Mig-27 da Força Aérea do Sri Lanka
Por Roberto Lopes
São duas notícias. Uma boa e outra má.
Qual novidade você, que acompanha o martírio comercial do caça sino-paquistanês JF-17 Thunder (e torce pelo sucesso dele), quer ler primeiro?
Começo pela boa.
O jornal nigeriano The Punch noticiou, na quarta-feira da semana passada (06.01), que o orçamento do Ministério da Defesa de seu país para o ano de 2016 reserva 25 milhões de dólares ao arrendamento de três exemplares do caça fabricado pelo Complexo Aeronáutico do Paquistão (PAC, na sigla em inglês) e pela companhia chinesa Chengdu Aircraft Corporation (CAC).
O plano dos militares nigerianos é, obviamente, testar o Thunder, que, até agora, só está operacional na Força Aérea do Paquistão, mas foi comprado (em pequena quantidade) pela Aviação Militar de Myanmar (antiga Birmânia).
Ainda em dezembro de 2015 o respeitado grupo editorial britânico Jane’s noticiou que o governo de Lagos finalizava a preparação de um pedido de caças JF-17, mas nada se concretizou desde então.
Bela imagem de um JF-17 “Thunder” paquistanês
Os governos do Egito e da Arábia Saudita, que também demonstraram interesse na aeronave, ainda não avançaram de forma significativa com essas negociações. A Malaísia anunciou que seus entendimentos com os fabricantes do avião não chegaram a bom termo.
Non-paper – Agora é que vem a má notícia…
O governo do Sri Lanka aparenta ter mesmo recuado de seu plano original de adquirir entre 8 e 12 caças Thunder.
De acordo com o jornal The Indian Express, publicado na cidade de Mumbai, isso teria acontecido depois de a Administração do presidente Maithripala Sirisena ter recebido uma correspondência diplomática preparada em Nova Déli, “sugerindo” que Colombo deveria se abster de acrescentar os JF-17 à sua frota.
O relatório, de caráter oficioso – qualificado nos círculos diplomáticos da capital do Sri Lanka como um non-paper –, continha uma avaliação técnica negativa do caça sino-paquistanês e a conclusão de que “as necessidades de Defesa [do Sri Lanka] não incluem fighters”.
Esse documento teria alcançado o governo de Colombo antes ainda de o Primeiro-Ministro da Índia, Narwaz Sharif, ter desembarcado na capital do Sri Lanka, semana passada, para uma visita oficial de três dias.
A verdade é que sob a orientação do antecessor de Sirisena, Mahinda Rajapaksa, o Sri Lanka esteve sempre muito atento à orientação política da China. E agora não é mais assim.
FOC – Representantes da indústria aeronáutica de Israel disseram à coluna INSIDER que, ao contrário do que este espaço já publicou, a compensação oferecida ao governo de Colombo pela Administração do Primeiro Ministo indiano Narenda Modi, não é a possibilidade de a Força Aérea do Sri Lanka ser equipada com os caças ligeiros indianos LCA Tejas – que está com o seu cronograma de desenvolvimento atrasado e, semana que vem (entre a quarta 21 e a sexta 23), vai debutar na Mostra Aeronáutica Internacional do Bahrein (Bahrein Air Show).
Foto do caça indiano Tejas após pousar no Aeroporto Internacional de Bahrein, para participar do “Bahrein Air Show” da semana que vem
O prêmio de consolação para o Sri Lanka seria um punhado de caças Mig-27 modernizados (e seus suprimentos) que a Força Aérea Indiana transferiria para o governo de Colombo no melhor sistema FOC (Free of Cost).
Os pilotos militares do Sri Lanka já operam versões antiquadas do Mig-27, compradas à Ucrânia e à Rússia, mas esse modelo Mig-27 improved (de motores mais potentes, glass cockpit, HOTAS e suíte de guerra eletrônica desenvolvida em cooperação com a indústria israelense) tem os seus atrativos.
Além disso, Colombo e Nova Déli mantém tradicionais laços de cooperação em assuntos de Defesa. Tanto que, no passado, equipes da Aviação Militar Indiana e da Hindustan Aeronautics Limited (HAL) – principal indústria de aviões militares da Índia – assessoraram o treinamento dos aviadores do Sri Lanka no jato Mig-27.
A possível cessão de Migs modernizados ao vizinho Sri Lanka é, da parte da Índia, realmente uma deferência.
A sequência mostra um Mig-27 indiano modernizado e um comparativo dos dois cockpits da aeronave, antes e depois da atualização feita na aeronave
Os indianos haviam, efetivamente, planejado aposentar os seus Mig-27 mais antigos este ano, mas as aeronaves desse tipo que foram modernizadas só seriam aposentadas e disponibilizadas para revenda em 2019.
Plano Brasil
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