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domingo, 13 de setembro de 2015

WIKILEAKS: Telegramas de Damasco- “Como agir sobre o Governo da República Árabe Síria”


O Rei Juan Carlos I, Presidente sírio Bashar al-Assad, a sua esposa Asamaa al-Assad e a Rainha Sofia da Espanha, são recebidos no Palácio Zarzuela em visita oficial de dois dias em 1 de junho 2004 – Madrid, Espanha.
Roebruck, 2006: “Como agir sobre o Governo da República Árabe Síria”
Traduzido por Vila Vudu

ATENÇÃO: Esse telegrama é sórdido. Embaixadas dos EUA pelo mundo são como metástases de tumor canceroso que avança sempre rumo à morte e a mais e mais destruição. Nada – e olhe-se a questão por onde a olhemos – justifica que os EUA cometam a bandidagem que estão cometendo contra o povo sírio – muito mais grave, é claro, que a bandidagem que também estão cometendo contra o governo democrático e legítimo da Síria.Retirem as crianças da sala. [NTs]

IDENTIFICAÇÃO DO TELEGRAMA
Data
de criação
Distribuído
(WiliLeaks)
Classificação
Origem
13/12/2006
3/8/2011 1h44
ASSUNTO: Influenciar o Governo da República Árabe Síria (GRAS) no final de 2006
Sigilo determinado por CDA William Roebuck, por motivos 1.5 b/d
PARA: (Endereçamentos aqui omitidos)

1. RESUMO. O Governo da República Árabe Síria (GRAS; ing. ASRG) chega ao final de 2006 em posição muito mais forte, domesticamente e internacionalmente, que ao final de 2005.

Embora possa existir pressão bilateral ou multilateral que pode impactar a Síria, o regime é baseado numa pequena gangue largamente imune a qualquer pressão.

Contudo, a crescente autoconfiança de Bashar al-Asad está crescendo – e a confiança que tem nessa pequena gangue – pode levá-lo a cometer erros e decisões políticas equivocadas, que devem levá-lo a agir emocionalmente ante os desafios, e que gerarão novas oportunidades para nós. Por exemplo, a reação de Bashar ante a possibilidade do ‘tribunal Hariri’ [os EUA criaram e até hoje divulgam o mito de que a explosão que matou o ex-ministro Hariri do Líbano (14/2/2005) seria ação de sírios (NTs)], e à divulgação da Frente de Salvação Nacional de Khaddam [criada na Bélgica (NTs)] beira a irracionalidade.

Além disso, sabe-se da grande preocupação de Bashar al-Assad com a própria imagem e com como é visto internacionalmente, o que também é um ponto potencialmente frágil de seu processo de decisões. Acrecitamos que as fraquezas de Bashar estão em como ele escolhe reagir a questões emergentes, sejam reais ou não, como no caso do conflito entre passos para a reforma econômica (embora limitada) e forças corruptas entrincheiradas no governo; a questão curda; e a ameaça potencial ao regime pela crescente presença de extremistas islamistas em trânsito.
Esse telegrama resume nossa avaliação dessas vulnerabilidades e sugere que há ações, declarações e sinais que o governo dos EUA pode empreender ou emitir e que aumentarão a probabilidade de que se abram mais oportunidades desse tipo.

São propostas que precisam ser convertidas em planos e postas em prática como ações reais, e temos de estar prontos para rapidamente colher vantagens dessas oportunidades que surjam. Muitas de nossas sugestões implicam usar Diplomacia Pública e meios mais indiretos que influenciem o círculo interno do governo. – FIM DO RESUMO
________________________________________
2. (S) Agora ao final de 2006, Bashar al-Assad parece em vários sentidos mais forte do que há dois anos. O país está economicamente estável (pelo menos no curto prazo), a oposição interna contra o governo é fraca e está intimidada, as questões regionais parecem estar evoluindo como mais interessa à Síria, do ponto de vista de Damasco. Mas há algumas vulnerabilidades que permanecem e questões novas que podem oferecer novas oportunidades para aumentar a pressão sobre Bashar al-Assad e seu grupo mais íntimo. Todas as decisões de governo concentram-se em Bashar al-Assad e seu círculo íntimo raramente produz decisões táticas bem refletidas (…).

