Todavia, Seul parece não estar disposta a introduzir sanções contra Moscou seguindo o exemplo dos países do Ocidente. A Coreia do Sul não pretende perder o mercado russo, considera o dirigente do Centro de Pesquisas Coreanas junto do Instituto do Oriente Médio, Alexander Zhebin:
“Acho que Seul sabe calcular as consequências das sanções russas perante uma acérrima concorrência pelos mercados de escoamento e de matérias-primas. A Coreia do Sul está interessada em exportação de diversos produtos altamente tecnológicos. Um peso das exportações de tecnologias sensíveis mantém-se elevado, como no caso dos smartphones Samsung. Diante de eventuais limitações para os artigos dos EUA, a Coreia do Sul poderá alargar suas posições no mercado russo. O mesmo se refere aos automóveis sul-coreanos. Seul é o terceiro parceiro comercial da Rússia no mercado asiático depois da China e do Japão. Perder um mercado tão vasto como o russo seria desvantajoso, razão pela qual a Coreia do Sul se opõe à política de sanções. Constatamos que até hoje a direcção sul-coreana consegue fazer frente a uma pressão sem precedentes por parte de Washington. Os EUA tinham tentado atrair Seul para a coligação antirrussa, mas falharam nessa tentativa”.
Há já muito que a Coreia do Sul está sonhando com a diversificação de fornecimentos de gás. Hoje, a maior parte dos fornecimentos se realiza a partir da instável região do Oriente Médio. O gás tem sido transportado por via marítima devido aos riscos de ataques de piratas.
“Atualmente se verifica a instabilidade no mar de China Meridional face a disputas territoriais entre a China e seus vizinhos", prossegue Alexander Zhebin. "Por isso, Seul está interessada em encontrar vias de fornecimento seguras. Para a Coreia do Sul será vantajoso receber gás da Rússia situada perto. Tanto mais que Moscou tem uma reputação de um fornecedor seguro. Seul se mostra interessada em construção de um oleoduto e de uma linha de transmissão elétrica”.
De notar que a Rússia está promovendo uma série de projetos de grande porte em que se empenham ambas as Coreias – a construção de um gasoduto através da Coreia do Norte e da Coreia do Sul e a ligação de uma ferrovia com a via férrea transiberiana.
Todavia, nessa área Washington não deixa de empreender esforços para impedir a realização desses projetos trilaterais. Os EUA insistem em que Seul afaste os prazos de sua realização concreta, embora os projetos sejam realmente vantajosos para a Coreia do Sul, adianta Alexander Zhebin:
“Um projeto mais aliciante e avançado, cuja realização já se iniciou, é a conexão de duas ferrovias com a saída para a Europa. O projeto se enquadra na iniciativa euro-asiática, tornada pública pela presidente, Park Geun-hye. A sua realização poderá, sem a sombra de dúvida, vir a sanear a situação regional e na península da Coreia. Segundo as estimativas, os projetos poderão surtir um efeito econômico e político para todos os participantes”.
O tema das sanções antirrussas se manifesta cada vez mais ineficiente sob o pano de fundo da crise econômica. Por isso, as conversas sobre a provável adesão às sanções contra a Rússia de outros países têm objectivos meramente propagandísticos. Os EUA pretendem fazer recurso à mídia para manter a respetiva temática sancionista, desviando a atenção das falhas cometidas na sua política externa na Síria e no Iraque.
Voz da Rússia
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_08_27/quem-vai-perder-na-guerra-das-sancoes-7574/
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