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terça-feira, 22 de julho de 2014

Visita de Pútin à América Latina carrega vários significados


Durante a sua visita ao Brasil, Pútin também se reuniu com os presidentes de 11 países da América do Sul – Foto: Reuters
“Pode se dizer que foi um luxo, num momento em que às portas da Rússia se desenrola uma grave crise. No entanto, essa visita é agora mais atual do que nunca”, disse o diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Vladímir Davidov.
Ao terminar na quarta-feira a visita de seis dias à América Latina, o presidente Vladímir Pútin disse que a Rússia tem que “restaurar a sua presença nesta região extremamente interessante e muito promissora do mundo”. Neste sentido, a visita do líder russo é prova da consciencialização por parte da Rússia sobre a importância cada vez maior da porção latino-americana do continente na economia e política globais.
“O fato de Vladímir Pútin ter conseguido dedicar uma semana inteira à visita a uma região é bastante demonstrativo”, disse o diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Vladímir Davidov.
“Pode se dizer que foi um luxo, num momento em que às portas da Rússia se desenrola uma grave crise. No entanto, essa visita é agora mais atual do que nunca. No pano de fundo do Ocidente tentando empurrar a Rússia para a ‘armadilha ucraniana’, ela demonstrou que pode facilmente fazer regressar os antigos aliados e adquirir novos”.
Esta visita mostrou que a Rússia e a América Latina precisam uma da outra. A Rússia perdoou 90% da dívida cubana, remanescente ainda dos tempos soviéticos, no montante de US$ 31,7 bilhões de dólares. Os restantes 10% serão pagos ao longo de dez anos e reinvestidos na economia do país. Empresas russas se juntarão aostrabalhos de exploração na plataforma cubana, à construção de uma usina hidrelétrica e de um centro de transportes, sendo que também irão participar da modernização do porto e da criação de uma zona econômica especial.
Na Nicarágua, onde Pútin fez uma visita não anunciada, foram analisadas as perspectivas de cooperação multilateral com Moscou. O presidente Daniel Ortega não exagerou em adjetivar de “histórica” a visita relâmpago do homólogo russo.
Pútin prometeu a Ortega considerar a questão do fornecimento de trigo por parte da Rússia “para atender às necessidades de primeira ordem”. Além disso, a Rússia vai fornecer à Nicarágua equipamentos agrícolas, com a respectiva base de manutenção e conserto, e talvez coloque no território daquele país estações terrestres do sistema Glonass. Mas o mais importante é que vai ajudar na construção do grande canal interoceânico que pretende ser uma alternativa ao canal do Panamá.
Parceiros Estratégicos
Os encontros do presidente da Rússia com as líderes da Argentina e do Brasil tiveram uma abrangência mais ampla. Segundo Pútin, a Argentina de hoje é um dos principais parceiros da Rússia na América Latina.
“Os nossos países assumem posições semelhantes sobre as principais questões internacionais, defendem o princípio de um mundo multipolar, de igualdade de direitos, de respeito mútuo e da indivisibilidade da segurança”, disse o líder russo em Buenos Aires. A presidente Cristina Kirchner foi uma das poucas líderes mundiais a mostrar solidariedade com a Rússia relativamente à questão da Crimeia. Ela repreendeu publicamente o Ocidente por recorrer a padrões duplos de avaliação para os referendos na Crimeia e nas Ilhas Malvinas.
Nas negociações em Buenos Aires foram discutidos projetos conjuntos no ramo das energias, transportes, aviação civil, no uso do Espaço exterior para fins pacíficos e em projetos conjuntos na área da saúde. Acordos intergovernamentais foram assinados no domínio da energia nuclear e da jurisprudência, bem como um convênio interinstitucional no campo da comunicação de massa.
A agenda brasileira, para além da passagem do bastão para a Rússia realizar a Copa do Mundo em 2018 e da participação nos dois dias da cúpula do Brics, esteve também repleta com questões do foro econômico: foi assinado um conjunto de documentos na área das energias, aviação, cooperação técnico-militar, alfândega, bem como um memorando sobre a colocação de estações do sistema Glonass.
No entanto, o estado do comércio russo-brasileiro mereceu uma chamada de atenção de ambos os presidentes, embora, em termos de volume, ele esteja à frente das trocas comerciais da Rússia com os outros países da região: as empresas russas ainda são muito pouco conhecidas no Brasil e as exportações, assim como as importações, são pouco diversificadas. Por fim, permanecem vulneráveis as áreas do sistema de pagamentos mútuos, dos investimentos e de cooperação técnico-científica.
Durante a sua visita ao Brasil, Pútin também se reuniu com os presidentes de 11 países da América do Sul. Com três deles, os líderes da Venezuela, Uruguai e Bolívia –Nicolas Maduro, José Mujica e Evo Morales, respetivamente– o presidente da Rússia manteve conversações bilaterais. Os resultados desses encontros mais uma vez confirmaram que a Rússia e a América Latina estão extremamente interessadas em reforçar a cooperação entre os seus países.

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