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quarta-feira, 12 de julho de 2017

EUA estão usando os curdos no Iraque e Síria como cavalo de Troia para dividir o Oriente Médio

Elijah JM (Blog)

Traduzido pelo coletivo da vila vudu

· Os países da região entendem que declarar um Curdistão independente é medida prematura, que só aprofundará as terríveis dificuldades em que os curdos se debatem.

·  Teerã, Bagdá e Damasco acreditam, erradamente, que os EUA não têm estratégia clara na Síria e Iraque.

· Por várias razões, interessa aos EUA desestabilizar Ancara, apesar de a Turquia ser membro da OTAN.

· Erdogan é considerado "fora da órbita dos EUA" desde o fracassado golpe de Estado e o apoio que os EUA passaram a dar a uma Rojava independente. 

· Ainda que a Turquia não combata contra o YPG, porque o grupo está sob proteção dos EUA, mesmo assim combaterá contra os curdos em Afrin (do outro lado de Rojava).

· Os EUA apoiam simultaneamente os curdos na Síria e no Iraque, à espera do primeiro que consiga modelar estado próprio. 


· Os EUA planejam estabelecer um estado curdo no Iraque e Síria, que abrirá caminho para um estado sunita no Iraque, país considerado um governorado iraniano. 

· Masoud não cogita de declarar imediatamente a independência, mas entende que esteja no início de diálogo longo e pacífico com Bagdá.

· Os curdos não sobreviverão em estado que pode ser completamente cercado por terra e ar, e que não tem acesso ao mar. 

· Barzani (ver Peshmerga) apoiou Bashar al-Assad durante anos, permitindo que soldados e armas chegassem ao Exército Árabe Sírio.

· Os problemas começaram entre Damasco e os curdos, quando os norte-americanos desembarcaram no nordeste da Síria.

· A intervenção pelos norte-americanos impediu que aliados de Moscou garantissem proteção aos curdos, e levou ao ataque turco contra Afrin.

· Funcionários iraquianos veem o referendum de Masoud como um convite para que sunitas e radicais xiitas ponham-se também a exigir estado 'próprio'. 
 · Masoud Barzani precisa preparar terreno      firme, antes de aventurar-se na direção de    qualquer tipo de Curdistão.

  
O líder do Curdistão Iraquiano, presidente Masoud Barzani, convocou um (segundo) referendum geral sobre a independência dos curdos, com data já marcada para 25 de setembro desse ano. Parece determinado a concretizar o sonho de estabelecer um estado curdo no Oriente Médio.

Esse movimento coincide com o apoio, pelo governo dos EUA, aos curdos sírios nas províncias do norte, em al-Hasaka, Raqqah e Deir al-Zour. O objetivo é constituir outra Federação Curda que siga os passos dos "irmãos" iraquianos – ou até mesmo os preceda.

Esses dois passos, no Iraque e na Síria relacionados aos curdos, estão intimamente conectados, acima de qualquer fronteira. Mesmo assim, os países regionais diretamente envolvidos – i.e. Ancara, Teerã, Bagdá e Damasco – parecem convencidos de que a intenção dos EUA é reformatar a região, e formar um "Novo Oriente Médio", promovido há muito tempo, desde o tempo de Condoleezza Rice, secretária de Estado do governo do presidente George Bush.

Será que os países vizinhos dos curdos permitirão que os EUA esquartejem o Oriente Médio, aproveitando-se do sonho de 22-25 milhões de curdos, apaixonadamente dedicados a ter seu próprio estado nacional?

Os curdos no Oriente Médio representam o maior grupo étnico em todo o mundo que, até hoje, não constituiu Estado. Distribuem-se principalmente por Iraque, Irã, Turquia, Síria, Azerbaijão, Armênia, Líbano, com presença menor no resto do mundo. Evidentemente, a criação de um estado curdo não depende de bênçãos ou de estratégias dos EUA nem no Iraque nem na Síria, mas de haver consenso nessa direção entre Turquia, Iraque, Irã e Síria.

Infelizmente para os curdos, esses países podem e com certeza conseguirão superar suas diferenças e objetivos conflitantes na Síria, sobretudo para que consigam unir-se e impedir que se crie qualquer estado curdo. 

