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sábado, 22 de novembro de 2014

O culto ao ISIS

Tradução: Caminho Alternativo
Não. Não falamos da milenária religião do Egito, embora, geográficamente, estejamos nessa mesma zona. Nos referimos à última carta que sacaram da manga os “4 Cavaleiros do Apocalipse” – EUA, Reino Unido, União Européia e Israel – para atemorizar e aterrorizar as nações ocidentais.
Supostamente, “ISIS” significa em inglês “Islamic State of Iraq and Syria” (“Estado Islâmico do Iraque e Síria”): uma organização de dementes surgida do nada, que hoje ocupa os grandes titulares da imprensa ocidental com suas sangrentas cenas similares a dos trilers hollywoodenses nos que a realidade e a ficção se confundem para distrair, confundir e enganar as massas crédulas.
Antes de abril deste ano, quase niniguém havia ouvido falar do ISIS, nem de nenhuma outra alta deidade do panteão egípcio. E se Egito aparecia nas notícias, era maiormente pela continuas lutas sociais e políticas projetadas desde fora devido a que os egípcios pareciam não compreender qual era “o tipo de democracia que nós queremos ver” segundo explicava em março de 2011 a então secretária de estado Hillary Clinton.
Contando com financiamento de dezenas de milhares de milhões de dólares, combatentes jihadistas bem armados e treinados, e conduzido por Abu-Bakr-al-Baghdadi, seu carismático e indômito líder de negras vestimentas parecidas a de Darth Vader, ISIS nasceu com armadura e armas igual que Pallas Atenea, a deusa grega da guerra que também nasceu completa da cabeça do próprio Zeus.
A pergunta é se ISIS e seus líderes sedentos de sangue têm em mente os interesses e desejos dos muçulmanos sunitas por quem dizem combater. Será que novamente existe “alguém” oculto na escuridão aproveitando-se dos genuínos conflitos políticos, sociais e religiosos dos sunitas (e também dos xiitas) em todo Oriente Médio, desviando-os em proveito próprio e jogando-os contra um duro muro de violência e morte?
É o ISIS a versão 2.1 da “Primavera Árabe”? Uma versão potenciada que planeja desde fora o caos político e social entre grupos étnicos e políticos específicos, para assim conseguir os objetivos das grandes potências com inegáveis interesses no Oriente Médio? E não nos referimos tão somente ao petróleo, senão também ao posicionamento geopolítico como preparativo para lançar vindouras guerras contra a Rússia, Irã e outras nações.

Me diga seu nome e te direi quem és


ISIS é um dos nomes – ou deveriamos dizer, “marcas” – com a que é conhecido este muito temido grupo terrorista. Na verdade, “ISIS” parece ser o nome de um “protótipo”, por assim dizer, emanado dos laboratórios de guerra psicológica da CIA, o MI6 e Mossad, ou mais provávelmente, dos bancos de cérebros de ação psicológica que os apoia desde longe: O Instituto Tavistock de Londres? O Conselho de Relações Exteriores de Nova York? Inclusive, a mais globalizada Comissão Trilateral?
Pois “ISIS” vêm transitando uma série de estranhas mudanças de nome, todos tão rápidos como seu repentino e inesperado surgimento; quase do nada. Os nomes sob os que opera às vezes se superpõe entre si nos grandes meios ocidentais que se referem a este grupo não só como “ISIS”, senão também como “EIL” – Estado Islâmico no Levante – que resulta mais ambicioso em suas pretensões territoriais, abarcando todo o Oriente Médio e não tão somente Síria e Iraque.
Logo de superar esta inicial “crise de identidade” a organização decidiu colocar-se um nome mais curto e atrativo; mais direto ao grão: “Estado Islâmico”(EI). Muito conveniente para a “Guerra Global Contra o Terrorismo” liderada pelas Potências Ocidentais!
Pois, “Estado Islâmico” sataniza a todo o Islã.
Quase não pode se encontrar um exemplo mais brutal e grosseiro de satanizar e insultar a toda uma religião, que desta maneira fica associada a um grupo que comete espantosos assassinatos, decapitações, bombardeios, execuções em massa e violência irracional, tudo perpetrado pelo “Estado Islâmico”. Deve ser o caso de discriminação religiosa mais insolente jamais vista.

