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sábado, 25 de janeiro de 2014

A expedição africana da França

tropas da França, Mali, África
Os resultados das operações militares do Ocidente no Oriente são evidentes: problemas difíceis transformaram-se em insolúveis e as pessoas infelizes tornaram-se ainda mais infelizes. Estará a França na África pronta para semelhantes resultados da solução das suas tarefas no campo da política externa?

A 19 de janeiro, Bashar Assad, numa entrevista à agência AFP, declarou: “Hoje, ou a política europeia se forma com a bênção americana, ou a política americana é assimilada pelos europeus como sua própria”. Segundo ele, nem a Europa, nem a França em particular estão hoje em condições de desempenhar qualquer papel no futuro da Síria e dos países vizinhos.

Mas, parece que a França pretende desempenhar esse papel na “sua” África. No dia 21 de janeiro, Jean-Yves Le Drian, ministro da Defesa, anunciou “a expansão da presença militar na tradicional esfera de influência de França: nos países do Sahel. Em Adidjan, capital econômica da Costa do Marfim, será criado um centro de apoio de todas as bases e operações das tropas francesas; em Ndjamena, capital do Chade, um centro regional da Força Aérea da França e uma base de aviação militar. Em Niamey, na capital do Níger, serão instalados aparelhos voadores não pilotados.

Os EUA estão completamente satisfeitos com semelhante divisão de esferas de influência. Segundo Mark Schroder, perito da Stratfor, a França livra os EUA da necessidade de reagir às crises nos países onde Washington não tem sérios interesses.

Mas, nem tudo é assim tão simples. A defesa dos interesses nacionais pressupõe despesas consideráveis. É verdade que, tendo como fundo a redução significativa das despesas orçamentais, a França conseguiu manter o orçamento militar ao nível anterior: 31,4 mil milhões de euros. Mas as despesas completamente indefinidas com operações ultramarinas não estão previstas nele e as despesas anuais no Mali já custaram a Paris em 650 milhões de euros. O orçamento da operação que começou na República Centro-Africana é difícil de determinar, porque a situação alí mostrou ser muito pior do que se pensava.

Por enquanto não tem sido possível atrair os vizinhos europeus para esse financiamento. Na cupula da UE, realizada em Bruxelas em dezembro de 2013, Hollande tentou conseguir que a operação militar na República Centro-Africana fosse considerada europeia, para receber automaticamente ajuda financeira da UE. Foi-lhe recusado. Segundo Ângela Merkel, “nós não podemos financiar uma operação se não participámos no processo da tomada de decisões sobre ele desde o início”. Mas a persuasão continua. Recentemente, Le Drian encontrou-se em Paris com a sua colega alemão Ursula von der Leyen. Além do mais, discutiu-se “operações de forças da UE” em África.

Mas, o problema do dinheiro não influi de forma alguma nos planos. Numa entrevista à Associated Press, Le Drian declarou que, na luta contra o terrorismo, a França avança para uma expedição regional que abrange o Chade, Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger e Mali: “Reorganizamos o esquemas de aquartelamento na África para reagir o mais rapidamente possível a potenciais crises”.

A imposição da paz exige não só dinheiro e tempo, mas também soldados. Até 2019, a França planeja reduzir as forças armadas em 80 mil homens. Desconhece-se como isso irá se refletir nas forças expedicionárias. Mas, na África, não pretendem aumentar o contingente militar. Segundo Le Drian, “na região de Sahel continuará o mesmo número de soldados: 3 mil, mas serão organizados de outra forma”.

Porém, a experiência mostra que é difícil prever as mudanças da situação nessas operações. No Mali, o contingente francês já está a ser reduzido, mas, na República Centro-Africana, viu-se que 1 600 soldados eram insuficientes. Catherine Samba Panza, presidente interina do país, já declarou que “o número de soldados atual não é sequer suficiente para manter a ordem em Bangui. Se queremos restabelecer a paz em todo o território, serão necessários mais soldados”.

As últimas operações do Ocidente no Oriente foram realizadas por coligações de países com recursos e orçamentos ilimitados. Os resultados são lamentáveis. A França espera ter outro resultado na África. Esperemos que a África também.

Voz da Rússia

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