Estará o império americano à beira do colapso? - Noticia Final

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quarta-feira, 26 de abril de 2017

Estará o império americano à beira do colapso?

De todos os inimigos das liberdades públicas a guerra é, talvez, o mais temível porque inclui e desenvolve o germe de todos os outros. A guerra é o pai de exércitos; destes originam-se dívidas e impostos… instrumentos conhecidos para submeter os muitos à dominação dos poucos… Nenhuma nação poderia preservar sua liberdade em meio à guerra contínua. 
– James Madison
Cuidado com os cães de guerra 
Estará o império americano à beira do colapso?

Travar guerras sem fim no estrangeiro (no Iraque, Afeganistão, Paquistão e agora Síria) não torna a América – ou o resto do mundo – mais seguros, certamente não está a fazer a América grande outra vez e está inegavelmente a afundar os EUA ainda mais profundamente na dívida.
De facto, é admirável que a economia ainda não tenha entrado em colapso.

Na verdade, mesmo se puséssemos fim a toda intrusão dos militares e trouxéssemos hoje todas as tropas de volta para casa, levaria décadas para pagar o preço destas guerras e afastar os credores do governo das nossas costas. Mesmo assim, os gastos do governo teriam de ser cortados dramaticamente e os impostos agravados.
Faça as contas.
O governo tem US$19 milhões de milhões (trillion) de dívida: Os gastos de guerra aumentaram a dívida do país. A dívida agora excedeu uns estarrecedores 19 milhões de milhões e está a crescer a uma taxa alarmante de US$35 milhões/hora e US$2 mil milhões a cada 24 horas . Mas enquanto os empreiteiros da defesa estão a ficar mais ricos do que nos seus sonhos mais loucos, nós estamos empenhados a países estrangeiros tais como o Japão e a China (nossos dois maiores credores estrangeiros em US$1,13 e US$1,13 milhões de milhões, respectivamente).
O orçamento anual do Pentágono consome quase 100% da receita do imposto sobre o rendimento individual . Se há qualquer regra absoluta pela qual o governo federal parece operar é de que o contribuinte americano sempre é espoliado, especialmente quando chega o momento de pagar a conta da tentativas da América de policiar o mundo. Tendo sido cooptados pela cobiça dos empreiteiros da defesa, de políticos corruptos e de responsáveis incompetentes do governo, a expansão militar do império americano está a sangrar o país a uma taxa de mais de US$57 milhões por hora .
O governo gastou US$4,8 milhões de milhões em guerras no exterior desde o 11/Set, com US$7,9 milhões de milhões em juros: Trata-se de uma carga fiscal de mais de US$16 mil por americano. Quase um quarto dessa dívida foi incorrido em consequência das guerras no Iraque, Afeganistão, Paquistão e Síria. Durante os últimos 16 anos, estas guerras têm sido pagas quase inteiramente pela contracção de empréstimos junto a países estrangeiros e ao Tesouro dos EUA. Como destaca o Atlantic, estamos a combater o terrorismo com um cartão de crédito . Segundo o Watson Institute for Public Affairs da Brown University, os pagamentos de juros sobre o que já tomámos emprestado para estas guerras fracassadas podiam totalizar mais de US$7,9 milhões de milhões em 2053 .
O governo perdeu mais de US$160 mil milhões devido ao desperdício e à fraude por parte dos militares e empreiteiros da defesa: Com empreiteiros pagos frequentemente superando em número as tropas alistadas para combate, o esforço de guerra americano alcunhado como “coligação da vontade” evoluiu rapidamente para a “coligação da facturação”, com contribuintes americanos forçados a pagar milhares de milhões de dólares para subornos em cash, bases de luxo, uma auto-estrada para lugar nenhum, equipamento defeituoso, salários para os chamados “soldados fantasmas” e sobrepreços em tudo e mais alguma coisa associada ao esforço de guerra, incluindo um assento de vaso sanitário de US$640 e uma máquina de café de US$7600 .
Contribuintes estão a ser forçados a pagar US$1,4 milhão por hora para fornecer armas estado-unidenses a países que não podem arcar com a despesa de adquiri-las. Como informa a Mother Jones, o programa de Financiamento Militar Estrangeiro do Pentágono “abre o caminho para o governo dos EUA pagar por armas para outros países – só para”promover a paz mundial”, naturalmente – utilizando os seus dólares fiscais, os quais são então reciclados para as mãos das corporações do complexo militar-industrial.
