antes. A lógica era que, para as ruas do Reino Unido permanecerem seguras, então os refúgios distantes do terrorismo precisavam ser desmontados. Mas aquele envio inicial breve não protegeu o Reino Unido da ameaça mais imediata do terrorismo doméstico. Em 7 de julho de 2005, quatro homens-bomba suicidas mataram a si mesmos e 52 usuários do transporte público de Londres. Nenhum deles tinha laços com o Afeganistão.

Em 2009, o mantra oficial era o mesmo, mas o alcance geográfico foi redefinido. A mudança da missão elevou o número de soldados britânicos para 9.000. As áreas de fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, disse Gordon Brown, o então primeiro-ministro, eram "o cadinho do terrorismo global" ameaçando "as ruas do Reino Unido".

No final de 2013, uma nova estatística entrou nos cálculos de perda: 444 militares britânicos mortos –o número individual mais potente a alimentar o ultraje expressado por muitos dos britânicos quando Hamid Karzai, o presidente do Afeganistão, disse à "BBC" na semana passada que todo o exercício da OTAN foi inútil.

Os anos de combate "causaram ao Afeganistão muito sofrimento e muitas vidas perdidas, mas nenhum ganho, porque o país não está seguro", ele disse, acrescentando: "Eu não fico feliz em dizer que há uma segurança parcial porque não é isso o que estamos buscando. Nós queríamos segurança absoluta e um resultado definitivo na guerra contra o terrorismo."

O cabo Tom Neathway, um britânico que perdeu ambas as pernas e o braço esquerdo para uma armadilha do Taleban cinco anos atrás, disse sobre Karzai: "Eu acho que ele é estúpido em dizer isso. Nós podemos não estar lá pelos motivos certos. Quem sabe?"

Mas comentários como o de Karzai, disse o cabo, fazem um soldado "se perguntar de que lado ele está lutando".

Os ressentimentos vêm de uma longa história de intervenções e invasão que deixaram os exércitos imperiais britânicos ensanguentados de Kandahar, Afeganistão, no século 19, a Kut, Iraque, na Primeira Guerra Mundial. Naquela época como agora, o imperativo de moldar eventos distantes colidiu com resistência.

Mas os precedentes não impediram Tony Blair, como primeiro-ministro, de se juntar aos Estados Unidos como parceiro menor no combate em ambos os países, apenas para descobrir que a história não podia simplesmente ser reescrita quando os invasores se cansaram do combate e quiseram voltar para casa.

O Iraque agora está tomado pela violência sectária mais sangrenta desde os piores momentos da ocupação liderada pelos americanos. O Afeganistão corre o risco de uma guerra interna sangrenta no momento em que as forças ocidentais se retirarem no ano que vem.

Apesar de políticos e generais conspirarem para declarar a campanha como sendo um sucesso, o colunista Simon Tisdall escreveu no jornal "The Guardian": "Os comentários de Karzai são um lembrete salutar de que tudo está longe de bem no Afeganistão –e as coisas podem piorar em breve."

Segundo o site iCasualties.org, 2.287 soldados americanos foram mortos lá desde 2002. As baixas da coalizão são muito menores do que as milhares de mortes de civis levantadas pela ONU, que culpa os insurgentes por três quartos das mortes de não combatentes. Mas o legado supostamente mais preocupante é que o alvo declarado da campanha afegã –o jihadismo– simplesmente se dissipou para se reformar em outros lugares, na Somália, no Iêmen, em refúgios no deserto no Norte da África e nos mais recentes campos de morte da Síria.

Mais preocupante para as autoridades antiterrorismo daqui é que os muitos britânicos que se juntaram ao combate contra o presidente Bashar Assad agora podem voltar para casa, enquanto a guerra afegã termina sem o resultado claro invocado por Karzai.

"A Síria representa uma mudança de jogo muito profunda", disse Charles Farr, que chefia o Escritório de Segurança e Contraterrorismo, "e sua importância ainda está vindo à tona".

O Informante

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