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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Guerra chega ao Canadá

Canadá, guerra, Estado Islâmico

O Canadá ouviu e sentiu esta semana bem perto os ecos da guerra contra os radicais islâmicos que o país decidiu travar ao lado dos Estados Unidos com métodos especiais, estadunidenses, a milhares de quilômetros da terra natal.

Na segunda-feira, na pequena vila de Saint-Jean-sur-Richelieu, um islamita local atropelou dois soldados, tendo um deles falecido. Na quarta-feira, um terrorista abateu a tiro um soldado da guarda de honra do memorial militar na pacata capital de Ottawa, em seguida se dirigiu para o parlamento, onde começou a disparar, mas onde ele próprio terá sido abatido. Nunca tinha acontecido nada de semelhante durante a história moderna do Canadá.
O Canadá mal começou recuperando do estado de choque quando se começaram descobrindo pormenores desconcertantes. Tanto primeiro, como o segundo radicais não eram de todo assassinos enviados a partir do Oriente Médio, mas canadenses a cem por cento. Tanto Michael Zehaf-Bibeau, 32, autor do tiroteio em Ottawa, como o seu compatriota Martin Rouleau-Couture, 25, nasceram, estudaram e trabalhavam no Canadá. Apenas o pai de Zehaf-Bibeau era originário da Argélia.
Eles se converteram ao Islã em 2013 e desde essa altura tentaram viajar para o Iraque ou para a Síria para apoiar seus irmãos do Estado Islâmico. Eles se conheciam e visitavam as páginas um do outro, assim como os portais islamitas radicais. Ambos estavam referenciados pelos serviços secretos nacionais como elementos radicais e a ambos haviam sido recusados passaportes para viajarem para o Oriente Médio. Segundo a polícia, no Canadá há neste momento cerca de 90 pessoas nessas condições. Outros cerca de 400 muçulmanos canadenses estão, mesmo assim, combatendo pelo Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
A totalidade das circunstâncias da tragédia de Ottawa ainda terá de ser apurada, a polícia e os serviços de segurança ainda terão de responder a muitas questões desagradáveis: como pode um terrorista primeiro abater a guarda ao monumento, posteriormente entrar em seu carro e ir até ao parlamento, entrar em um edifício protegido e começar aí um tiroteio?
O premiê do Canadá Stephen Harper prometeu se ocupar disso tudo:
“Nos próximos dias iremos esclarecer se os terroristas tinham cúmplices. Mas os acontecimentos desta semana foram um triste aviso de que o Canadá não possui imunidade a atentados terroristas, que até agora só observávamos fora do país. Esses atentados contra as nossas forças de segurança e instituições governativas são, pela sua natureza, um ataque contra todo o nosso país.”
Devemos dizer que algo de semelhante à tragédia canadense foi sentido em maio do ano passado pelo Reino Unido, quando dois islamitas nigerianos, ambos cidadãos britânicos, cortaram literalmente em pedaços com facas, em Londres, o jovem soldado Lee Rigby. Nessa altura o Reino Unido sancionou a revisão do estatuto de muitas organizações sociais e associações de beneficência islâmicas.
Muitos jornais já colocam veladamente algumas perguntas razoáveis: a tolerância política canadense não será demasiado permissiva? Não será ela demasiado cômoda para a infiltração de ideias extremistas? Será eficaz combater o terrorismo de forma separada, apenas dentro do universo anglo-saxônico, ou será melhor criar alianças também com outros países? Digamos, desde a Rússia e mesmo até à Síria?
Depois da tragédia no Canadá, o Ocidente deveria compreender que já se deixou levar demasiado pelos sermões pregados aos outros países: como eles devem viver, como devem garantir sua segurança, a quem eles devem considerar como inimigos e a quem como amigos, se esquecendo da segurança em sua própria casa, diz o tenente-general na reserva do Serviço de Inteligência Exterior (SVR) da Rússia Leonid Reshetnikov. As ações pouco profissionais e mal concebidas dos EUA no Oriente Médio resultaram numa radicalização do Islã e na criação de fato de uma “quinta coluna” islamita nos países que apoiam cegamente Washington.
Num mundo moderno e aberto é impossível vencer completamente o terrorismo, considera o professor da Universidade de Moscou Alexei Fenenko. Para isso será necessário alterar a nossa civilização de tal forma que resulte “um medicamento com veneno”. Só se pode reduzir a ameaça conjugando os esforços. A primeira coisa a fazer deveria ser privar o terrorismo internacional da sua base financeira, a qual circula através dos bancos ocidentais, recorda Fenenko.
Muitos peritos russos referem que, no contexto dos últimos acontecimentos trágicos do Canadá, parecem absurdas as declarações do presidente dos EUA Barack Obama de que as principais ameaças à estabilidade e segurança internacionais são o vírus ebola, a Rússia e, apenas em terceiro lugar, os terroristas do Estado Islâmico.

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