O governo dos EUA gasta mais em guerras (e ocupações militares) no estrangeiro a cada ano do que todos os 50 estados somados gastam em saúde, educação, bem-estar e segurança. De facto, os EUA gastam mais com os seus militares do que os oito países com mais altos gastos de defesa somados . O alcance do império militar da América inclui cerca de 800 bases em até 160 países , operadas a um custo de anual de mais de US$156 mil milhões. O jornalista de investigação David Vine relata: “Mesmo resorts e áreas recreativas em lugares como os Alpes Bávaros e Seul, Coreia do Sul, são bases do mesmo tipo. A nível mundial, os militares dirigem mais de 170 campos de golfe .
Agora o presidente Trump quer aumentar o gasto militar em US$54 mil milhões.Prometendo “um aumento histórico no gasto de defesa para reconstruir os esgotados militares dos Estados Unidos”, Trump deixou claro onde estão suas prioridade – e não são os contribuintes americanos. Como informa The Nation, “Num planeta onde os americanos representam 4,34 por cento da população, os gastos militares são responsáveis por 37 por cento do total global .
Acrescente-se o custo de travar a guerra na Síria (com ou sem aprovação do Congresso) e o fardo sobre os contribuintes subirá a mais de US$11,5 milhões por dia . Ironicamente, enquanto candidato presidencial Trump opôs-se veementemente a que os EUA utilizassem força na Síria , bem como a abrigar refugiados sírios dentro dos EUA. Mas ele não teve problemas em retaliar contra o presidente sírio Bashar al-Assad em nome de crianças sírias mortas num ataque químico. O custo do lançamento dos 59 mísseis Tomahawk contra a Síria? Estima-se que só os mísseis custam US$60 milhões. Veja bem, este é o mesmo homem que, enquanto fazia campanha para a presidência, advertia que combater a Síria assinalaria o arranque da III Guerra Mundial contra uma unidade síria, russa e iraniana. Os preços do petróleo já começaram a subir pois os investidores antecipam uma extensão do conflito.
Claramente, a guerra tornou-se uma enorme máquina de fazer dinheiro e o governo dos EUA, com o seu vasto império, é um dos seus melhores compradores e vendedores.
Mas o que a maior parte dos americanos – com os cérebros lavados e acreditando que patriotismo significa apoiar a máquina de guerra – deixa de reconhecer que estas guerras em curso têm pouco a ver com a manutenção da segurança do país e tudo a ver com o enriquecimento do complexo militar-industrial a expensas do contribuinte.
A argumentação pode continuar a mudar para explicar porque forças militares americanas estão no Afeganistão, Iraque, Paquistão e agora Síria. Contudo, o que permanece constante é que quem dirige o governo – incluindo o actual presidente – está a alimentar o apetite do complexo militar-industrial e a engordar as contas bancárias dos seus investidores.
Um bom exemplo: o presidente Trump planeia “reforçar” gastos militares enquanto corta fundos para o ambiente, protecções de direitos civis, artes, negócios possuídos por minorias, emissoras públicas de rádio e TV, a Amtrak (ferrovia), aeroportos rurais e rodovias inter-estaduais .
Por outras palavras: a fim de financiar este florescente império militar que policia o globo, o governo estado-unidense está preparado para levar a nação à bancarrota, sacrificar nossos soldados, aumentar as probabilidade de terrorismo e de ricochetes internos – e de empurrar o país muito mais para perto de um colapso final.
Claramente, nossas prioridades nacionais estão numa necessidade desesperada de revisão geral .
Como pergunta o repórter Steve Lopez do Los Angeles Times:
Por que lançar dinheiro na defesa quando tudo está em derrocada em torno de nós? Precisamos nós gastar mais dinheiro com nossos militar (cerca de US$600 mil milhões este ano) do que os sete países seguintes somados? Preciamos nós de 1,4 milhão de pessoal militar activo e 850 mil reservas quando o número de inimigos no momento – ISIS – não passa de dezenas de milhares? Neste caso, parece que há algo radicalmente errado com a nossa estratégia. Deveriam 55% dos gastos discricionários do governo federal ir para os militares e apenas 3% para transportes quando o número de vítimas americanas é muito maior devido à infraestrutura caduca do que ao terrorismo? Será que a Califórnia precisa tantas bases militares activas (31, segundo militarybases.com) quando ela tem campuses de universidades estaduais (33)? E será que o estado precisa de mais pessoal militar no activo (168 mil segundo a revista Governing ) do que professores em escolas públicas elementares (139 mil)?
Obviamente, há muito melhores utilizações para os fundos dos contribuintes do que os milhões de milhões de dólares que são desperdiçados na guerra. O que se segue são apenas algumas das formas como esses dólares poderiam ser utilizados:
