Recentemente, o presidente da Rosatom, Serguei Kirienko, qualificou a China como principal concorrente futuro da Rússia no mercado mundial de energia atômica, destacando que a Rússia conseguiu ultrapassar os EUA, França e Japão que tradicionalmente entram na lista dos cinco primeiros países nesse setor. Mas, dentro de pouco tempo, será necessário competir muito intensamente nomeadamente com reatores chineses, prognostica Serguei Kirienko.
Contudo, esta probabilidade não impedirá a cooperação russo-chinesa na construção de usinas atômicas em terceiros países, considera o diretor do Centro de Energia e Segurança, Anton Khlopkov:
“As tecnologias propostas até hoje pela China para a exportação dizem respeito a reatores de segunda geração, no máximo. A Rússia propõe reatores 3+, ou seja em uma e meia geração mais perfeitos do ponto de vista de segurança. O acidente na central de Fukushima demostrou a importância da segurança. É pouco provável que a China possa exportar menos que daqui a 5-7 anos reatores de terceira geração, padrão mínimo de segurança no mercado mundial. Portanto a Rússia tem vantagens nesse aspeto”.
A Rússia tem número bastante grande de encomendas de construção de usinas atômicas em que poderia contar com a assistência da China, considera Anton Khlopkov:
“O primeiro passo é financiamento conjunto. A Rússia realiza muitos projetos no estrangeiro concedendo em parte considerável créditos para sua concretização. Alguns projetos são apoiados até 90% por créditos concedidos por bancos russos. A China, se estivar interessada, poderia participar desse financiamento.
É possível também a participação de companhias chinesas da produção de alguns equipamentos para usinas atômicas. Este é o segundo aspeto da possível cooperação em mercados de terceiros países. O volume de encomendas da Rússia no estrangeiro torna possível atrair terceiros países a uma parte de subcontratos.
Levando em conta a experiência na produção de equipamentos e a existência de uma base metalomecânica, a China poderia participar dessa atividade. Ao mesmo tempo, o preço proposto por empresas chinesas é muito competitivo no mercado mundial”.
Mais uma orientação é a participação de engenheiros e trabalhadores chineses na realização de projetos. Aqui é importante uma atitude equilibrada – a Rússia dispõe de uma série de inovações tecnológicas que devem continuar a ser confidenciais após a construção de usinas atômicas em princípios de cooperação.
A China tem grande experiência de construção simultânea de centrais atômicas – o país está montando 28 reatores nucleares. Ao mesmo tempo, a sua mão de obra custa muito menos que na Rússia. Por isso, devido a um grande volume de encomendas, é possível atrair especialistas chineses à realização de vários projetos que não podem ser concretizados exclusivamente por técnicos russos.
Formatos de cooperação na construção de usinas atômicas em terceiros países serão estudados na próxima reunião da subcomissão russo-chinesa para questões nucleares. Será necessário discutir também a participação da Rússia da construção de centrais nucleares em regiões continentais da China, assim como de usinas atômicas flutuantes para o país. A China está interessada na possibilidade de utilizar centrais atômicas flutuantes, em primeiro lugar para abastecer com energia territórios insulares e jazidas de hidrocarbonetos na plataforma continental.
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