No domingo na Ucrânia deverão decorrer eleições para o parlamento. A Europa e os EUA veem-nas como mais uma prova do movimento da Ucrânia em direção à liberdade e à democracia. A Rússia é menos otimista. Esta receia que as eleições reforcem as posições dos nacionalistas ucranianos como o líder do Partido Radical Oleg Lyashko.
O problema dele não é apenas odiar os russos (que constituem, aliás, uma grande parte da população ucraniana) e a Rússia. Ele odeia o presidente em exercício Piotr Poroshenko, considerando-o como um covarde e traidor aos ideais da revolução da praça Maidan.
Já a deputada ao parlamento pela união ucraniana Liberdade Irina Farion admira Hitler e propõe o fuzilamento de todos os ucranianos cujos sobrenomes terminem em “ko”, pelo visto também o presidente Poroshenko.
O que é ainda pior é que Poroshenko não tem a mínima consideração por parte não apenas dos políticos nacionalistas, mas também por parte dos militares ucranianos, os quais deveriam obedecer-lhe na qualidade de comandante supremo das forças armadas. Mas não lhe obedecem. Isso é demonstrado pelos ataques regulares contra os distritos de Lugansk e de Donetsk apesar da existência de um cessar-fogo aprovado por Poroshenko.
Os militares ucranianos aproveitaram a trégua para recuperar suas forças e agora estão preparados para atacar com mísseis, artilharia pesada e tanques contra o bastião da resistência do sudeste – Donetsk. Segundo demonstram gravações de conversas telefônicas entre oficiais ucranianos obtidas por jornalistas, eles estão preparados para reiniciar os combates contra as milícias, mesmo que Poroshenko, sendo um político cuidadoso, não emita essa ordem.
Considerando que durante as últimas semanas os militares concentraram junto a Donetsk forças consideráveis e o fato de, durante a trégua, milhares de refugiados terem regressado a suas casas, uma ofensiva contra a cidade poderá resultar numa grande quantidade de vítimas civis e destruições maciças de habitações e infraestruturas. Tendo em conta a rápida aproximação das baixas temperaturas isso poderá ter consequências verdadeiramente catastróficas.
Os milicianos de Donetsk sabem das intenções dos militares de se quererem desforrar das derrotas recentes e estão prontos a dar uma resposta digna. Isso significa que o exército ucraniano e a Guarda Nacional que o apoia não irão obter uma vitória fácil, mas sim enfrentar combates renhidos e muitas baixas. Possivelmente eles sofrerão mais uma derrota.
Podemos não ter dúvidas que quaisquer problemas que os militares ucranianos possam enfrentar serão atribuídos à Rússia pelo Ocidente, o qual aprovará mais um pacote de sanções. Os norte-americanos já se gabam de ter conseguido convencer países asiáticos a apoiar as sanções, em primeiro lugar o Japão.
Contudo, os habitantes da União Europeia e dos EUA que tenham alguma inteligência percebem que as sanções já aprovadas não obtiveram os resultados esperados, ou seja, não dividiram, mas antes uniram a sociedade russa. Assim como veem os efeitos dolorosos da resposta da Rússia sobre a economia europeia.
Aqueles que, além da inteligência, também têm consciência, reconhecem que castigar a Rússia pela situação na Ucrânia não tinha fundamentos. Porque tanto o Maidan, como o derrube do presidente legítimo Yanukovich, como a ativação de nazistas declarados, como a divisão que esses acontecimentos provocaram na sociedade ucraniana e a guerra civil que se seguiu, não foram organizados pela Rússia.
Ela não reconhece a culpa pela crise ucraniana e vê as sanções ocidentais como um instrumento para a realização da política dos EUA, os quais pretendem não permitir o renascimento da Rússia como um verdadeiro concorrente dos norte-americanos na arena internacional. Mas ela não pretende desistir de seus objetivos os quais, ao contrário dos objetivos estadunidenses, não consistem na obtenção do domínio mundial, mas na criação de condições normais para seu próprio desenvolvimento, incluindo a paz e a estabilidade no espaço eurasiático.
A intenção da Rússia não ceder às pressões do Ocidente foi declarado com firmeza no fórum Valdai em Sochi. Isso significa que a Rússia está pronta a aceitar novos desafios e provações, inclusive as que podem resultar do desenvolvimento da situação na Ucrânia nos dias mais próximos. A questão é se o Ocidente está preparado para essas provações.
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