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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Incursões mostram os limites dos ataques militares americanos

Quatro vans com vidros escuros convergiram para um bairro confortável de Trípoli, enquanto o líder da Al Qaeda na Líbia voltava para casa no sábado, após as orações matinais. Enquanto sua esposa assistia alarmada de uma janela, homens armados com armas com silenciadores, alguns mascarados, outros não, quebraram a janela do carro dele. Em momentos, eles partiram, levando com eles um dos suspeitos de terror mais procurados pelos Estados Unidos.

Mais ou menos ao mesmo tempo, a quase 5.000 quilômetros de distância, comandos altamente treinados da mesma equipe SEAL da Marinha que matou Osama Bin Laden, saíram do mar e invadiram uma casa na Somália para capturar outro homem no topo da lista de alvos americana. Recebidos por uma chuva de balas e depois por um longo tiroteio, eles se retiraram sem sua presa de um país mais conhecido por muitos americanos como o cenário do filme "Falcão Negro em Perigo".

O mais recente capítulo dos esforços do presidente Barack Obama para combater a Al Qaeda e suas afiliadas foi uma história de duas incursões, uma bem-sucedida e a outra não. A captura de Nazih Abdul-Hamed al-Ruqai, mais conhecido como Abu Anas al-Libi, do lado de fora da casa dele em Trípoli, onde vivia abertamente, representou uma vitória há muito buscada pelos Estados Unidos. Mas o fracasso da operação na Somália ressaltou os limites do poder americano, mesmo para uma de suas unidades militares mais capacitadas.

Graças em parte à incursão que matou Bin Laden no Paquistão pela Equipe 6 SEAL em 2011, muitos americanos se acostumaram aos triunfos das Forças Especiais e passaram a vê-las como substitutas para as operações militares em grande escala, que caracterizaram o Iraque e o Afeganistão por tantos anos. Os resultados díspares em dois cantos do Norte da África no fim de semana serviram como lembrete das incertezas e riscos inerentes a qualquer forma de guerra.

Obama, que autorizou ambas as incursões, não fez comentários sobre elas no domingo. Mas funcionários do governo reconheceram que a operação na Somália fracassou.

"Ela não atingiu seu objetivo", disse um funcionário, que insistiu no anonimato para discutir operações sensíveis. "Ela atingiu outras coisas, no sentido de que esse pessoal agora está tentando descobrir o que aconteceu, quem falhou com quem, e há certa quantidade de confusão ali."

Veteranos militares disseram que os resultados contrastantes refletem os desafios do contraterrorismo.

"É difícil pensar em uma missão mais complexa do que a incursão anfíbia em um território inimigo bem protegido", disse o general Carter F. Ham, o chefe aposentado do Comando da África das forças armadas, que notou que não foi informado sobre detalhes da operação.

Apesar de apenas um dos dois alvos ter sido capturado, nenhum americano se feriu.

"A realidade é que não existe algo como 100% de sucesso, exceto no cinema", disse um funcionário da Defesa que pediu para que seu nome não fosse citado. "Foi um dia melhor do que de costume."

As incursões quase que simultâneas ocorreram em um momento em que Obama está tentando retirar as tropas do Afeganistão e afastar a longa guerra ao terror do uso prolífico de ataques com aeronaves não tripuladas que caracterizou sua presidência. As duas operações na costa africana ressaltaram o deslocamento geográfico da ameaça terrorista de seus epicentros no Oriente Médio e Sul da Ásia.

Elas também podem estabelecer outro precedente na luta contra o terror, à medida que os Estados Unidos deixam claro que têm pouca confiança nos serviços de segurança da Líbia.

"Esta parece ser a primeira operação unilateral sob autoridades militares para captura de alguém fora de zonas de guerra ou locais não governados como a Somália", disse Jeremy Bash, que serviu como chefe de gabinete no Pentágono e na CIA sob Obama.

Mas para Washington, a Líbia atualmente é um espaço em grande parte não governado, com a capacidade de seu governo de controlar o país em rápido declínio. Bash, atualmente um diretor administrativo da Beacon Global Strategies em Washington, disse ser possível que parte do governo da Líbia estivesse ciente da operação, apesar dos protestos oficiais no domingo. Mas ele disse: "Nossos interesses nem sempre estão alinhados com os deles, e às vezes nós temos que agir por causa da falta de vontade deles, de capacidade ou ambas".

Funcionários do Departamento de Estado, em particular, argumentaram que essas missões teriam pouco valor estratégico e questionaram se o Al Shabab –o grupo extremista baseado na Somália que supostamente estaria por trás de um ataque a um shopping center em Nairóbi, no Quênia, no mês passado, que resultou na morte de dezenas de pessoas– não era nada mais que um incômodo regional. Até o momento o governo vinha empregando tropas de outros países africanos, treinados por serviços terceirizados americanos, para combater as forças do Al Shabab na Somália. Mas o ataque do mês passado em Nairóbi levou algumas autoridades americanas a reconsiderarem a capacidade do Al Shabab de semear caos além das fronteiras da Somália.

Em termos de relações diplomáticas, a incursão na Somália foi de várias formas a decisão mais fácil.

"Foi menos preocupante a operação na Somália, onde já há essa infraestrutura estabelecida e muita cooperação a respeito do Al Shabab", disse o funcionário do governo. "Na Líbia, com um governo novo e frágil, as preocupações eram diferentes e muito reais. Nós tivemos que pesar os riscos e benefícios de fazer isso com o governo, na situação da segurança para nosso pessoal em solo."

Obama aprovou ambas as operações nas últimas duas semanas, deixando a decisão sobre seu momento exato para as autoridades de segurança, disse o funcionário. Quando ficou claro na semana passada que as janelas de oportunidade para ambas estavam se abrindo, Lisa Monaco, a assessora dele de contraterrorismo, começou a atualizá-lo diariamente e depois várias vezes ao dia sobre o progresso.

O governo também está tentando levar à Justiça os perpetradores do ataque mortal do ano passado ao posto diplomático americano em Benghazi, Líbia, que resultou na morte do embaixador J. Christopher Stevens e três outros.

Alguns críticos apontaram para o fracasso no domingo em fazer isso.

"Se pudemos pegar Al-Libi no domingo, por que não pegamos os agentes de Benghazi?" perguntou o deputado Peter T. King, republicano de Nova York, no programa "Face the Nation" da "CBS News". "Nós sabemos onde eles estão e eles estão quase notoriamente expostos há algum tempo."

O Informante

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