As autoridades ucranianas chamam a este dia “histórico”. O Acordo de Associação com a UE entrou em vigor no dia 1 de novembro. Entretanto, os economistas que pensam de forma mais adequada discutem o que poderá salvar o país da falência e quando chegará a derrocada: no próximo ano ou já nas festas do Ano Novo. Como será a porta de entrada no “paraíso europeu” para a Ucrânia?
O Acordo de Associação com a União Europeia entra “plenamente em vigor” a partir de 1 de novembro, declarou o presidente Poroshenko nos finais de setembro. Embora, recentemente, nas conversações entre a Ucrânia, União Europeia e Rússia, tenha sido decidido que o “plenamente” aguardará até janeiro de 2016. Mas Piotr Poroshenko simplesmente pensou e decidiu que os acordos internacionais não foram escritos para ele. E, por conseguinte, também começa a vigorar a zona de comércio livro entre a Ucrânia e a UE. Mas o que ganharão os ucranianos com isso?
Primeiro, Moscou, tal como prometeu, imporá medidas de defesa. Ou seja, a Ucrânia pode esquecer o comércio livre com a Rússia e, mais provavelmente, todo o mercado russo. A esse propósito pronunciou-se de forma surpreendentemen te sensata para um político ucraniano o ministro das Finanças Alexander Shlapak. Segundo ele, a política iniciada pela Rússia de substituição das importações já prejudicou substancialmente a economia ucraniana. Só nos meses passados deste ano, a Ucrânia perdeu cerca de 3,5 biliões de dólares nas trocas com os parceiros russos.
No restantes dois meses, continua Shlapak, o país perderá mais 1,5 biliões, ou seja, durante todo o ano, os prejuízos serão de cinco biliões. Por isso, resume o ministro, a economia ucrânia sofreu uma derrocada total do ponto de vista das relações comerciais.
Mas será que a associação com a Europa deverá precisamente corrigir a situação? Infelizmente, semelhante fim é pouco provável. O mercado dos produtos não se abrirá tão cedo para a Ucrânia, se é que algum dia se abrirá. Segundo Andrei Vadzhra, politólogo de Kiev, a maioria dos exportadores ucranianos não correspondem aos padrões e exigências do mercado europeu.
Para vender a sua produção, as empresas necessitam de obter certificados e licenças que poderão confirmar a correspondência dos produtos com as normas europeias. E para obter essa licença, o país deverá de realizar uma enorme reconstrução, que exige investimentos de muitos biliões. Mas a Ucrânia nem sequer meios tem para o serviço corrente da dívida externa. De fato, o país está falido.
A todas essas desgraças econômicas de Kiev juntou-se ainda a operação punitiva no Sudeste, durante a qual foi destruída a maioria das grandes empresas de Donbass. Por isso, não há ninguém para produzir o que quer que seja em conformidade com os padrões europeus. E, segundo as normas da UE, as mercadorias que não corresponderem a eles não poderão ser vendidas também no território da Ucrânia. Por isso, Kiev perde não só os mercados russo e europeu, mas também o seu próprio mercado. Comprem produtos da Europa e o fim da economia ucraniana chegará.
Segundo dados do Ministério das Finanças, em setembro, a dívida externa da Ucrânia aumentou 5%: até 32 biliões de dólares. Em 2015, o país terá de pagar 6,5 biliões. I isto não inclui as dívidas pelos empréstimos que a Ucrânia recebeu antes do Banco Mundial, dos bancos russos e de outras organizações financeiras europeias.
Pelos vistos, Kiev espera superar todos esses problemas com a ajuda de americanos e europeus. Mas, tendo em conta as envergaduras desses problemas, não há muitas razões para otimismo.
Fonte: Voz da Rússia
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