EUA à espera do default: o apocalipse ou uma tempestade num copo de água? - Noticia Final

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terça-feira, 8 de outubro de 2013

EUA à espera do default: o apocalipse ou uma tempestade num copo de água?

O ouro está aumentando de preço e os mercados acionistas estão em queda. O nervosismo dos investidores é compreensível: todos temem que o Congresso dos EUA não chegue a tempo de aumentar o teto da dívida pública. Se essa decisão vital não for aprovada até 17 de outubro, a maior economia mundial poderá entrar num default sem precedentes. Os peritos já falam sobre um futuro “apocalipse econômico” e debatem o futuro que espera o presidente Obama, que era apelidado de “Gorbachev da América”.

Os congressistas norte-americanos ainda não chegaram a um acordo nem acerca da fasquia máxima do endividamento, nem sobre o financiamento das instituições públicas, encerradas já há quase uma semana. Contudo, o presidente da Câmara dos Representantes John Boehner prometeu aos seus colegas não permitir o default dos EUA, mesmo que a lei sobre o aumento da dívida pública não tenha o apoio da maioria dos republicanos. Não foi divulgado como ele tenciona fazer isso, mas se sabe que o presidente Obama já cancelou a sua presença na cúpula da APEC na Indonésia e a visita ao Brunei devido ao problema do orçamento.

O default que ameaça os EUA irá superar, segundo afirmam alguns economistas, a crise de 2008 e resultará numa depressão, a pior desde os tempos da Grande Depressão, que irá provocar uma catástrofe mundial que irá durar décadas. Apesar de o cenário “apocalíptico” para a economia global ser muito pouco provável, considera o analista da holding de investimentos FINAM Anton Soroko.

“A questão do default surge a partir da questão do aumento da fasquia da dívida pública dos EUA. O Estado já aumentou essa fasquia por diversas vezes e nós já assistimos a debates igualmente acesos porque os políticos estadunidenses aproveitam essa questão para forçar a aprovações de outras medidas. Eu neste momento não faria análises de um possível default. O mais provável é os partidos chegarem a um acordo, depois de cedências mútuas, e a fasquia ser levantada.”

A ameaça, porém, ainda não desapareceu. O ponto principal das negociações referidas pelo perito é conhecido: os republicanos exigem que o presidente renuncie à reforma da saúde por ele anunciada, senão eles garantem o default. Eis que o líder norte-americano ficou refém da linha por ele escolhida em política interna. Não é por acaso que alguns politólogos chamaram a Obama o “Gorbachev americano”. Essa comparação surgiu pela primeira vez quando o primeiro presidente negro dos EUA tinha acabado de chegar ao poder. Essa expressão foi repetida com uma convicção ainda maior durante a segunda campanha eleitoral de Obama. Agora os adeptos dessa analogia irão, provavelmente, comprovar definitivamente a sua veracidade. Ambos os líderes de impérios mundiais chegaram ao poder como reformistas, quando os seus países eram impopulares no exterior. Ambos foram obrigados a se dirigirem a dois auditórios: os seus compatriotas, que esperavam melhorias do sistema, e os estrangeiros, convictos que a raiz do mal estava no próprio sistema. Obama, tal como Gorbachev, apostou na política externa, de resto sem grande sucesso.

Ambos os nossos heróis são ainda laureados do Prêmio Nobel da Paz. Só que Mikhail Gorbachev recebeu o Nobel pela derrocada do seu império. Obama, porém, já foi galardoado, mas o seu império ainda está de pé, refere o vice-presidente do Centro de Modelagem do Desenvolvimento Estratégico Grigori Trofimchuk. O que torna a comparação desses dois personagens da política mundial algo inconsistente. Contudo, se o líder americano não dedicar uma maior atenção à política interna, a questão da impugnação poderá perfeitamente surgir na ordem do dia, continua Trofimchuk.

“Como perito, eu comentei isso quando Obama foi eleito para o seu primeiro mandato: que existia a probabilidade de ele vir a ser alvo de uma impugnação. Mas eis que já começou o seu segundo mandato e só agora se vislumbram alguns indícios de algo que poderá, mais tarde ou mais cedo, resultar numa impugnação. Não me parece que quaisquer acontecimentos externos possam ter aí qualquer efeito. Os problemas principais para Obama estão enraizados na própria América, nos próprios projetos que por ele foram anunciados. Se os seus adversários internos se focarem neles, a situação de Obama poderá ficar complicada.”

Apesar de também os adversários do presidente dos EUA pesarem escrupulosamente as suas decisões, sublinha o politólogo. Por mais que os republicanos queiram virar a política interna numa direção que lhes seja favorável, todos entendem que uma desestabilização interna poderá criar problemas aos Estados Unidos por todo o mundo. Assim, o mais provável é Warren Buffett ter razão. O bilionário declarou há dias que os EUA estavam a caminho do ponto “do idiotismo extremo”, mas que não iriam atingi-lo. Essa opinião é apoiada por Hank Paulson, antigo diretor-geral da Goldman Sachs. Ao falar dos republicanos ele brincou: “Esses rapazes podem sequestrar a sua própria mãe, mas nunca a irão machucar”.

Voz da Rússia

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