EUA aceitarão a derrota ou desafiarão o Urso Russo e o Dragão Chinês? PARTE 2: Rússia & o Oriente Médio - Noticia Final

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domingo, 1 de abril de 2018

EUA aceitarão a derrota ou desafiarão o Urso Russo e o Dragão Chinês? PARTE 2: Rússia & o Oriente Médio

Elijah Magnier Blog, Damasco, Síria

Parte 1: RELATÓRIO DE SITUAÇÃO, Síria (ing. e Blog do Alok

Parte 3: China & a Visão Global (ing.e Blog do Alok)

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Em marrom: campos de gás em propspecção

Em azul: área marítima em disputa

Com o fim da batalha de al-Ghouta e a derrota dos jihadistas, Moscou alcança seus objetivos no Levante.

Apesar dos EUA, da União Europeia e da mídia mainstream em conjura para atacá-lo e demonizar suas políticas, o presidente Vladimir Putin da Rússia pode agora dizer "veni, vidi, vici".

Os EUA estimaram que a Rússia, em 2020, estaria já forte demais, militarmente e economicamente, para ser isolada ou enfraquecida. Essa é a razão pela qual Washington tenta hoje de todos os modos cercar a Rússia e "cortar-lhe as pernas", muito antes daquele prazo e fechar os oceanos aos russos e a seu aliado chinês.
O último ataque dos EUA, embora escondidos por baixo das saias da União Europeia, para atrair a Ucrânia para a órbita dos europeus e deter o fluxo de gás russo para a Europa – recurso vital para a economia russa –, aconteceu em 2014; com isso o urso russo acordou e, acordado, decidiu agir e reagir à altura.

Mais que isso, em 2015, os EUA firmaram acordo nuclear com o Irã – o que pressionou terrivelmente a UE para acelerar a aprovação e consumar o acordo – numa tentativa para separar o Irã, da Rússia. Mas o líder iraniano, aiatolá Ali Khaminei foi firme e claro: "Não haverá conversações sobre qualquer outra questão além da questão nuclear. Não confiamos e jamais confiaremos nos norte-americanos".

Os EUA pareciam doador generoso, interessado em ajudar o Irã a reabrir as portas para o mundo sem ter de pagar qualquer 'pedágio' a Washington. Por isso Donald Trump tenta hoje encontrar meios para revogar o tal acordo, que considera interessante exclusivamente para a Europa, não para os EUA. O Irã está pronto para uma parceria com a Europa, mas recusa-se a se deixar dominar pelos EUA.

Trump está tentando até chantagem contra a Europa, ameaçando taxar pesadamente as exportaçãos do velho mundo, se os países europeus não se alinharem com os EUA. Disse que os europeus decidam-se: ou fazem negócios com o Irã, ou fazem negócios com os EUA.

O presidente Trump ainda não compreendeu até hoje que, com ou seu acordo nuclear, o Irã caminha para uma ampla parceria com Rússia e China. Pequim precisa de fonte confiável de energia, de uma saída para os oceanos e de uma janela para o mercado mediterrâneo. O Irã pode garantir tudo isso e beneficiar-se da colossal economia chinesa, do mercado chinês e do apoio da China.

O Irã não se limitou a aceitar o presente de Obama; decidiu também enfrentar os EUA no campo de batalha onde os EUA e seus agentes locais na Síria fazem de tudo para desestabilizar o Levante. Com o movimento de enviar para lá as Forças Especiais Iranianas, ao confiar portanto efetivamente nos aliados da Síria (o Hezbollah, grupos iraquianos e outros), o Irã e a Rússia derrotaram o ISIS e a al-Qaeda em inúmeros confrontos na Síria, no Iraque e no Líbano.

Os EUA foram perdendo uma cidade síria após a outra, apesar das tentativas desesperadas na ONU, e apesar de os EUA armarem e treinarem terroristas locais. Os EUA exigiram que a Europa abrisse as portas para permitir que radicais fossem convertidos em extremistas jihadistas e pudessem entrar em combate. E os EUA também, ao longo dos anos, nunca se cansaram de pedir que a Turquia abrisse as fronteiras para deixar que esse fluxo de futuro jihadistas e velhos soldados da al-Qaeda entrassem em ondas na Síria, com a tarefa de desestabilizar o governo sírio.

E não só isso. Os EUA também garantiram treinamento, por especialistas da CIA, aos jihadistas na Jordânia e na Turquia e fizeram a Arábia Saudita e o Qatar pagar bilhões de dólares para promover o sucesso de um "Novo Oriente Médio Jihadista". Por fim, os EUA manipulam todos os veículos da mídia-empresa mainstream

Pela primeira vez na história, assistimos à realidade de toda a imprensa-empresa, todas as empresas e todos os veículos e meios e profissionais subjugados ao Estado, em país suposto democrático, sem que, por isso, nem a imprensa-empresa subornada e corrompida, nem o Estado que suborna e corrompe percam a chamada 'credibilidade', com todos esses atores já vivendo de inventar e disseminar noticiário forjado, e ao mesmo tempo tanto distribuindo suas 'fake news' e suas 'ghost news' e ensinando a não criticar a destruição do jornalismo – e não só contra a Síria.

Moscou, Damasco e Teerã ultrapassaram várias das 'linhas vermelhas' que os EUA 'impuseram' na Síria (na fronteira sírio-iraquiana em Tanf, forças dos EUA impuseram a distância mínima de 50 milhas. O Irã manteve a distância, mas cercou as forças dos EUA pelo norte, oeste e sul). 

Verdade é que a guerra na Síria absolutamente jamais foi guerra civil. Ali sempre se tratou da transposição de guerra mundial entre dois eixos; e guerra que só pode ter um vencedor.

