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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Relações sino-japonesas passam o ponto de não-retorno

O Japão acusou a China de violação do direito internacional e da tentativa de alterar unilateralmente a seu favor a situação na Ásia Oriental. Isso é referido na nova estratégia de segurança nacional aprovada a 17 de dezembro pelo conselho de ministros japonês. Simultaneamente Tóquio aprovou os planos para o reforço das Forças Armadas nos próximos 5 e 10 anos e orientados principalmente para uma oposição à China.

Segundo a opinião do conhecido orientalista russo e professor do Instituto de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO) Dmitri Streltsov, a aprovação desses documentos se tornou parte de uma estratégia coerente que tem como objetivo uma definição mais ativa dos interesses geopolíticos japoneses na região:

“Isso teve início com a formação do gabinete de Shinzo Abe no fim do ano passado, mas, na minha opinião, no verão ou no outono deste ano foi ultrapassado o ponto de não retorno: a componente militar começou a dominar abertamente nas restantes componentes da política de segurança japonesa. Isso também está associado à dinamização da construção militar, especialmente na sua componente naval. Também é importante o início da criação pelos japoneses de forças de mísseis especialmente desenhado para o conflito das ilhas Senkaku. Todas estas decisões são muito sérias do ponto de vista técnico e técnico-militar e irão inclusivamente influenciar as políticas. É difícil dizer se elas têm fundamento, mas a sua lógica comum é a contenção da China. Em 2013 Tóquio deu a entender abertamente que não recuará perante a necessidade de tomar medidas mais duras, incluindo uma resposta militar em caso de desembarque dos chineses nas Senkaku.”

Streltsov considera que ambos os lados foram longe demais na sua disputa. Contudo, nem os japoneses, nem os chineses, estão interessados em evoluir para um confronto militar direto. Claro que os diplomatas irão procurar uma saída da atual situação através de um diálogo de bastidores e pela conclusão de acordos informais, de forma a não permitir uma evolução da atual disputa para um conflito militar.

Ao definir as suas relações com a China, os políticos e diplomatas japoneses terão de ter em consideração a situação que se vive nesse país, refere o perito sinólogo russo Vladimir Korsun:

“Atualmente na blogosfera e na imprensa amarela da China há muitas discussões sobre o alargamento do seu espaço vital, sobre as culpas do Ocidente perante a China e sobre o dever de a China se dedicar a uma distribuição justa dos recursos mundiais. Esse tipo de apelos também é difundido por autores mais sérios. Uma grande parte das afirmações mais violentas é referente ao Japão. Não apenas devido às ilhas Senkaku. Hoje o Japão não é apenas criticado pelo seu comportamento em política externa, pela intensão de rever a sua Constituição ou pela sua estratégia de defesa e luta pelo direito à defesa coletiva. Essa crítica também atinge os aspetos internos da política japonesa. Na China foi publicado, por exemplo, o livro “Quem Controla o Japão”, que agora está sendo divulgado por todos os jornais na interpretação da agência de notícias Xinhua (Nova China). Nele se explica ao leitor chinês que o regime no Japão é instável e que possui traços do feudalismo. Em alguns aspetos o Japão não se terá afastado muito da Coreia do Norte porque é controlado por cinco famílias, tem institucionalizado e estatuto de deputado vitalício, a maioria dos altos dignitários políticos foram formados por uma única universidade, Todai, e existe uma grande quantidade de dinastias.”

Esse tipo de manipulação da opinião pública na China está dando os seus frutos, diz Korsun. Se visitarmos o restaurante Mao Tsé-Tung, que tem hoje uma grande popularidade, situado na parte leste de Pequim, podemos observar como, depois de meia hora de consumo de bebidas alcoólicas e do visionamento de algum programa anti-japonês, os simpáticos, bem formados e educados chineses saltam para cima das mesas com gritos de “Bombardear Tóquio!” e “Matar os japoneses!”.

Infelizmente, diz Korsun, o Japão é o próprio a dar motivos frequentes para inflamar os sentimentos anti-japoneses na China. Nomeadamente, recorda o perito, foi muito mal escolhido o momento para a nacionalização das ilhas Senkaku. Contudo, o Japão não pensa assim.

Voz da Rússia

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