Por que a Europa está tentando sabotar o acordo nuclear do Irã?

Moon of Alabama

O acordo nuclear com o Irã, o Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA), limita as atividades nucleares do Irã por 15 anos . Após esse período, o Irã ainda estaria vinculado ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear e ao seu Protocolo Adicional. Mas o Irã estaria livre para produzir urânio enriquecido para seus reatores nucleares.

Em outubro de 2017, os EUA deixaram o tratado e reintroduziram sanções econômicas contra o Irã. Mas os signatários europeus, França, Grã-Bretanha e Alemanha, disseram que manteriam o acordo. Gérard Araud, o embaixador da França nos Estados Unidos, twittou nessa época:

Gérard Araud @GerardAraud - 19:25 utc - 8 set 2017 A França não apoia qualquer reabertura do JCPOA, que deve ser implementado como está.

A França e a Alemanha criaram uma estrutura complicada para permitir algum trato comercial com o Irã, enquanto escapam das ameaças secundárias de sanções dos EUA. O líder supremo Khamenei do Irã chamou a construção(esquema) de "uma piada", uma vez que dificilmente permitirá qualquer comércio sério.

Na semana passada, a Alemanha, a Grã-Bretanha e a França também aumentaram a irritação do Irã falando sobre seu programa de mísseis balísticos. O Irã rejeitou duramente (vid, recomendado) qualquer crítica desse tipo. Por muito tempo, o irã limitou voluntariamente o alcance de seus mísseis a 2.000 quilômetros. Como não tem força aérea moderna, mísseis são seu único meio de manter em risco os ativos de seus inimigos no Oriente Médio,ele Nunca desistirá deles.

O Irã adere ao seu lado do acordo do JCPOA. Limita suas atividades nucleares, permitindo o acesso total da AIEA nas inspeções no país. Com as sanções dos Estados Unidos se acumulando enquanto os europeus não estão dispostos a apoiar o intercâmbio comercial regular e a especulação sobre os mísseis balísticos do Irã, torna-se cada vez mais difícil para os políticos iranianos justificar o acordo. Se os EUA e a UE não cumprem a sua parte do acordo, por que o Irã deveria fazê-lo?

Os europeus continuam a arrastar os pés. Na semana passada, o Royal Mail na Grã-Bretanha disse que não aceitaria encomendas para o Irã. Nenhuma razão foi dada. Ontem, Gérard Araud, que em 2017 defendeu o acordo nuclear, decidiu colocar em dúvida:

Gérard Araud @GerardAraud - 19:10 utc - 13 abr 2019É falso dizer que, no final do JCPOA, o Irã terá permissão para enriquecer urânio. Sob o TNP e seu protocolo adicional, ele terá que provar, sob estrito monitoramento, que suas atividades nucleares são civis.
Gérard Araud @GerardAraud - 19:17 utc - 13 abr 2019
Como dissemos em 2002 o enriquecimento de urânio sem um programa civil credível é ilegal sob o TNP, poderemos reagir da mesma forma em 2025, se necessário. Sanções foram impostas. As sanções podem ser reimpostas, Não há "pôr do sol" após o JCPOA.
Gérard Araud @GerardAraud - 19:20 utc - 13 abr 2019
A Rússia está fornecendo urânio enriquecido para a usina nuclear Busheer. Portanto, não haverá qualquer razão concebível para o Irã enriquecer maciçamente o urânio depois do JCPOA.

A Alemanha deveria parar de construir o gasoduto Nord Stream II porque é supostamente perigoso depender das importações de gás da Rússia. Mas o Irã deve confiar na Rússia com o fornecimento de urânio para suas usinas nucleares? Por que a Alemanha pode enriquecer urânio para suas usinas nucleares? A Rússia certamente poderia fornecer isso também.

Após o término da moratória de 15 anos no âmbito do JCPOA, o Irã é naturalmente livre para produzir seu próprio urânio para suas próprias usinas nucleares. Não há nada nas leis internacionais que exija que o Irã continue comprando da Rússia. A declaração de Araud não faz sentido.

Na manhã de hoje, o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã respondeu a Araud:

Seyed Abbas Araghchi @araghchi - 9:02 utc - 14 abr 2019Se tweets da @GerardAraud representam a posição francesa, estamos enfrentando uma grande violação do objetivo e propósito do JCPOA e UNSCR 2231. Precisa-se de esclarecimento imediato por parte de Paris, ou agiremos de acordo.

Parece que a Alemanha, a Inglaterra e a França estão inclinados a tornar cada vez mais difícil para o Irã manter o acordo JCPOA. Eles estão jogando nas mãos dos falcões neoconservadores dos EUA que querem que o Irã saia do acordo para, então, alegar ter razão para atacá-lo.
Como na guerra contra a Síria, seriam os europeus que sofreriam com qualquer conflito dos EUA com o Irã. Por que eles estão jogando este jogo?
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Atualização 13:20 EST
Parece que Gérard Araud recebeu uma chamada urgente do Quai d'Orsay ou do Palácio Elysée, e foi-lhe dito que apagasse seus tweets:

Mohammad Ali Shabani @mashabani - 15:46 utc - 14 abr 2019Ambos francês para os EUA (recentemente aposentado) removeu tweets renegando os pilares do JCPOA e implicando a reimposição de sanções se o Irã expandir o enriquecimento (como permitido pelo JCPOA) após 2025.
Aqui está a esperança de uma nova abordagem francesa para o Irã. A atual é um navio afundando.

Sem que eu saiba, Araud de fato se aposentou. Sua festa de muito bem foi em 3 de abril. Sua biografia no twitter ainda o tem como atual embaixador.

Por que então ele iria twittar isso? O conteúdo estava correto, mas publicado prematuramente? Ou aqueles twittaram sua candidatura para alguma posição bem remunerada neste ou naquele think tank hawkish?