Geopolítica do “Estado Islâmico”


Mas vejamos um pouco mais de perto a guerra que vêm fazendo o Estado Islâmico. Quem são seus inimigos? A quem mais odeia? A quem ataca com maior virulência e sadismo? Tão ou mais importante: A quem NÃO ataca? A quem ignora e deixa tranquilos?
Primeiramente, “EI” centra seus piores ataques contra aquelas zonas do Iraque e Síria que não se encontram sob o controle de fantoches pró-EUA. Notoriamente, concentra seus ataques contra o governo sírio de Bashar al-Assad ao que lhe removeu vários distritos sírios incluindo o de Aleppo;
“EI” faz um chamado à “Guerra Santa” contra o Irã xiita, e tambiém contra Rússia que apoia firmemente tanto o Irã como a Síria;
Inclusive, “EI” tratou de subornar a Rússia para que mudasse de bando e unisse para juntos destruir o Irã e Síria!
“EI” ataca ferozmente os curdos e os cristãos de distintas denominações em toda a região, apontando quase exclusivamente a suas populações civís e religiosas;
Também sabemos que o “EI” teria decapitado a uma dúzia de ocidentais, filmando as estranhas “execuções” de suas vítimas em “alguna parte do deserto”, vestidos de roupa laranja como os prisioneiros de Guantânamo: o correspondente norteamericano Jim Foley, o ex-oficial da Força Aérea inglesa David Hume, o jornalista estadunidense-israelense Steven Sotloff, o trabalhador social britânico Alan Hennig, o alpinista francês Hervé Goudel, e mais recentemente outro estadunidense: Peter Kassig. “EI” também filmou com profissionalismo a suposta execução em massa de 18 soldados sírios uniformizados. Em todos estes vídeos vemos suas vítimas insólitamente calmas até seus últimos momentos jorrando sangue; alguns inclusive dirigem veementes discursos anti-norteamericanos segundos antes de ser “degolados”. Isto deixa a uma pessoa pensativa.
Se tudo soa estranho, o seguinte é ainda mais estranho: por alguma inexplicável razão, Estado Islâmico NÃO ataca os aliados dos EUA no Oriente Médio como Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Baréin. Ainda mais suspeito é o fato do “EI” não atacar Israel que a vasta maioria dos árabes considera seu maior inimigo regional;
“Estado Islâmico” nem sequer aproveitou os meses de julho e agosto em que Israel estava muito ocupada bombardeando e destruindo Gaza enquanto seu prestígio global descendeu a níveis baixo de zero. Não teria sido essa a oportunidade ideal para que “EI” utilizasse todo esse vasto poderio militar para gopear muito duro a Israel? Ainda que fosse por solidariedade com o martirizado povo palestino? Mas não. Por alguma estranha inatenção política, “EI” passou esses dois meses olhando para outro lado.
Ou seja: aqui temos o ISIS / EIL / EI assassinando a incontáveis milhares de iraquianos, sírios, curdos, cristãos, xiitas de distintas nacionalidades, enquanto que jamais tocam um fio de cabelo a Israel nem aos interesses nacionais ou internacionais dos Estados Unidos e Europa, fora da “degolação” de um punhado de reféns.
Que casualidade! O que acabamos de descrever são mais ou menos os mesmos inimigos e amigos dos “Quatro Cavalheiros del Apocalipse” que atualmente lideram sua Mega-Guerra Global contra o Terrorismo!
Me pergunto se a estratégia geopolítica do “Estado Islâmico” não estará sendo desenhada por alguma equipe muito discreta dentro do Pentágono ou do Departamento de Estado em Washington…
Observem que, logo de que Rússia freasse Obama na Síria em setembro do ano passado, os neo-conservadores sionistas – que sempre têm a última palavra nesse gigante com pés de barro que se chama Estados Unidos de Norte América – não puderam bombardear a Síria tal como fizeram no Iraque, Líbia, Afeganistão e em partes de Paquistão.
Então apareceu o “Estado Islâmico” dando aos EUA servido em bandeja de prata a “desculpa perfeita” para bombardear a Síria, voltar a bombardear o Iraque, e alistar-se para liderar “uma guerra de muitos anos” como acaba de declarar o secretário de defesa Chuck Hagel.
Naturalmente, Estado Islâmico não pode fazer isto sozinho. Conta com um pouco de ajuda de seus amigos na imprensa ocidental, que divulgam um ambiente de guerra gerando medo, terror e pânico ao pior melhor (pior!) estilo da imprensa amarela de Randolph Hearst.
Olhando a alguns desses vídeos de decapitações, se percebe a pegada de alguma equipe clandestina de produção hollywoodense. Depois de tudo, esse deserto terrivelmente soleado onde se realizam as sangrentas decapitações pode que efetivamente seja “em alguna parte da Arábia”, ou também pode que seja “nas cercanias de Los Angeles, Califórnia”.