Algumas dessas vulnerabilidades, como as visões quase irracionais do regime sobre o Líbano, podem ser exploradas para pressionar o regime.

Ações que desequilibrem [o presidente] Bashar e aumentem sua insegurança nos interessam muito, porque a inexperiência dele e do círculo muito estrito de políticos que tomam decisão os deixam muito expostos a tropeços e trapalhadas diplomáticas que o podem enfraquecer domesticamente e regionalmente.

Enquanto as consequências de seus erros são difíceis de prever e os benefícios variem, se estivermos preparados para nos mover com rapidez para extrair vantagens das oportunidades que surjam, podemos ter impacto direto sobre o comportamento do regime, no ponto que nos interessa atingir – Bashar e o círculo mais próximo dele.
3. (S) No item abaixo oferecemos nosso resumo de vulnerabilidades potenciais e meios possíveis para explorá-lo:

– Vulnerabilidade:
– O TRIBUNAL E A INVESTIGAÇÃO (HARIRI) (…)
8. Mas nos parece que a grande questão para Bashar é que a dignidade e a reputação internacional da Síria sejam questionadas. Sentimentos profundos de que a Síria deve continuar a exercer domínio sobre o Líbano estão presentes nessas sensibilidades. Devemos procurar explorar esse nervo sensível, sem esperar que se constitua o tribunal [Hariri].
– AÇÃO POSSÍVEL:
– PUBLICIDADE:
Dar divulgação e ampla publicidade às consequências da investigação em curso provocará angústia pessoal em Bashar al-Assad, e pode levá-lo a agir irracionalmente. (…)
As acusações (…) chegaram bem próximas do círculo mais íntimo de Bashar al-Assad. A família não se dividiu e permanece coesa, mas é possível que haja fissuras internas, por baixo da superfície.
– Vulnerabilidade:
– ALIANÇA COM TEERÃ: Bashar al-Assad está andando num fio de navalha, nessas relações cada dia mais fortes com o Irã, buscando o necessário apoio, mas sem alienar completamente a comunidade síria de sunitas moderados, porque não se deixa ver como agente que colabora os xiitas fundamentalistas persas. (…)
– AÇÃO POSSÍVEL:
– JOGAR COM OS MEDOS SUNITAS (sunitas temem qqer influência do Irã):
Há muita gente na Síria com medo de que haja iranianos ativos na pregação pró-xiitas, buscando converter, principalmente, sunitas pobres.
Embora muitas vezes exagerados, esses medos refletem um elemento da comunidade sunita na Síria, está cada vez mais incomodada e atenta à disseminação da influência do Irã em seu país mediante atividades que vão da construção de mesquitas aos negócios.
Mas as missões saudita e egípcia aqui (além de proeminentes líderes religiosos sunitas sírios) estão dando crescente atenção a esse assunto, e nós [os norte-americanos] devemos coordenar nossos movimentos mais de perto com aqueles governos, para encontrar meios para dar mais ampla divulgação a esse assunto e forçar a atenção local a concentrar-se nessa questão.
– Vulnerabilidade:
– O CÍRCULO ÍNTIMO:
(…) A corrupção é um grande traço no círculo íntimo de Bashar al-Assad, dividido nos feudos de sempre e nas disputas internas por propinas e relacionadas à corrupção. (…)
– AÇÃO POSSÍVEL:
– Sanções dirigidas a membros do governo e seus membros são em geral consideradas positivas por muitos elementos da sociedade síria. Mas o modo como aplicar as sanções deve explorar as fissuras familiares e tornar cada vez mais fraco o círculo próximo do presidente, em vez de induzir os parentes a unirem-se ainda mais.
As sanções impostas a [Assef] Shawkat [general de exército, cunhado do presidente Assad e vice-ministro da Defesa] causaram irritação a Bashar al-Assad e foram assunto de muita discussão na comunidade empresarial aqui [Damasco]. Embora o regime consiga calar os protestos anticorrupção, acusações repetidas contra membros do círculo próximo de Assad têm considerável ressonância.
Devemos procurar meios para que a opinião pública não esqueça os nomes já sancionados por nós.