A Rússia avançou e firmou um acordo com o governo sírio, para explorar seus recursos de petróleo e gás. A riqueza energética da Síria está assim distribuída, em porcentagens estimadas: 63% em terra e 37% no Mediterrâneo, nos 14 blocos mais ricos na área litoral de Tartus e Lattakia, com produção estimada superior à produção de petróleo do Kuwait. Em terra, a energia da Síria está assim distribuída: 47% em al-Badiya, 2% em Aleppo, 12% em Deir-Ezzour e 2% no Golan. A Síria pode competir com o Iraque e até com o Irã, quando houver plena produção, depois da guerra.


establishment dos EUA está com dificuldades para digerir essa fortuna imensa sob controle de governo sírio aliado de Rússia e Irã e que, sobretudo, rejeita absolutamente qualquer possibilidade de ser controlado ou dominado pelos EUA.

Em 2006, a ex-secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice já dizia que "É hora de se criar um novo Oriente Médio (...) Nós venceremos, eles perderão". Eram tempos em que Israel atacava o Líbano para submeter o país ao controle e à dominação dos EUA. Israel fracassou contra a Resistência libanesa, que impediu a invasão, na terceira tentativa dos israelenses, e o "Eixo da Resistência" prevaleceu. Com isso, os EUA foram obrigados a usar táticas diferentes (chamadas "guerra soft"), que dependem de agentes locais e 'representantes' lá, no próprio Oriente Médio, sem ter de expor novamente o mesmo Exército dos EUA que fracassou tão drasticamente no Afeganistão e no Iraque.

Já era então bem claro que Washington pode invadir militarmente qualquer país no Oriente Médio, mas não tem meios para sustentar os próprios exércitos lá, por muito tempo. Essa é a razão pela qual o establishment dos EUA teve de desenvolver técnicas mais sutis de "aço frio", em vez de armas de fogo. E inventaram os slogans que cantam "a democracia" ou a "liberdade de expressão" ou a "liberdade de religião" ou, mesmo, "o direito de os jovens manifestarem a preocupação deles com os chamados 'direitos humanos'" (infelizmente, a serem garantidos só para pequena fração norte-americana da humanidade [NTs]).

Todos esses slogans são fake, não passam de peças de propaganda – apesar do palavreado 'ético' e 'moral' – e foram usados contra todos os países que não se tenham curvado às políticas e aos controles pelos norte-americanos. Foi quando a 'primavera árabe' (o tsunami norte-americano) atingiu o Oriente Médio, com o apoio da Secretaria de Estado dos EUA e da CIA, que financiaram "escolas de subversão e agitação" em todo o Oriente Médio.

Revoluções foram a novidade, todas organizadamente classificadas por cores: na Georgia ('revolução cor-de-rosa'), Ukraine (cor de laranja), Iraque (púrpura), Quirguistão (cor de tulipa), Lebanon (cor de cedro), Belarus (azul-jeans), Irã (verde), Egypt (cor de flor de lótus)…


Rede de interferência dos EUA


No Oriente Médio, os EUA pediram socorro à empresa Google, para garantir mídias sociais amplamente acessíveis, com investimento de 30 milhões de dólares para convocar jovens muçulmanos pela internet e arregimentar ativistas para que se levantassem nos respectivos países. Em junho de 2011, [osecretário de comunicação de] a secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton descreveu a internet como "o Che Guevara do século 21, nos levantes da Primavera Árabe".



George W. Bush, Barack Obama e agora Donald Trump todos seguiram e seguem a mesma política, com diferentes táticas, abrindo o caminho para mudanças no Oriente Médio mediante golpes para remover ditadores e substituí-los por Jihadistas ou por outros ditadores. 

"gestão da selvageria" (atribuída à al-Qaeda) – orientada para criar estados falhados e implantar governos subservientes aos EUA, para assim extrair vantagens políticas da destruição – foi prática muito mais frequentemente adotada pelo establishment dos EUA que pelos jihadistas aos quais se atribui o desenvolvimento do conceito.

Obama viu surgir e crescer o "Estado Islâmico" no Iraque, viu a mudança do grupo para a Síria, assistiu à ocupação do Iraque por terroristas, permitiu que jihadistas viajassem para o Oriente Médio, abriu todas as prisões sauditas, sob a condição de que os extremistas presos fossem embarcados para a Síria. Durante um ano inteiro, com "70 países numa coalizão para combater contra ao ISIS" na Síria, o grupo só cresceu, expandiu-se e enriqueceu imensamente com a venda de quantidades crescentes de petróleo. Tudo isso para tentar deter Irã e Rússia, criar a maior quantidade possível de estados falhados (como Obama e Hillary só conseguiram plenamente na Líbia) e para fazer muçulmanos matarem muçulmanos.

Mas Moscou, Pequim e Teerã sabiam que era indispensável deter os jihadistas no Levante, antes de terem chance de chegar a Rússia, China e Irã. Claro, o presidente Medvedev cometeu erro grave em 2010, ao permitir que a Líbia caísse e, com a Líbia, caísse também uma importante fonte de energia. EUA e União Europeia sempre souberam que havia extremistas em Benghazi mas, mesmo assim, continuaram a apoiar aqueles extremistas e permitiram a destruição do exército líbio logo no início da 'revolução'.

O Líbano, antes da Líbia, cuidara de permanecer fora da órbita de EUA e Rússia, em 2006, e ainda não estava preparado para atuar conforme seu grande peso regional. A Líbia foi erro de russos e chineses na ONU, e a Rússia estava convencida de que não seria possível deter aquele processo. Hoje se vê que a Síria não será outra Líbia; e Rússia e China decidiram, associadas ao Irã, pôr fim, de uma vez por todas, à dominação unilateral, pelos EUA, na entrada do Levante. [Continua]

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