Passemos as páginas da história mais lentamente, por favor


Como foi possível que esta organização cruel e violenta pudesse tão fácil e repentinamente apoderar-se de enormes extensões do Oriente Médio, contando com tantos assassinos “voluntários” europeus que hoje lutam cotovelo-a-cotovelo com os “combatentes pela liberdade” na Síria de ontem? E tudo sob a bandeira negra do insólito Darth Vader muçulmano.
Será ISIS/EIL/EI a primeira organização mega-terrorista lançada ao mercado “chave em mão” projetada, controlada, armada, treinada e copiosamente financiada, que inclui um módulo especial de posicionamento mediático “sangrento e assustador”? Talvez a perversa crueldade, loucura e sede sanguinária do Estado Islâmico reflita algum “valor agregado” corporativo da Consultora Blackwater ou alguma de suas afiliadas.
No ano 2002, o jornal israelense ‘Haaretz’ publicou um artigo interessante justo no momento em que os países ocidentais se alistavam a presenciar a Primeira Temporada dessa super-produção, “Guerra Global contra o Terrorismo”, onde os “bons” – EUA, Reino Unido, União Européia e Israel – lideravam uma batalha a morte contra os “maus” da Al-Qaeda, Osama bin Laden, o Afeganistão dos Talibãs e o Iraque de Saddam.
Nesse artigo publicado em 27 de junho de 2002, http://www.haaretz.com/print-edition/features/the-cult-of-isis-1.41131 seu autor Amir Oren usou o mesmo título que usamos hoje: “The Cult of ISIS” – O Culto a Isis – em momentos em que esse nome não significava nada em términos políticos. Seu autor assinalava então que “um sobrinho do falecido filósofo Isaías Berlín e um bisneto de um famoso general de Berlin se encontraram ontem em Bruxelas para falar sobre as ameaças em común as que se enfrentam Israel, Alemanha e os outros 18 países da OTAN. O sobrinho é Efraim Halevy, chefe do Mossad, a agência israelense de espionagem ou, como apresentada usualmente em inglês, o chefe do ISIS (Israel Secret Intelligence Service – Serviço Secreto de Inteligência Israelense). SIS é por sua vez o nome oficial do MI6, a versão britânica do Mossad; Halevy nasceu em Gran Bretanha e veio a Israel em sua juventude” (o ressaltado é nosso). Mais de doze anos depois, a Guerra contra o terror transitou por enormes transformações, transmutações, e mudanças. Seus mentores a reinventaram tantas vezes que hoje se transformou num processo “criativo” permanente e sem solução de continuidade.
O terror global hoje engloba novos inimigos, novos grupos terroristas, novas pandemias, novas táticas e estratégias para aterrorizar, novos “alertas de ataque terrorista”, novos “estados transgressores”, tudo convenientemente projetado, administrado e consolidado dentro de um vasto continuum planetário, pelos poderosos e submissos multimeios de imprensa ocidentais, presidentes ocidentais, e primeiros-ministros ocidentais.
Suas novas agendas requerem de novos inimigos. A Al-Qaeda de ontem é o “Estado Islâmico” de hoje; e seguramente nestes precisos momentos algum nerd se encontre trabalhando desde algum poderoso banco de cérebros projetando os vindouros inimigos de 2015, 2020 e 2030. Igual como fazem os projetistas de automóveis que projetam estilos, promovem gostos e planejam a obsolescência para gerar grandes dividendos, tanto econômicos como geopolíticos.
Desta maneira, a opinião pública mundial é enganada de forma alocada. Se trate de Armas de Destruição Massiva do Iraque, ou a ameaça da Al-Qaeda de voar mais arranha-céus desde sua sede em uma caverna do Afeganistão (se lembram?), ou Síria envenenando a sua própria população com uma arma química saudita (!), ou as bombas atômicas iranianas prontas para disparar, ou as pandemias de ebola, gripe aviária e gripe suína, ou o Antrax, ou o grande Panda Chinês e o ainda maior Urso Russo.
Este turbilhão é como tratar de ler os cartazes do caminho viajando a 200 milhas por hora. Tudo aparece borroso, alocado e nos deixa tontos.
Baixemos então a velocidade, tomemos um descanso, vejamos ao nosso redor e respiremos ar fresco (mental) assim podemos ver as coisas tal qual são, e não como querem nos fazer acreditar estes dementes “líderes mundiais” que como Mad Max na velocidade mortal pretendem chocar-nos a todos.
Finalmente, nestes tempos terríveis que vivemos tampouco estará demais dedicar alguns minutos a oração, seja qual for o Deus ou a Deusa em que cada um acredita.
Até deveríamos pedir ajuda e proteção para a humanidade a Deusa Mãe, ISIS (a verdadeira; não a versão plástica inventada pela CIA-MI6-Mossad).
Adrian Salbuchi para RT

Adrian Salbuchi
Adrian Salbuchi é analista político, autor, condutor do programa de televisão “Segunda República” pelo Canal TLV1 da Argentina. Fundador do Projeto Segunda República (PSR).http://www.proyectosegundarepublica.com/

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