– Vulnerabilidade:

– O FATOR KHADDAM:

[Abdul Halim] Khaddam sabe onde estão escondidos os esqueletos do regime – o que provoca forte irritação em Bashar, vastamente desproporcional a qualquer apoio que Khaddam tenha dentro da Síria. O próprio Bashar al-Assad Assad, e todo seu governo em geral, acompanham com enorme interesse emocional cada notícia ou item que envolva Khaddam.

O governo reage com fúria – confissão de culpa – cada vez que outro país acolhe Khaddam ou permite que ele faça declarações públicas por jornais locais daqueles países.

– AÇÃO POSSÍVEL:

– Devemos estimular os sauditas e outros para que libertem o acesso de Khaddam aos respectivos veículos locais de mídia, dando-lhe oportunidade para fazer denúncias e expor a roupa suja do GRAS. Devemos antecipar alguma reação irracional e descontrolada do governo sírio, que possa ser usada para aprofundar o isolamento de Assad e sua separação dos vizinhos árabes.

– Vulnerabilidade:

– DIVISÕES NOS SERVIÇOS MILITARES E DE SEGURANÇA:

Bashar frequentemente se contém para não aprofundar oposições nem desafios contra quem tenha laços nos serviços militares e de segurança. E dá sinais de nervosismo quando o assunto é a lealdade dos altos oficiais (ou ex-altos oficiais) em relação a elementos que fizeram parte de governos anteriores. O círculo interno concentra forças contra quem tenha a ver com cada item da ação de corrupção. (…)

– AÇÃO POSSÍVEL:

– ESTIMULAR A CIRCULAÇÃO DE BOATOS E SINAIS DE CONSPIRAÇÃO EXTERNA INTERESSADA EM DERRUBAR O GOVERNO:

O regime de Assad é muito sensível a rumores sobre golpes e agitação nos setores de segurança e entre os militares.

Aliados regionais como Egito e Arábia Saudita devem ser encorajados a reunir-se com figuras como Khaddam e Rifat Assad como modo de manter sempre ativados os rumores, sempre com os correspondentes vazamentos sobre o que foi dito nas reuniões.

É meio que afeta diretamente a paranoia de isolamento do regime e faz aumentar a probabilidade de um passo mal pensado, não pensado ou irracional, que comprometa o governo de Bashar al-Assad.

– Vulnerabilidade:

– FORÇAS REFORMISTAS VERSUS ELITES CORRUPTAS NÃO BAATHISTS:

Bashar al-Assad vive falando de um fluxo contínuo de iniciativas de reformas econômicas e é possível que creia que esse seja seu legado para a Síria.

Embora limitadas e pouco efetivas, essas reformas foram suficientes para que os expatriados sírios voltassem a investir no país e criou pelo menos uma ilusão de crescente abertura. É importante encontrar meios para criticar publicamente os esforços de reformas de Bashar al-Assad – por exemplo, denunciar as ‘reformas’ como meio para encobrir o ‘compadrismo’ dentro do governo criará embaraços para Bashar al-Assad e minará os esforços para apresentar-se como governo legítimo.

Divulgar o mais possível a corrupção reinante na família Assad e no círculo íntimo da gangue governista terá efeito similar.

– AÇÃO POSSÍVEL:

– DESTACAR TODOS OS FRACASSOS DA REFORMA:

Destacar fracassos da reforma, especialmente no período anterior às eleições presidenciais é movimento que terá efeito altamente embaraçoso e de deslegitimação sobre Bashar al-Assad.
Comparar e contrastar esforços pífios de reformas na Síria, com o restante do Oriente Médio são ações que também embaraçarão e irritarão Bashar al-Assad.

