Os caças serão utilizados para escoltar um C-130 que irá transportar dois prisioneiros australianos, Myuran Sukumaran e Andrew Chan, condenados à morte pelo tráfico de drogas, até a ilha de Nusa Kambangan, no Oceano Índico.
A ilha tem uma prisão de alta segurança onde ficam detidos os prisioneiros mais perigosos do país, nomeadamente assassinos, terroristas, condenados por alta corrupção e traficantes de droga. É também o local onde são executados os réus condenados à morte.
Ambos os prisioneiros, que estão atualmente na Penitenciária Kerobokan, na cidade de Bali, deverão ser transportados até o local de sua execução até o dia 27 de fevereiro.
“O comandante militar indonésio deu a ordem para que ajudássemos no deslocamento dos dois réus condenados à morte”, afirmou, no dia 22 de fevereiro, o Maj. Gen. Torry Djohar, comandante da 9º Região Militar (Kodam IX). “Um esquadrão de caças Sukhoi Su-27 será preparado para escoltar o avião C-130 Hércules que será usado para transportar os réus. Preparamos também patrulhas marítimas e medidas de segurança em terra.”
Tropas do exército também farão escoltas terrestres aos condenados em sua jornada desde a Penitenciária Kerobokan até o Aeroporto Internacional Ngurah Rai, em Bali, de onde vai decolar o C-130 transportando os detentos.
A ilha de Nusa Kambangan, comumente chamada de Alcatraz Indonésio, é um refúgio de vida selvagem que também é o local das prisões mais notórias da Indonésia, que abriga cerca de 2.000 detentos, incluindo terroristas e traficantes de drogas.
Os condenados à morte são rotineiramente levados para a floresta densa à meia-noite, de
olhos vendados, onde são executados por um pelotão de fuzilamento, com um tiro no peito.
O integrantes do pelotão de fuzilamento são retirados das forças paramilitares da Indonésia. Após a salva de tiros, se o prisioneiro ainda estiver respirando, o comandante do pelotão dispara um tiro à queima-roupa na cabeça do réu.
Onze réus estão no corredor da morte, na Indonésia. Todos condenados por tráfico de drogas, incluindo brasileiro (paranaense) Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, preso em julho de 2004 após tentar entrar na Indonésia com 6kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe. A Indonésia tem uma das mais severas legislações contra o tráfico de drogas do mundo.
Autoridades australianas também lançaram uma forte campanha diplomática pelas vidas de Myuran Sukumaran e Andrew Chan, líderes do grupo de tráfico de drogas conhecido como “Os Nove de Bali”. Eles foram presos em Bali em 2005.
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, disse nesta terça-feira (24) que nações estrangeiras não devem interferir no direito de seu país de aplicar a pena de morte. Ele afirmou ainda que a execução prevista dos 11 condenados não será adiada.
A escolta aérea dos prisioneiros deve ser encarada como uma medida política, em vez de uma necessidade efetiva de segurança. Fazendo isso, o governo indonésio reafirma seu posicionamento de que não aceita qualquer tipo de ingerência em seu sistema penal, tampouco na soberania de seu país.
No dia 18 de janeiro, a Indonésia fuzilou seis condenados por tráfico de drogas, entre eles o brasileiro (carioca) Marco Archer Cardoso Moreira. Após o fuzilamento, a presidente Dilma Rousseff – que tentou em vão salvar a vida dele – chamou para consultas o embaixador brasileiro em Jacarta para manifestar seu repúdio à execução. No mais recente desdobramento dessa crise diplomática, no dia 20 de fevereiro, a presidente Dilma Rousseff decidiu não receber as credenciais do embaixador da Indonésia no Brasil, Toto Riyanto, que foi, em seguida, chamado de volta pelo governo de seu país.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Indonésia classificou de “hostil” e “inaceitável” a atitude da presidente brasileira. Toto Riyanto ficará em Jacarta até que o Brasil marque uma data para ele apresentar suas credenciais, segundo a nota.
“Nenhum país” pode interferir na soberania indonésia, continua o texto.
“Nenhum país” pode interferir na soberania indonésia, continua o texto.
Leia a íntegra da nota do governo indonésio:
“O Ministério das Relações Exteriores da República da Indonésia lamenta profundamente a ação do governo brasileiro de abruptamente adiar a apresentação de credenciais do embaixador da Indonésia designado para o Brasil, Toto Riyanto, depois de ter sido formalmente convidado a apresentar as suas credenciais em cerimônia no palácio presidencial do Brasil, às 9h de 20 de fevereiro de 2015.
“O Ministério das Relações Exteriores da República da Indonésia lamenta profundamente a ação do governo brasileiro de abruptamente adiar a apresentação de credenciais do embaixador da Indonésia designado para o Brasil, Toto Riyanto, depois de ter sido formalmente convidado a apresentar as suas credenciais em cerimônia no palácio presidencial do Brasil, às 9h de 20 de fevereiro de 2015.
A maneira pela qual o ministro das Relações Exteriores do Brasil repentinamente informou o adiamento da apresentação de credenciais pelo embaixador designado pela Indonésia para o Brasil, quando o embaixador já estava no palácio, é inaceitável para a Indonésia.
O Ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador brasileiro na Indonésia às 22h de 20 de fevereiro [13h em Brasília] para transmitir toda a veemência de protesto diante do ato hostil do governo do Brasil e apresentou uma nota oficial de protesto.
O governo da Indonésia também convocou para Jacarta o embaixador da Indonésia no Brasil até que seja determinado pelo governo brasileiro a apresentação das suas credenciais.
Como um Estado democrático soberano e sistema de justiça soberano, independente e imparcial, nenhum país estrangeiro nem partido pode interferir na implementação das leis vigentes da Indonésia dentro de sua jurisdição, inclusive na aplicação de leis para lidar com o tráfico de drogas.”
Em retaliação à postura brasileira, conforme noticiado pelo Cavok, o governo indonésio afirmou estar reconsiderando a aquisição de aeronaves Super Tucano, de fabricação brasileira.
EDIÇÃO: Cavok
IMAGENS: Força Aérea Indonésia, e meramente ilustrativas
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