De fato, fontes muito confiáveis informam que, imediatamente depois de Barzani ter anunciado o projeto de um referendum geral pela independência, houve uma reunião do mais alto nível da inteligência & segurança do Irã, Turquia e Síria, para discutir as possíveis "consequências devastadoras" de aqueles países admitirem o referendum, e o efeito em todo o Oriente Médio de se criar um estado curdo independente. 

Aqueles funcionários da inteligência naquela área estão convencidos de que os EUA estão usando o sonho curdo de ter estado próprio, para dividir o Oriente Médio e testar a reação dos outros países ante a 'novidade'.

O sonho dos curdos é legítimo, do ponto de vista curdo: eles têm direito a ter seu próprio estado soberano. Mas os países da região entendem que é prematuro pensar em estado curdo naquela região, e que os curdos, com isso, só farão agravar os próprios problemas. Assim sendo, é essencial enterrar o "projeto dos EUA" o mais rapidamente possível, adiando-o pelo menos para momento menos turbulento, a saber, para depois do fim da guerra na Síria e no Iraque.

Irã, Síria e Iraque entendem que EUA e Israel estão por trás daquele plano, tentando aproveitar-se do modo emocional como os curdos abordam a questão do próprio estado nacional, para assim reiniciar as ações com vistas sempre àquele velho mesmo projeto de dividir o Oriente Médio. Com a divisão, o "eixo da resistência" só reuniria estados fragilizados e divididos. 

Não se pode esquecer que os planos de EUA e Israel para (i) derrubar o presidente eleito na Síria, Bashar al-Assad (que não caiu, nem depois de seis anos de guerra); para (ii)  inventar e estabelecer um 'califato' do ISIS; e para (iii) fazer com que as consequências da guerra no Iraque levassem à criação de um Sunistão ainda não levaram a nada disso e são, até hoje, perfeito fracasso.

A Turquia também acredita que os EUA não se opõem a enfraquecer a posição do presidente Erdogan, como castigo ao crescimento do papel dele no Oriente Médio; por causa do envolvimento da Turquia na Síria; por causa da oposição de Erdogan à criação de um Curdistão sírio (onde os EUA planejam, dentro de algum tempo, construir uma base militar alternativa em Incirlik). Por isso, na avaliação dos turcos, os EUA estão estimulando a criação de um Estado Curdo junto à fronteira turca controlado pelo PKK, principal e mais feroz inimigo da Turquia. Não há dúvidas de que os curdos sírios seguirão, sendo possível, a mesma trilha que os curdos iraquianos: os EUA já estão construindo várias bases e aeroportos militares no nordeste da Síria, para ocupar parte do país e fixar ali uma presença norte-americana de longo prazo.

Funcionários de alto escalão com os quais falei em Teerã, Bagdá e Damasco creem que os EUA não têm estratégia clara na Síria e no Iraque. Indiferente a essa avaliação errada, e assistindo ao desenrolar dos eventos, o governo dos EUA realmente parece muito confiante na sua estratégia no Iraque e na Síria. 

As forças ilegais de ocupação dos EUA apoiaram ataque massivo contra al-Badiya (no semideserto sírio, rico em petróleo e gás) com grupos sírios "moderados", com vistas a expandir o controle sobre a estepe síria conectada à província iraquiana sunita de Anbar e ao deserto jordaniano-saudita. Ocuparam al-Tanaf e tentaram (em vão) aplicar pressão máxima contra Bagdá, para impedir que as Unidades de Mobilização Popular alcançassem a fronteira com a Síria. Atacaram Raqqah com a ajuda de seus agentes curdos e estão perto de libertar aquela área ainda ocupada pelo ISIS. E preservaram o acesso a campos de petróleo e barragens na área rural de Raqqah, para garantir que um futuro 'Estado' Sírio-curdo ou alguma Federação consiga sobreviver sem depender de Damasco. 

E, como se isso não bastasse, os EUA estão fornecendo armamento letal e artilharia pesada aos seus agentes curdos. 

