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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Proposta de excluir rublo do comércio internacional é “extremamente perigosa”

rublo, finanças, sanções, Russia, UE

O vice-presidente do Parlamento Europeu, Ryszard Czarnecki, do partido conservador polonês Direito e Justiça, propôs elaborar sanções preventivas contra os setores-chave da economia russa e excluir o rublo da circulação das divisas internacionais convertíveis.

Charles Sannat, professor de economia e diretor e estudos econômicos aucoffre.com, jornalista no periódico francês Contrarier Matin comenta a influência que tal medida poderia exercer sobre a política e a economia mundial.
– A exclusão do rublo é realmente possível?
– Eu acho que sim. É possível excluir uma divisa do sistema monetário internacional. Hoje, nós temos duas principais divisas utilizadas no comércio mundial. São o dólar, que representa mais de 60% das transações, e o euro, que representa 20-30% das transações. Portanto, com essas duas divisas, nós temos 80-90% das transações do comércio internacional.
O rublo, como o yuan chinês, ocupa hoje uma posição marginal no comércio mundial. Por isso, excluir uma divisa qualquer seria enviar um sinal muito mau à comunidade internacional, porque isso mostra bem as retorções econômicas que podem ocorrer em um país. E é evidente que isso seria um sinal totalmente desastroso enviado à Rússia, que pode perceber isso como uma forma de agressão econômica muito forte. E é isso que é pesquisado atualmente, eles buscam provocar a reação da administração de Vladimir Putin em relação à comunidade internacional. Eu acho que essas declarações são extremamente perigosas e que seria uma ideia muito má de começar uma guerra econômica contra a Rússia. A Europa ocidental e a Rússia têm todo o interesse de trabalhar em conjunto.
As sanções atuais contra a Rússia mostram que os países ocidentais podem utilizar a força econômica para danificar certos parceiros. Evidentemente, é uma mensagem catastrófica no contexto de globalização. De um lado, a gente quer a mundialização e a globalização, o desenvolvimento do comércio internacional, a gente cria instâncias como a OMC etc. A gente quer que todos os países sejam integrados no comércio mundial, e do outro lado, a gente exclui do comércio mundial um país como a Rússia, fechando os seus haveres estrangeiros, implementando embargos e ameaçando, agora, de excluir a moeda da Rússia. É evidente que na China isso pode aumentar o grau de não confiança aos países ocidentais. Isto ameaça fundamentalmente a mundialização tal como ela foi concebida. Excluir a Rússia e a China gerará uma tensão muito forte e eu acho que todos têm o interesse de negociar e achar um consenso, talvez imperfeito, mas melhor do que lançar operações quase militares, mesmo no plano econômico.
– Por que o vice-presidente teria proposto isso? São ameaças diretas?
– Por agora, eu acho, é um balão de ensaio, e não ameaças diretas. A gente lança uma ideia, a gente vê como essa ideia é recebida e percebida. Isso permite promover aos poucos a ideia da exclusão do rublo do comércio internacional na opinião pública. E eu não acredito que é algo que pode ser realizado em curto prazo.
O vice-presidente do Parlamento Europeu o teria proposto simplesmente porque os membros deste parlamento são extremamente atlantistas, eles são alinhados totalmente com os interesses norte-americanos . O Parlamento Europeu não é mais uma instituição que se posiciona em função dos interesses dos povos europeus, mas sim em função dos interesses da parceria estratégica estreita com Washington.
Esta história das sanções contra a Rússia revela a perda da ideia europeia porque hoje em dia a Europa é até pronta a ir contra os seus interesses para agradar a Washington. As instituições europeias estão de fato às ordens dos norte-americanos, porque a fragilidade de diferentes países da zona do euro não os permite se libertar da política de Washington. Olhando a dívida de um país como a França, com as dificuldades econômicas e o déficit orçamentário que se acumulam, a única maneira de evitar os ataques das finanças anglo-saxões é de obedecer a uma Casa Branca. A dívida francesa não é atacada porque a França se alinha fundamentalmente com os interesses norte-americanos.

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