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terça-feira, 13 de novembro de 2018

Preparem-se para o Gaza-samba, por Pepe Escobar

Pepe Escobar (do Gilgit-Baltistão, Paquistão, exclusivo para o The Saker Blog)

Traduzido pelo Coletivo Vila Mandinga

Estou num sobe e desce pela rodovia Karakoram no Gilgit-Baltistão, como num trapézio, entre o Grande Jogo – o original, entre Grã-Bretanha e Rússia imperiais – e o Novo Grande Jogo dos Excepcionalistas contra a integração da Eurásia.
Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro - filhos do presidente eleito, Jair Bolsonaro – aparecem vestidos com camisetas das Forças de Defesa de Israel e do Mossad, serviço secreto israelense.

Foi quando, cruzando as montanhas imponentes acariciadas pelo sol, chega um raio lançado por The Saker, na forma de matéria de RT que mostra ao mundo uma dupla de brasileiros fuleiros, fazendo pose de sionistas; e o Saker sugere que eu comente.
Para mim, sugestão do Saker é ordem que cumpro imediatamente. Então, por um instante, abstraio-me da meditação nesse sublime ar rarefeito – meu remix diário de Hiking with Nietzsche [lit. Caminhando com Nietzsche] no Karakoram – e afundo por alguns minutos no pântano tropical.

Ah, aquele rio (político) é escuro e lamacento [Oh, that (political) river is dark and muddy], citando o mestre dos pântanos, recentemente falecido, Tony Joe White. Especialmente quando se veem os dois brasileiros fuleiros, que são na verdade Little Bolsonaro Thugs (LBTs), filhos do presidente eleito no Brasil, em férias em Israel, desfilando com camisetas do Mossad e do Exército de Israel.

A imagem viralizou total no Brasil. À primeira vista pode talvez sugerir mais um caso de turismo inconsequente. Mas o contexto é tudo. Vastos setores da classe média brasileira adoram meter-se em camisetas escritas em inglês, que usam como se fossem condecorações. As preferidas são T-shirts com “Harvard” e “Columbia”, que exibem quando visitam a Meca do sonho de consumo deles e delas, New York City. Nem preciso dizer que não têm nem ideia do que realmente se passa em Harvard ou Columbia.

Mas, no caso dos LBTs, as camisetas do Mossad e do Exército de Israel vão um passo além. Os “troféus” têm de ser vistos no contexto do comentário, pelos mesmos dois LBTs, segundo os quais Israel seria “país de Primeiro Mundo”. É o apito para adestrar cachoro com o qual é adestrada a elite comprador local, com densos sobretons subimperialistas –, usado por aquela gente lá para deixar implícito que nações na América Latina e na África, comparadas a Israel, seriam nada além de lixo.

Politicamente, já se traduz na política de afastamento que Bolsonaro já telegrafou, de afastar o Brasil da integração com o Mercosul e com a África, configurando política exterior de neocolônia bananeira dos EUA bem cheia de bananas.

Quanto à Ásia, não há nada até agora, porque aquela gente nem sabe o que seja “Ásia” – exceto o lobby do boi que depende crucialmente de exportações para a China, que o lobby não permitirá que Bolsonaro agrida.

Os LBTs miram, na verdade, noutra direção: sonham com futuro de total integração no lobby cristão-sionista. Isso explica o frenesi de boas-vindas que fez estremecer a arena global, coordenado pelos suspeitos de sempre em todo o Excepcionalistão. 

John Bolton, assassino psicopata, quase teve um orgasmo, ao elogiar Bolsonaro. E já foi anunciada a iniciativa, macaqueada de Trump, de transferir a embaixada brasileira, de Telavive para Jerusalém – que enfrenta já boicote massivo do mundo árabe, recebida a pontapés à maneira dos Irmãos Marx.

A essência do abraço entre os LBTs e o Mossad/Exército de Israel aponta para algo ainda mais sinistro: para táticas de apartheid a serem implantadas com força total no Brasil, desde drones armados atirando contra moradores de favelas, a múltiplas variações de operações militarizadas em ambiente urbano, já conceptualizados na década passada pela empresa RAND em Santa Mônica.

O que vem pela frente inclui criminalizar dezenas de milhões de brasileiros – os pobres, os idosos desassistidos, os camponeses sem terra, todas e quaisquer minorias, toda a esquerda, professores, mídia independente. Pode acontecer até de vastas áreas do território brasileiros serem convertidos em Bantustões tropicais estilo Gaza.

Melhor a resistência organizar a própria vida, fixar metas claras e plano claro. Boa lição nessa direção, brotada do gueto urbano mais barra pesadíssima dos EUA nos anos 90s, pode ajudar, como ponto de partida: “Eles controlam o dia. Nós... controlaremos a noite” *



* Ing. The Man control the day. We will…control the night”, Aphrodite & Mike Finn, “Badass”]. É fala do filme South Central [port. O Bairro Proibido, Ciclo Infernal], de 1992. Foi sampleada na trilha D&B “Aphrodite & Mickey Finn”, “Bad Ass” (Urban Mix)". A fala completa do filme é: “As gangues têm de ser a principal força nas ruas de Los Angeles. Então, NÓS temos de ser a gangue mais forte de Los Angeles. Nos metem na cadeia? Tomamos a cadeia e o estado também. Meu pai e o pai de Zed estão na cadeia hoje. Por que? Porque em 1965, com os brancos, eles tentaram controlar o dia. Não podemos controlar o dia. Eles [The Man] controlam o dia. Nós... controlaremos a noite” [NTs].

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