– Vulnerabilidade:

– A ECONOMIA: Com desempenho perpetuamente baixo, a economia síria cria empregos para menos de 50% dos graduados nas universidades do país.

O petróleo responde por 70% das exportações e 30% da renda do governo, mas a produção está em declínio crescente. (…) Poucos especialistas ainda creem que o GRAS seja capaz de administrar com sucesso as esperadas dificuldades econômicas.

– DESESTIMULAR TODOS OS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS (IED), PRINCIPALMENTE DO GOLFO:

Síria tem recebido crescente investimento estrangeiro direto (IED) nos últimos dois anos, movimento que parece estar em ascensão. O mais importante dos novos IEDs vem sem dúvida do Golfo.

– Vulnerabilidade:

– OS CURDOS: (…)

Em ocorrência rara, nosso Adido de Defesa dos EUA nessa embaixada [orig. United States Defense Attaché (DATT)] foi convocado pela Inteligência Militar Síria em maio de 2006, para ouvir protestos contra o que os sírios acreditavam que fossem esforços dos EUA para garantir treinamento e equipamento aos curdos na Síria.

– AÇÃO POSSÍVEL:

– DESTACAR AS QUEIXAS DOS CURDOS: Garantir destaque máximo às queixas dos sírios curdos em declarações, inclusive com divulgação de abusos de direitos humanos, exacerbará as preocupações do governo sírio quanto à população curda. Focar as dificuldades econômicas nas áreas curdas, e a longa oposição do governo sírio, que se nega a garantir cidadania a cerca de 200 mil curdos sem estado.

Essa questão deve ser tratada com muito cuidado, porque destacar de modo errado os curdos na Síria pode gerar oposição aos esforços dos EUA para coordenar e unir as oposições locais, uma vez que a sociedade civil síria (predominantemente árabe) não confia nos objetivos dos curdos.

– Vulnerabilidade:

– Elementos extremistas que, em número sempre crescente estão usando a Síria como base, porque o Governo da República Árabe Síria empreendeu algumas ações contra grupos apresentados como ligados à Al-Qaeda. (…)

– AÇÕES POSSÍVEIS:

– Divulgar intensamente a presença de grupos extremistas na Síria (em trânsito os com alvos externos); não se limitar a mencionar exclusivamente o Hámas e a Palestinian Islamic Jihad (PIJ).

Divulgar intensamente o fracasso dos esforços sírios contra grupos extremistas é um modo de sugerir fraqueza, sinais de instabilidade e risco de revide sem qualquer controle.

O argumento do Governo República Árabe Síria (usado frequentemente depois de ataques terroristas na Síria) de que o país seria também vítima do terrorismo deve ser invertido e usado contra o governo de Bashar al-Assad, para dar ainda mais destaque a crescentes sinais de instabilidade dentro da Síria.

4. (S) CONCLUSÃO:

Essa análise deixa de fora os islamistas sírios anti-regime, porque é difícil fazer avaliação acurada da ameaça que esses grupos representam dentro da Síria. São ameaça de longo prazo. E embora consideremos as vulnerabilidades que a Síria apresenta por causa de sua aliança com o Irã, não aprofundamos esse item.

Em resumo, Bashar al-Assad está entrando no novo ano em posição mais forte do que há vários anos, mas esses seus pontos fortes também carregam – e às vezes mascaram – vulnerabilidades.
Se nos dispusermos a capitalizar essas vulnerabilidades, encontraremos nelas oportunidades para tumultuar o processo de tomada de decisões do Governo da República Árabe Síria, para desequilibrá-lo e mantê-lo fora de prumo e para obrigá-lo a pagar por seus erros.

NT:    Da série: “EUA trabalham para destruir uma Síria por continente” ou:

O ‘jornalismo’ [só rindo!] dos Williams Waacks/Sardembergs recebe (e segue caninamente) “orientação” como essa.

Oriente Mídia

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