Na medida em que “nós o povo” continuamos a permitir ao governo travar suas custosas, absurdas e infindáveis guerras no exterior, a terra americana continuará a sofrer: nossas estradas se esfarelarão, nossas pontes cairão, nossas escolas cairão em decadência, nossa água de beber se tornará imbebível, nossas comunidades se desestabilizarão e o crime ascenderá.
Aqui está o problema: se a economia americana entrar em colapso – e com ela os últimos vestígios da nossa república constitucional – será o governo e seus orçamentos de guerra de milhões de milhões de dólares que deverão ser culpados.
Naturalmente, o governo já antecipou esta ruptura.
Eis porque o governo transformou a América numa zona de guerra, transformou a nação num estado vigiado e classificou “nós o povo” como combatentes inimigos.
Durante anos o governo actuou com os militares na preparação para o tumulto civil generalizado provocado pelo “colapso económico, ruína do funcionamento da ordem política e legal , deliberada resistência ou insurgência interna, emergências de saúde pública difusas e desastre catastróficos naturais e humanos”.
Tendo gasto mais de meio século a exportar guerra para terras estrangeiras, a aproveitarem-se da guerra e a criarem uma economia nacional aparentemente dependente dos despojos de guerra, os falcões há muito que orientaram sobre nós seus apetites conduzidos pelo lucro, trazendo para casa os materiais de guerra – tanques militares, lançadores de granadas, capacetes Kevlar, rifles de assalto, máscaras de gás, munições, aríetes, binóculos de visão nocturna, etc – e entregando-os à polícia local, transformando assim a América num campo de batalha.
É assim que a polícia estatal vence e “nós o povo” perdemos.
Contudo, como finalmente deixo claro no meu livro Battlefield America: The War on the American People , todo império militar fracassa.
No máximo do seu poder, mesmo o poderoso Império Romano não podia confrontar-se com uma economia em colapso e militares florescentes. Períodos prolongados de guerra e falsa prosperidade económica levam geralmente à sua morte. O historiador Chalmers Johnson prevê:
O destino dos impérios democráticos anteriores sugere que um tal conflito é insustentável e será resolvido em um de dois modos. Roma tentou manter seu império e perdeu sua democracia . A Grã-Bretanha optou por permanecer democrática e no processo deixou ir-se o seu império. Intencionalmente ou não, o povo dos Estados Unidos já está embarcado na rota do império não democrático.
Isto é a “influência injustificável, desejada ou não, do complexo militar-industrial” de que o presidente Dwight Eisenhower nos advertia há mais de 50 anos a fim de não deixar perigar nossas liberdades ou processos democrático. Eisenhower, que foi o Comandante Supremo das Forças Aliadas na Europa durante a II Guerra Mundial, estava alarmado com a ascensão da máquina de guerra orientada pelo lucro que emergiu a seguir à guerra – uma máquina que, a fim de se perpetuar, teria de manter-se a travar guerras.
Não prestámos atenção à sua advertência.
Mas como reconheceu Eisenhower , as consequências de permitir o complexo militar-industrial, exaurir nossos recursos e ditar nossas prioridades nacional estão para lá de graves:
Toda arma fabricada, todo vaso de guerra lançado, todo foguete disparado significa, em última análise, um roubo daqueles sofrem fome e não são alimentados, daqueles que sofrem frio e não são vestidos. Este mundo em armas não está só a gastar dinheiro. Ele está a gastar o suor dos seus trabalhadores, o génio dos seus cientistas, as esperanças dos seus filhos. O custo de um moderno bombardeiro pesado é isto: uma escola moderna de tijolo em mais de 30 cidades. É de duas centrais eléctricas, cada uma abastecendo uma cidade de 60 mil habitantes. É de dois hospitais refinados e plenamente equipados. É de cerca de 80 quilómetros de auto-estrada em betão. Nós pagamos por um único avião caça cerca de 13,6 mil toneladas de trigo. Pagamos por um único destróier com novos lares que poderiam ter alojado mais de 8000 pessoas. Isto, repito, é o melhor modo de vida no caminho que o mundo está a tomar. Isto não é de todo um meio de vida, em qualquer sentido verdadeiro. Sob a nuvem da ameaça de guerra, é a humanidade enforcada numa cruz de ferro.
Acorda, América. Não resta muito tempo para chegarmos à hora zero.
O Autor:  John W. Whitehead – Procurador constitucional e escritor, é fundador e presidente de The Rutherford Institute . Seu novo livro é Battlefield America: The War on the American People (SelectBooks, 2015)

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