O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, disse esperar que todo o território tomado pelo grupo militante islâmico Boko Haram seja retomado dentro de um mês.
Análise: Will Ross, BBC News, Abuja
O presidente Jonathan pode ter enfrentado inúmeras críticas em casa e no exterior pela forma como lidou com a a ação de insurgentes no Nordeste do país, mas ele não parece disposto a admitir que foram cometidos erros.
Jonathan herdou Forças Armadas claramente assoladas por corrupção e que por décadas demonstraram uma incapacidade extraordinária para construir um arsenal adequado de armamentos – daí a luta recente por equipamentos militares, incluindo helicópteros e tanques, bem como o envolvimento de tropas dos países vizinhos.
Sua avaliação da crise do Boko Haram está, talvez, um pouco mais próxima da realidade do que as declarações eufóricas feitas pelos militares de que esta é uma guerra ganha.
Sim, alguns jihadistas foram mortos em batalha, ele me disse, mas muitos fugiram – para as fronteiras ou para a floresta de Sambisa Floresta e as montanhas Mandara, enquanto alguns, segundo ele, voltaram para as cidades.
Eles já podem não controlar muitos territórios, mas a crise do Boko Haram está muito arraigada para sumir tão rápido.
“Eles estão ficando mais fracos a cada dia”, disse ele à BBC.
Mas o presidente – que concorre à reeleição em uma semana – admitiu que a resposta ao avanço inicial dos insurgentes no nordeste da Nigéria foi muito lenta.
O Exército tem, recentemente, reivindicado vitórias sobre o Boko Haram em um conflito que já matou milhares desde 2012.
Seus avanços coincidiram com a expansão da luta contra os militantes, envolvendo as forças armadas do Chade, Níger e Camarões.
O governo do presidente Jonathan tem sido duramente criticado por seu insucesso na luta contra os insurgentes. Ele já disse várias vezes que está virando o jogo contra a Boko Haram – mas os fatos não confirmaram isso.
O presidente adiou a eleição de fevereiro por seis semanas, dizendo que as Forças Armadas precisavam de mais tempo para dar segurança ao país.
Meninas sequestradas
Em uma entrevista exclusiva ao correspondente da BBC Will Ross, na capital Abuja, Jonathan disse: “Estou muito esperançoso de que não levaremos mais de um mês para recuperar os territórios que estão nas mãos do Boko Haram.”
No início desta semana, o Exército nigeriano disse que os militantes já não controlavam nenhum centro urbano em Yobe e Adamawa – dois dos três Estados mais afetados no nordeste do país.
O governo já fez afirmações semelhantes no passado.
Recentemente, os militares também afirmaram que o Estado de Borno, o berço do Boko Haram, logo seria liberado.
No entanto, o presidente Jonathan admitiu na entrevista que as autoridades tinham “subestimado” os militantes e que inicialmente não tinham recursos suficientes para combatê-los.
Credito:AFP PHOTO / NIGERIAN ARMY
Exército afirma que está avançando sob territórios dominados pelo Boko Haram
Jonathan disse que novos equipamentos militares, bem como a cooperação com países vizinhos, ajudaram a empurrar os jihadistas para fora das cidades e vilarejos.
O presidente também disse que as autoridades continuarão a busca pelas 219 alunas sequestradas de Chibok pelo Boko Haram no ano passado.
A eleição presidencial na Nigéria está marcada para 28 de março.
O Boko Haram
Fundado em 2002, inicialmente centrado em combater a educação de estilo ocidental
Boko Haram significa “educação ocidental é proibido” na língua hausa
Lançaram operações militares em 2009 para criar um Estado islâmico
Provocaram milhares de mortes, em sua maioria, no nordeste da Nigéria
Também atacaram a polícia e a sede da ONU no capital, Abuja
Sequestraram centenas de pessoas, incluindo pelo menos 200 meninas estudantes
Controlam várias cidades no nordeste do país
Anunciaram uma aliança com o “Estado Islâmico” em 2015
Fonte: BBC Brasil
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