Todos os indícios levam à conclusão de que os EUA estão tentando descobrir – com os curdos, simultaneamente na Síria e no Iraque – qual dos dois lados consegue modelar algum tipo de estado antes do outro, e impor o novo estado como fato consumado aos governos centrais. E sem nunca esquecer que esse tipo de política encorajará os curdos de outras regiões (Irã e Turquia) a seguir a mesma trilha com vistas à independência.

Os EUA não estão preocupados com a reação de Erdogan e do governo turco ao plano norte-americano a favor de um estado curdo na Síria e no Iraque, porque interessa aos EUA desestabilizar Ancara (por inúmeras razões), mesmo a Turquia sendo membro da OTAN. Aos olhos dos norte-americanos, Erdogan é dado como "fora da órbita e do controle dos EUA" desde o fracasso do golpe de estado. Isso é confirmado pelo muito que os EUA promovem os sírios curdos, para que lutem por um possível estado independente junto à fronteira turco-síria. De fato, o primeiro-ministro turco e o ministro de Relações Exteriores da Turquia descrevem ambos o movimento a favor do Curdistão como "erro grave e irresponsável". A Turquia, por enquanto, não lutará contra o YPG, porque esses combatentes estão sob proteção dos EUA; mas com certeza combaterá contra os curdos em Afrin, no outro lado de Rojava.

Assim também o Irã declarou sem meias palavras, pelo Líder Supremo Said Ali Khamenei, que o país não admitirá um estado curdo nas suas fronteiras com o Iraque. Essa posição clara, aberta e dura contra os levantes curdos deriva menos de alguma animosidade contra o povo curdo e, mais, de os EUA estarem por trás do cronograma e da estratégica do tal "projeto independência", especialmente nesse momento, quando a partilha do Oriente Médio ainda é opção de peso – e depois que o ISIS fracassou no projeto de rachar o Levante e a Mesopotâmia.

Essa é a razão pela qual Erdogan fez suas forças avançarem de Jarablus para al-Bab, sem considerar a presença dos EUA, e dividiu Rojava em duas partes. E é também a razão ela qual o Irã fez avançar suas força sobre al-Tanaf, para fechar a estrada dos EUA de al-Badiya para o nordeste, e avançando para sudeste dentro de al-Badiyah, recuperando mais de 30.000 km2, para impedir que os EUA e suas forças por procuração estendessem seu controle sobre aquela arena. O plano dos EUA, aos olhos de Teerã-Damasco-Ancara, é estabelecer um estado curdo no Iraque e/ou Síria e abrir caminho para um estado sunita no Iraque, país que aos olhos dos EUA não passaria de governorado iraniano. 

O "levante sunita" na Síria fracassou, porque o país é constituído de mais de 70% de sunitas, que controlam a economia, enquanto os alawitas detêm com eles o comando militar do país.

Agora, pela avaliação de decisores na região, os curdos podem estar cometendo erro particularmente grave, porque lhes valerá a animosidade dos países em torno, porque, em estado que pode ser cercado e atacado por terra e por ar – e que não tem acesso ao mar –, ninguém conseguirá sobreviver sem cooperação.

Masoud Barzani, claro, acha que o timing é perfeito para fazer o referendum (quase certamente obterá mais de 90% de votos a favor do estado independente) dia 25 de setembro, e também crê que a população curda aceita os risco que advirão daquela decisão. 

Masoud diz que não haverá anúncio imediato do estado independente, mas entende que será o início de um longo diálogo pacífico com Bagdá, para atender aos desejos da população curda. Masoud, segundo dizem fontes de alto escalão no Curdistão, não quer encorajar curdos em outros países a seguirem seus passos, porque os curdos iraquianos têm agenda e ideologia diferentes dos curdos na Síria, Turquia e Irã. Mas, apesar do que crê e diz o líder curdo, não há garantias ou processos que deem independência a uma nação curda em um país, e independência que excluirá outros curdos. 

Na verdade, Barzani não pode garantir a reação dos mesmos curdos iraquianos em prazo mais longo, ainda que hoje declarem abertamente que apoiam as decisões de Barzani. Por trás de portas fechadas, muitos curdos anti-Barzani já manifestam desacordo com a realização doreferendum em momento tão crítico no Oriente Médio.

