Interessante artigo da IHS Jane´s sobre a forma como recentemente apareceram dois interceptadres MiG-31 ao largo da costa da América do Norte sinalizando a intenção da Rússia de empregar o MiG-31 em operações ofensivas.
O aparecimento de dois interceptadores MiG-31 como parte de um grupo de seis aeronaves da VVS (Força Aérea russa) e interceptados por aviões da força aérea canadense e americana entre os dias 17 e 18 de setembro, sugere uma mudança na abordagem da Rússia para operações ofensivas.
De acordo com autoridades norte-americanas, o grupo incluiu dois MiG-31, dois bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-95 e dois Ilyushin Il-78 modificados para a missão de reabastecimento aéreo. Esta foi a 50ª interceptação nos ultimos 5 anos.
Embora bastante comum durante a Guerra Fria, os exercícios da VVS de ataque simulado contra a América do Norte caíram com o colapso da URSS. Nos ultimos anos a força russa ressurgiu ao mesmo tempo em que as relações entre Washington e Moscou se deterioraram.
A primeira interceptação ocorreu ás 1900 horas, horario local, em 17 de setembro por dois F-22 da USAF operando a cerca de 55 milhas nauticas da costa do Alasca. A segunda ocorreu as 0130 horas em 18 de setembro e foi por dois CF-18 Hornet da Real Força Aérea Canadense a cerca de 40 milhas nauticas da costa canadense no mar de Beaufort.
Ambas as interceptações foram bem dentro da zona de identificação de defesa aérea de 200 milhas, embora em nenhum dos casos as aeronaves russas entraram no espaço aéreo dos EUA ou canadense.
Um porta-voz do Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (North American Aerospace Defence Command – NORAD), tenente-coronel Michael Jazdyk, disse a jornalistas que as aeronaves foram enviadas “basicamente para que eles (russos) saibam que nós os vemos, e em caso de uma ameaça, para que eles saibam que estamos lá para proteger o nosso espaço aéreo soberano”.
O MiG-31 foi projetado e construído durante a era soviética, quase exclusivamente como um sistema de arma defensiva, num momento em que havia duas forças aéreas separadas geridas por militares: a VVS e as forças de defesa aérea (PVO). Ambos os serviços operavam aviões de combate, mas a missão da VVS era apoiar as operações ofensivas de forças terrestres convencionais e bombardeiros nucleares. Já a missão da PVO era defender o espaço aéreo da União Soviética e interceptar aeronaves inimigas.
As exigências da PVO tornou-se uma prioridade maior do que as da VVS, e o serviço de defesa aérea operava aeronaves mais sofisticadas. Um dos mais famosos desertores da URSS, tenente Viktor Belenko, que desertou com seu MiG-25 para Hokkaido, no Japão, era um piloto da PVO e não da linha de frente da VVS.
Ambos os MiG-31 e seu antecessor, o MiG-25, foram projetados exclusivamente para a missão da PVO e não eram atendiam aos requisitos da VVS. “Eram dois serviços rivais e diferentes”, explicou o veterano designer de aeronaves russas. “Mikoyan foi contratado para projetar o MiG-31 para a PVO porque as forças de defesa aérea não queriam apenas estar satisfeita com a compra de aviões projetados para a VVS (neste espaço de tempo o mais novo e mais moderno avião da VVS era o Sukhoi Su-27) da mesma forma que a Marinha dos EUA não quer e nunca mais vai adquirir caças que foram projetados para a USAF”.
Quando os dois serviços foram fundidas em 1998, a VSS encontrou-se em controle de equipamentos da qual não estava familiarizado. Foi realizada uma revisão do ambiente de segurança pós-Guerra Fria para determinar como os novos papéis dos serviços combinados e missões que talvez fossem necessárias alterar.
Isto resultou em modificações na aeronave – a variante MiG-31BM – que incluiu uma modernização de seu radar e aviônicos e a adição de uma sonda de reabastecimento ar-ar que se aumentou a autonomia de combustível interno de 1.450 km para 5.400 km.
A mudança mais significativa foi à integração de um novo míssil que é um derivado do R-33 (AA-9) ar-ar, recentemente designado o RVV-BD (míssil ar-ar Vympel – Long Range/longo alcance).
O RVV-BD foi originalmente destinado a abater os Boeing E-3 AWACS da OTAN. Parece que agora ele será empregado para interceptar mísseis de cruzeiro ou para equipar os caças que escoltam os bombardeiros voando sobre as regiões polares para atacar alvos na América do Norte.
O desenvolvimento de uma nova missão para o MiG-31 levou algum tempo, porque durante o período soviético os dois serviços – VVS e PVO – nunca realizavam exercícios conjuntos, disse o projetista de aviões russo, mas este incidente mostra que os tempos mudaram…
FONTE: IHS Jane’s – Tradução e edição: CAVOK
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