A ideia da integração europeia transformou-se numa arma eficaz da oposição ucraniana na luta contra o atual poder, dizem peritos. Ao mesmo tempo, a própria integração europeia e o destino de Tymoshenko, tal como outras exigências da oposição e da Europa perderam, pelo visto, a atualidade. A troca do poder é a única exigência que continua em vigor.
Há muito que a demissão do governo ucraniano é exigência principal da oposição. A renúncia a assinar um acordo de associação com a União Europeia foi apenas um pretexto para iniciar distúrbios. Já começando a lutar pelo afastamento do poder atual, a oposição esqueceu logo tanto a integração europeia e os presos políticos, como o tratamento de Yulia Tymoshenko. Comenta o diretor do Instituto de Países da CEI, Konstantin Zatulin:
“Hoje, ao que tudo indica, as pessoas que se reuniram na praça da Independência ou, mais exatamente, seus inspiradores, não aceitam praticamente um diálogo com o poder. Ganharam coragem, exigindo a demissão de todos os ramos de poder da Ucrânia sem exceção, inclusive o presidente, o governo e a Suprema Rada. Já não se trata de atos de protesto, mas de uma tentativa evidente de golpe de Estado rastejante”.
Os atos de protesto em Kiev levaram a Ucrânia a uma crise política profunda, considera o diretor do centro de pesquisas políticas aplicadas Penta, Vladimir Fesenko:
“A crise continua no país e já não se trata de simples atos de protesto provocados pela renúncia à integração europeia. A crise de hoje está refletindo a desconfiança em relação ao poder atual, o descontentamento provocado, inclusive, pelo uso não adequado da força por representantes do poder em 30 de novembro e, posteriormente, pela tentativa de dispersar o chamado Euromaidan em 11 de dezembro”.
Peritos ucranianos sustentam que se não fossem os acontecimentos na noite de 30 de novembro, teriam sido empreendidas algumas outras ações. Logo que Yanukovich renunciou a assinar o Acordo, foi ativado um “mecanismo de derrota do poder”. A integração europeia e a tentativa de dispersar pela força o chamado Euromaidan (movimento pró-europeu) foram apenas gatilhos, enquanto os ânimos de protesto se estimulam artificialmente. Os atos semelhantes em outros países não foram tão ressonantes nem nos próprios países, nem na comunidade mundial, destaca Konstantin Zatulin:
“Lembre-se que há pouco algumas pessoas foram mortas em resultado da dispersão de manifestações em Tbilissi nos tempos de Saakashvili. Algumas pessoas foram mortas também em acontecimentos na Turquia, pais que entra na zona de livre comércio e de associação com a União Europeia. Ninguém na Turquia e na Geórgia pretendia efetuar um ´açoitamento público´ por este motivo e nenhum departamento de Estado não exigia sanções por esta causa”.
As exigências de introduzir sanções pela dispersão do Euromaidan, os apelos à integração europeia ou à libertação de Yulia Tymoshenko passaram para o segundo plano para a oposição ucraniana. Os seus líderes ignoram as tentativas do governo de regularizar pacificamente a situação e não aceitam qualquer diálogo. A troca do poder continua a ser a sua principal exigência.
Voz da Rússia
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
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Ucrânia: oposição esqueceu Tymoshenko na luta pelo poder
Ucrânia: oposição esqueceu Tymoshenko na luta pelo poder
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