O que muitos ignoram é que curdos nos dois países, Iraque e Síria não tomaram posição neutra durante as guerras em curso na Síria e no Iraque: Masoud Barzani deu considerável apoio militar a Bashar al-Assad durante muitos anos, permitindo que homens e armas chegassem ao Exército Árabe Sírio. Além disso, os sírios curdos ofereceram o mesmo apoio às cidades sírias sitiadas próximas de Afrin que estiveram cercadas pela al-Qaeda e aliados. Damasco acredita que a segurança e o bem-estar dos curdos são resultado dos laços árabes e muçulmanos – os quais não serão nem continuados nem mantidos se o país em que eles vivem for dividido, nem se eles acompanharem a política dos EUA. 

De fato, os problemas entre Damasco e al-Hasaka começaram quando os norte-americanos chegaram ao nordeste da Síria. Foi quando Saleh Muslim, presidente do Partido da União Curda Democrática (cur. PYD), atacou o Irã e elogiou o papel da Arábia Saudita na região, depois da intervenção ilegal dos EUA na Síria. Os EUA alegam que estariam combatendo o ISIS, mas também atacam o Exército Árabe Sírio e aliados em muitas circunstâncias. Assim, o relacionamento entre os curdos sírios e Damasco ainda não chegou a ponto sem saída.

A intervenção dos EUA e a atitude hostil dos curdos com os aliados sírios afastaram Damasco, Moscou e o Irã da possibilidade de garantir proteção aos curdos. (Moscou e o Exército Árabe Sírio haviam criado originalmente uma linha demarcatória em torno de Manbij para recompensar os curdos, protegê-los e impedir que a Turquia tomasse a cidade que os curdos haviam libertado do ISIS.) A atitude dos curdos então permitiu que a Turquia atacasse Afrin e levantasse a "proteção" dos EUA aos curdos, interrompendo o plano dos EUA para ocupar parte da Síria e dividir o país.

Em anos recentes tem havido desinteligências importantes na dinâmica do relacionamento entre Turquia e os curdos, tanto na Síria como no Iraque:

– a Turquia permitiu que os Peshmerga combatessem ao lado do YPG dos curdos sírios, inimigos da Turquia, em Kobane (ou Ain al-Arab) num momento em que o ISIS estava muito próximo de conquistar o controle da cidade. A mesma Turquia trabalhará com empenho hoje para impedir que o Curdistão declare-se independente no Iraque e fará qualquer coisa para impedir que os curdos sírios criem seu estado independente, Rojava; e com certeza não hesitará em atacar forças curdas (as Forças Democráticas Sírias) que se tornaram agentes dos EUA em Bilad al-Sham.

– Em 2014, Masoud Barzani elogiou o ISIS ("a revolução das tribos"), porque acreditava que o grupo terrorista estabeleceria um Sunistão e, assim sendo, também permitiria um Curdistão independente, com o Iraque dividido em três estados. Em seguida, Masoud deu-se conta de que o grupo extremista queria Kirkuk, rica em petróleo (atacaram Erbil e escravizaram curdos). Foi quando Barzani mudou de posição quanto ao ISIS, uniu-se a Bagdá na luta contra o terrorismo e combateu ao lado do Exército do Iraque durante três anos, para proteger a unidade do Iraque. Hoje, o líder curdo quer declarar a independência do Curdistão, logo depois do referendum que ele já convocou. Mas ao mesmo tempo, ele não pode, hoje, simplesmente pedir o apoio de Turquia e Irã para seu plano de independência e, na sequência deixar que aconteçam todos os problemas internos que acontecerão naqueles dois países, onde milhões de curdos também quererão ser independentes.

