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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Militares aposentados dos EUA enriqueceram nos Bálcãs

Militares do exército dos EUA, diplomatas e ex-agentes de inteligência aposentados ganharam somas enormes treinando e armando aqueles que, nos tempos dos conflitos nos Bálcãs nos anos 90, conduziram a guerra contra os sérvios.
Militares aposentados dos EUA enriqueceram nos Bálcãs
A empresa privada Military Professional Resources (MPRI) foi a mão direita do Pentágono em todas as guerras nos Balcãs — da Croácia ao Kosovo. Nesta região do sul da Sérvia, que unilateralmente proclamou sua independência em 2008, os funcionários da MPRI continuam trabalhando até hoje: eles treinam os combatentes do futuro Exército do Kosovo.

A MPRI foi criada em 1987 por oito antigos oficiais das Forças Armadas dos EUA. O presidente e fundador da impressa é o general aposentado Bantz J. Craddock, que trabalhou no Pentágono. A empresa é composta por cerca de 340 antigos generais americanos, agentes da inteligência e diplomatas de carreira. Segundo o que foi divulgado, a MPRI tem ao seu serviço 800 agentes permanentes e 12.500 especialistas eventuais.
O Pentágono contratou pela primeira vez essa empresa para trabalhar nos Bálcãs quando foi necessário preparar o exército croata para a Operação Tempestade (efetuada no verão de 1995). A operação militar resultou na destruição da autoproclamada República Sérvia de Krajina, que foi criada na Croácia em 1991 pela minoria sérvia que não queria que o país saísse da Iugoslávia e descontente com a linha de Zagreb de descriminação dos direitos do povo “não titular”.
A Operação Tempestade levou 2 milhares de vidas, além disso, 250 mil residentes sérvios tiveram de fugir — principalmente para a Sérvia.  Mas os militares americanos beneficiaram dessa operação, ganhando 50 milhões de dólares — foi esse o preço pagou o Departamento de Defesa dos EUA pelos seus serviços.
O campo de treinos estava localizado perto da cidade de Zadar, o major-general Richard Griffiths, veterano da guerra do Vietnã, foi quem dirigiu essa operação. O fato que a MPRI participou dessa atividade foi revelado mais tarde, quando alguns sérvios da Krajina apresentaram queixa contra a empresa na Corte norte-americana. A Corte recusou investigar a acusação de genocídio e as partes resolveram o conflito só após a MPRI ter pago uma indemnização pelos prejuízos materiais causados.
Mas regressemos aos anos 90. Na guerra da Bósnia, os funcionários da MPRI ajudaram os muçulmanos. Ao terminar esse trabalho, eles receberam duas vezes mais do que na Croácia (100 milhões de dólares). Além de realizar treinamentos, a inteligência dos EUA fornecia armamento aos militares bósnios. O fato de vigorar um embargo introduzido pela ONU, que proibia o fornecimento de armas a qualquer das partes em conflito, não os afetava.
Após a assinatura do Quadro Geral para a Paz na Bósnia e Herzegovina (também conhecido como o Acordo de Dayton) e a paz ter sido estabelecida na Bósnia, os militares da MPRI não ficaram aborrecidos sem fazer nada por muito tempo: o Pentágono os enviou para o Kosovo, no que foi ajudado em grande parte por Agim Ceku, influente ativista albano-kosovar e um dos líderes da organização terrorista Exército de Libertação de Kosovo (KLA, Kosovo Liberation Army) que é, ao mesmo tempo, general croata. Ceku conhecia as capacidades dos “velhos” militares americanos, pois se graduou pela Academia Militar de Belgrado e serviu como capitão do exército popular da Iugoslávia até 1991. Mas quando rebentou a guerra nos Bálcãs, ele se mudou para o exército croata e participou da tal Operação Tempestade. Em maio de 1999, ele foi destacado para o KLA e se tornou chefe do estado-maior dessa organização.
Em dois anos no Kosovo, os militares da MPRI ganharam cerca de 200 milhões de dólares. Em 1999, após o fim dos bombardeios da Iugoslávia pela OTAN, a MPRI se dissimulou, preparando os albanos para o ataque contra a Macedônia em 2001. Samedin Dzezairi, o “comandante Hodza”, foi nomeado o líder. Samedin Dzezairi é cidadão da Áustria, mas nasceu na Albânia. Durante a guerra do Kosovo, ele combateu no KLA. Entretanto, ele conheceu Bantz J. Craddock ainda durante as guerras do Afeganistão e da Chechênia.
Em 2002, foi vazada informação que Dzezairi foi incumbido de uma missão mais séria do que a “simples” captura de territórios macedônios a favor dos separatistas albanos. O comandante Hodza devia criar condições para formação de uma “filial” da Al-Qaeda nos Bálcãs no triângulo Sérvia-Kosovo-Macedônia. O plano não conseguiu ser realizado e os militares da MPRI abandonaram a região, mantendo contatos com Kosovo através de Philip Goldberg, que serviu como chefe da missão americana em Pristina desde 2004 até 2006.
Goldberg desempenhou um papel importante no desmoronamento da Iugoslávia. De 1994 a 1996, ele era o responsável pelos assuntos bósnios no Departamento de Estado, colaborou de perto com o enviado especial dos EUA, Richard Holbrooke, e teve papel importante nas negociações sobre a Bósnia realizadas em Dayton.
Em 1996, Goldberg trabalhou como assistente do secretário de Estado adjunto, Strobe Talbott, que em conjunto com sua chefe, Madeleine Albright, desempenhou um papel importante nos bombardeios da Iugoslávia. Seu colega mais próximo era o alto funcionário do Departamento de Estado James B. Foley, que dois meses depois do ataque da OTAN contra a Iugoslávia apelou aos terroristas do KLA para “se transformarem” em uma organização política.
E o que aconteceu com a MPRI? Ela recebeu muito dinheiro pelos seus êxitos nos Bálcãs tanto do Pentágono, como de fundos privados, possivelmente ligados à família Clinton.
Os membros da MPRI continuam participando ativamente na vida do Kosovo — eles estão treinando as forças de segurança locais para se transformarem em um exército regular. O orçamento do exército do Kosovo é de 43 milhões de euros, mas, conforme planejado, a cada ano ele deve aumentar em quatro milhões. Os meios provêm do orçamento norte-americano e são canalizados para o exército dessa região sérvia através da MPRI, sendo gastos com formação e treinamento dos militares. Segundo a boa tradição, os membros da MPRI fazem parte desse processo de treinamento. Será que vale mencionar que os “velhos bandidos” nunca foram convocados por tribunais na qualidade de testemunhas de crimes contra a população sérvia dos Bálcãs e que o Pentágono rejeita mesmo ter quaisquer relações com essa “empresa”?
gz.diarioliberdade.org

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