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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Agressão mascarada de guerras civis

Thierry Meyssan

Se quisermos recuar um pouco, constataremos que os diferentes conflitos que ensanguentaram nos últimos dezasseis anos todo o Médio-Oriente Alargado, do Afeganistão à Líbia, não foram uma sucessão de guerras civis, mas, sim a aplicação de estratégias regionais. Lembrando os objectivos e as tácticas destas guerras desde a «Primavera Árabe», Thierry Meyssan descreve a preparação das seguintes.
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Em fins de 2010, começava uma série de guerras inicialmente apresentadas como levantamentos populares. Sucessivamente, a Tunísia, o Egipto, a Líbia, a Síria e o Iémene foram varridos por esta «Primavera Árabe», reedição da «Grande Revolta Árabe de 1915», iniciada por Lawrence da Arábia, com a única diferença que desta vez não se tratava de se apoiar sobre os Wahabbitas, mas, antes nos Irmãos Muçulmanos.
Todos estes acontecimentos tinham sido minuciosamente planificados pelo Reino Unido a partir de 2004, tal como o atestam os documentos internos do Foreign Office revelados pelo denunciante britânico Derek Pasquill [1]. À excepção do bombardeio de Tripoli (Líbia), em Agosto de 2011, eles incluíam não só as técnicas de desestabilização não-violentas, de Gene Sharp [2], mas também da guerra de 4ª geração, de William S. Lind [3].
Colocado em acção pelos exércitos dos Estados Unidos, o projecto britânico de «Primavera Árabe» sobrepôs-se com o do Estado-maior norte-americano : a destruição das sociedades e dos Estados à escala regional, tal como formulada pelo Almirante Arthur Cebrowski, popularizada por Thomas Barnett [4], e ilustrada (em mapas) por Ralph Peters [5].
No segundo trimestre de 2012, os acontecimentos pareciam ter acalmado de tal maneira que os Estados Unidos e a Rússia acordavam em Genebra uma nova partilha do Médio Oriente, em conjunto, a 30 de Junho.
No entanto, os Estados Unidos não respeitaram a sua assinatura. Uma segunda guerra começou em Julho de 2012, na Síria, e a seguir no Iraque. Aos pequenos grupos e aos comandos sucederam-se os grandes exércitos terrestres compostos de jiadistas. Já não se tratava mais de uma guerra de 4ª geração, mas, antes de uma clássica guerra de posições, adaptada às técnicas de Abu Bakr Naji [6].
Desta vez, de acordo com os escritos de Robin Wright [7], a vontade de prevenir a reabertura da «Rota da Seda» sobrepôs-se aos dois objectivos precedentes assim que a China revelou a sua ambição.
Os acontecimentos pareceram de novo acalmar no último trimestre de 2017, após a queda do Daesh (E.I.), mas os investimentos nestes conflitos haviam sido de tal monta que parecia impossível aos partidários da guerra desistir sem atingir os seus objectivos.
Assistiu-se então a uma tentativa de relançar as hostilidades através da questão curda. Após um primeiro fracasso no Iraque, tentaram uma segunda vez na Síria. Em ambos os casos, a violência da agressão levou a Turquia, o Irão, o Iraque e a Síria a unirem-se contra o inimigo externo.
Por fim, o Reino Unido decidiu prosseguir o seu objectivo inicial de dominação através dos Irmãos Muçulmanos e, para isso, acaba por constituir o «Grupo Restrito», revelado por Richard Labévière [8]. Esta estrutura secreta compreende a Arábia Saudita, os Estados Unidos, a França e a Jordânia.
Por seu lado os Estados Unidos, aplicando a teoria da «Viragem para a Ásia» de Kurt Campbell [9], acabam por decidir concentrar as suas forças contra a China. Para isso, eles renovam o “Quadrennial Security Dialogue” (Diálogo Quadrianual de Segurança- ndT) com a Austrália, a Índia e o Japão.
No entretanto, a opinião pública ocidental acredita que o conflito único que já devastou todo o Médio-Oriente Alargado, do Afeganistão à Líbia, é uma sucessão de guerras civis pela Democracia.
Tradução
Alva

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