O escritório de responsabilidade do governo para o Programa F135 (GAO – Government Accountability Office) e o Pentágono apuraram problemas com o programa do motor F135.
Os motores do F-35 da United Technologies Corp.(Pratt & Whitney) estão se provando pouco fiáveis, o que pode atrasar os planos dos EUA para aumentar a produção do jato, de acordo com os auditores do Congresso.
Os dados de testes de voo avaliados pelo GAO mostraram que a confiabilidade dos motores da empresa é “muito pobre (menos da metade do projetado) e tem limitado o “progresso do F-35, o mais caro sistema de armas dos EUA.”
O GAO citou a necessidade de se fazer alterações no desenho dos motores e, em seguida, equipar aviões já construídos. Junto com as falhas que persistem no software do avião, um relatório alertou o Departamento de Defesa os planos de aquisições podem não ser viáveis. Os militares planejam gastar US$ 391,1 bilhões para uma frota de 2.443 jatos F-35.
O Pentágono divulgou um relatório separado criticando a gestão do programa do motor. O relatório cita 61 ‘não coformidades’ para com as exigências e as políticas do Departamento de Defesa.
A partir do final de dezembro, os motores do complexo F-35B, projetado para decolagens curtas e pousos verticais, o Corpo de Fuzileiros Navais voou cerca de 47 horas entre falhas causadas por problemas de design do motor, em vez das 90 horas previstas, de acordo com funcionários GAO. Os motores dos aviões da Força Aérea e da Marinha, voaram cerca de 25 horas entre as falhas, em vez das 120 horas previstas.
Matthew Bates, porta-voz da Pratt & Whitney, respondeu ao GAO dizendo que ele “avaliou incorretamente a confiabilidade do motor, uma vez que novos projetos estão sendo validados e estão sendo incorporados.”
A confiabilidade do modelo F-35B “está em 71%” e “tem feito progressos de melhorias consistentes” desde 2013, disse Bates. Ele disse que o motor do F-35A “é de 147% neste momento.”
Alterações no projeto
A agência “tem confundido especificação de confiabilidade do motor e especificação de confiabilidade das aeronaves, que são medidos de forma diferente“, disse ele. “Embora o relatório tenha enumerado algumas preocupações de propulsão,” o Pentágono “validou nosso desempenho de confiabilidade.”
Michael Sullivan do GAO disse que a Pratt & Whitney “incluiu alterações de design que são validados e estão sendo incorporadas ao motor, mas ainda não foram demonstradas por meio de testes de voo.“
Bennett Croswell, presidente da Pratt & Whitney para motores militares, disse a repórteres que levará tempo para equipar os F-35 com as melhorias de confiabilidade planejadas e para acumular horas de voo reais.
Croswell disse que estava surpreso com o que o GAO chamou a confiabilidade do motor de “muito pobre”, justamente quando a P&W está atendendo ou superando suas metas.
O Pentágono e a Pratt & Whitney têm financiado iniciativas desde 2010 para melhorar a confiabilidade do motor, Joe DellaVedova, porta-voz do F-35 do escritório do programa do Departamento de Defesa, disse que “as soluções foram desenvolvidas e validadas” e já foram incorporados.
Enquanto as correções irão fornecer a confiabilidade desejada para as versões da Força Aérea e da Marinha, o F-35B dos Fuzileiros Navais “deverá ficar ligeiramente abaixo das exigências de especificação“, disse ele. A Pratt & Whitney, a única fornecedora dos motores, também tem enfrentado críticas por parte do Pentágono por não reduzir os preços de forma rápida e por lapsos de qualidade.
A questão da confiabilidade pode ser revista pelos legisladores, uma vez que o Pentágono pediu US$ 1,2 bilhões para comprar motores no próximo ano, acima dos US$ 873 milhões deste ano, com o financiamento anual subindo para US$ 2 bilhões em 2020.
O Congresso até agora aprovou pelo menos US$ 17 biliões de forma planejada dos US$ 67 bilhões para os motores do F-35, aumentando para 57 o numero de motores para o próximo ano, sendo quem serão 38 este ano, e 92 em 2020.
FONTE: Bloomberg – Tradução e edição: CAVOK
NOTA DO EDITOR: O mesmo GAO e o Inspetor Geral do Pentágono, que hoje estão preocupadíssimos com o F135 é o mesmo que deu o seu aval para o cancelamento do F136, o outro motor e segunda opção de motorização para o F-35. O F136 era um motor tão avançado quanto o F135. Desenvolvido pela General Electric em conjunto com a Rolls-Royce, foi abandonado em 2011 quando o Pentágono cancelou o seu desenvolvimento.
Inicialmente o programa F-35 previa que todos seriam propulsionados pelo motor F135 da Pratt & Whitney,mas estava previsto que os motores teriam uma concorrência a parte, a partir do 6º Lote de produção.
Em 2005, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos concedeu a GE/Rolls-Royce um contrato de US $ 2,4 bilhões para desenvolver o motor F136. O motor deveria ser apresentado até setembro de 2013, porém, em 2006 o contrato foi cancelado, deixando toda a responsabilidade do programa F-35 sobre a Pratt & Whitney. Começou aí uma batalha nos bastidores. O Congresso dos EUA entrou no jogo e o motor F136 ganhou uma sobrevida. Em 2008 o F136 completou – com muito sucesso – um programa de testes da USAF. Em 2009 o primeiro F136 de produção foi montado. A GE/RR apresentou uma oferta ao governo dos EUA. Resumindo, o F136 enfrentou muita resistência nos ‘bastidores’, até que a GE/RR, depois de injetarem muito dinheiro, desistiram de auto-financiar o motor. Como resultado, não houve concorrência nos motores e o programa F-35 ficou sem um plano B.
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