– O Irã apoiou os curdos, fornecendo armas para proteger sua federação autônoma em 2014, quando a Peshmerga só tinha velhos AK-47 e uns poucos morteiros para se defender contra o ISIS, depois da queda de Mosul. Os EUA atrasaram o seu apoio militar e a guerra ao terrorismo no Iraque, permitindo que se criasse um forte laço entre Masoud Barzani e Teerã (principalmente com o comandante Qassen Soleimani do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos-Quds) cortesia que a Peshmerga retribuiu ao Irã, criando uma linha de suprimento entre o Curdistão e o Exército Árabe Sírio, aliado de Teerã. Hoje, o mesmo Irã fará o possível para impedir o nascimento de um Curdistão como estado independente e se unirá à Turquia para impedir que essa divisão aconteça.

Os curdos iraquianos discordam do PKK em Sinjar e até combateram contra eles em algumas ocasiões. Não se entendem com o YPG e oPKK em geral, por diferenças de ideologia e de objetivos. Mas quando há perigo iminente, todos os curdos unem-se sob uma mesma etnia e identidade nacional. Por isso, países nos quais vivam grandes populações curdas em todo o Oriente Médio não têm dúvidas de que a declaração de independência dos curdos em um país rapidamente contagiará todos os curdos em todos os países. Por isso, principalmente, muitos países no Oriente Médio farão de tudo ao alcance deles para impedir qualquer independência de qualquer curdo.

Para Bagdá, o Curdistão é federação autônoma protegida na Constituição do país. Autoridades em Bagdá reconhecem que não fazem o que ordena a Constituição: nem resolveram a disputa por território nem cumpriram os compromissos financeiros assumidos com Erbil. Autoridades iraquianas não vêm motivo para um referendum sobre independência do Curdistão, porque será como convidar os sunitas a reivindicar estado independente, e até os xiitas radicais sem demora descobrirão que precisam de um estado para chamar de seu. E o movimento pode alastrar-se para xiitas em outros pontos do Oriente Médio.

Bagdá também deve interromper todo tipo de colaboração com qualquer Curdistão, se Masoud proclamar a independência. Curdos que vivem sob o governo central têm pela frente um destino incerto, ainda que a maioria dos políticos xiitas que estão no poder tenham origens curdas. Nenhum futuro apoio financeiro estará garantido, e o governo central em Bagdá pode impedir que qualquer aeronave pouse no Curdistão – estado cercado por terra e sem acesso ao mar. Será uma guerra silenciosa contra o Curdistão, e a verdadeira guerra contra oISIS nunca terá fim. O PMU pode impedir que a Peshmerga recupere áreas em disputa, o que deixará Erbil como estado sob insegurança perene.

Os países do Golfo apoiarão com certeza qualquer partição de Iraque e Síria, porque assim obteriam o que perderam em Bilad al-Sham e na Mesopotâmia ao longo de muitos anos de guerra. A Arábia Saudita não conseguiu dividir o Iraque criando um Estado Sunita; e também fracassou ao não derrubar Bashar al-Assad, quando tentou fazer com que extremistas sunitas tomassem o controle do país.

Se os curdos declaram a independência de algum Curdistão, haverá grave recessão, mas países na região – principalmente a Arábia Saudita –, muito apreciarão poder ajudar e arrastar os curdos para sua órbita. Na verdade, Saleh Muslim já adotou essa via; sem demora teremos Barzani a elogiar a Arábia Saudita.

Masoud Barzani precisa preparar base mais firme, antes da aventura de qualquer Curdistão independente. Está mandando enviados a Bagdá, Teerã, Ancara e ao Conselho de Cooperação do Golfo, para conhecer a posição dessas capitais quanto ao seu projeto de independência. Também está dizendo que o referendum não significa independência imediata: é só questão de timing. Mas o anúncio prematuro e temerário pode impedir que mais uma futura geração de curdos realize o sonho de viver no próprio estado independente.


Arábia Saudita, Israel e os EUA não bastam, só eles, para garantir segurança e proteção a um estado curdo próspero e pacífico, porque o momento – que só Barzani parece ver como boa oportunidade – não poderia ser menos adequado. A situação permanece tão volátil, que cada simples movimento sempre pode ganhar impulso e partir incontrolável numa direção dramática, e reformatar todo o Oriente Médio. O único traço comum que aproxima o referendum de 25/9/2017 e o referendum de 2005 é que os dois devem continuar bem trancados na gaveta.

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