Aconteceu o que tinha que acontecer. Na União Europeia, o resultado já era esperado, dado que formada por elos frágeis como é, e o povo holandês foi apenas o primeiro a votar contra a associação com a Ucrânia. Claro que os euroburocratas podem agora encontrar alguma razão para declarar o voto inválido, podem afirmar que alguma lei foi violada e podem até substituir a simples negação por alguma forma de minimizar a associação com a Ucrânia, e finalmente, podem simplesmente ignorar o voto do povo holandês. Mas nada do que façam ou não façam fará qualquer diferença: a verdade inegável e inescapável é que os ucranianos não são benvindos na União Europeia, nem como associados e muito menos como membros. O resultado é que não haverá OTAN, nem União Europeia nem “Futuro Europeu” para a Ucrânia. Todo o balão de ar quente que inflamou as esperanças ingênuas e feias do Euromaidan está em chamas e o projeto Euro-Ucraniano está quebrado e queimando como o Hindenburg (dirigível alemão [LZ129 Hindenburg] fabricado pela Zepellin, que queimou totalmente em uma aterrisagem nos Estados Unidos em 06 de maio de 1937, causando a morte de 13 passageiros, 22 tripulantes e um técnico no solo - NT).
O desastre, que não precisava ter acontecido, ocorreu inteiramente por culpa dos homens que deveriam evitá-lo. Em um mundo são, a União Europeia, a Rússia e a Ucrânia, deveriam ter negociado um acordo tripartido que acabaria por dar à Ucrânia o papel que a geografia e a história sempre lhe reservaram: ser uma ponte entre a Rússia e a Europa. Mas a União Europeia recusou categoricamente essa opção, por várias vezes, declarando simplesmente que “a Ucrânia é um Estado Soberano e a Rússia não tem que dizer nada a respeito de seus assuntos internos”.Esse jogo de soma zero foi empurrado goela abaixo da Rússia e contra ela, mas no final é a União Europeia que está perdendo, mesmo que isso não signifique uma vitória para a Rússia. A verdade lamentável é que todos sairão perdendo. Agora a União Europeia tem que aceitar na marra o fracasso de sua política para a Ucrânia, a Rússia está isolada e vendo um estado completamente falido mesmo nas suas fronteiras, enquanto a Ucrânia está desabando internamente e morrendo de morte dolorida. Será que os euroburocratas aceitarão este resultado?
Provavelmente não.
Eles farão o que sempre fazem. Mentirão, negarão, minimizarão e, principalmente, fingirão que nada aconteceu. Dirão que 60% de 30% de uma pequena nação da União Europeia não podem tomar decisões que afetarão o continente inteiro. Ou então, dirão que ao invés de uma velha e gasta “associação” com a União Europeia oferecerão à Ucrânia coisa muito melhor – uma “amizade sincera”, talvez. Ou um “amor eterno”. Talvez mesmo ousarão ir até uma “irmandade continental”. Tudo em vão. Porque o povo europeu está claramente assustado com os Ukronazis, e até seus “irmãos” poloneses estão pensando seriamente em construir um muro às próprias custas, para manter os “amigos ucranianos” fora da Polônia. Sacaram o amor eterno?
Primeira Consequência: custos financeiros
Mas é tarde demais para os europeus. As notícias realmente ruins é que terão que custear a reconstrução da Ucrânia, mesmo mais ou menos. A Rússia? Simplesmente não fará isso. Sua economia está em situação não tão boa e é pequena, e ela já tem problemas suficientes com a tentativa de restaurar a lei e a ordem na Crimeia (o que está se provando bem difícil, tendo em vista que a máfia local já está querendo voltar ao modus operandi que praticava quando sob controle da Ucrânia). Além disso, a Rússia terá que pagar pelos estragos no Donbass, como é óbvio. Assim, a Rússia já está bem assoberbada.
Os Estados Unidos poderiam pagar, mas não o farão. Mesmo que Hillary Clinton seja eleita (já é conhecida como escolhida pelo “estado profundo” nos EUA), um programa grande o suficiente para resgatar a economia da Ucrânia jamais passará no Congresso, ainda mais levando em consideração que os próprios EUA necessitam de um programa similar para reerguer suas decrépitas e negligenciadas infraestrutura e economia.
Porém o mais importante é que a Rússia possui os meios necessários para fechar suas fronteiras. O recém criado Corpo de Guarda Nacional assumirá cumulativamente as responsabilidades de vários ministérios e agências, entre as quais se inclui o Serviço Federal de Migração. A Rússia já tem um Serviço de Guarda de Fronteiras que atualmente inclui 10 escritórios regionais, 80 ou mais unidades de fronteira, 950 ou mais barreiras de fronteira, 400 ou mais postos de fronteiras. Todos os dias o serviço conduz 11.000 patrulhas. No total, os serviços de preservação de fronteiras da Federação Russa é levado a efeito por 200.000 guardes fronteiriços. O serviço tem sua própria Força Aérea, Navios Costeiros, Drones, Diretoria de Inteligência, unidades blindadas e mesmo sua própria força Spetsnaz. Na realidade, o Serviço de Guardas de Fronteiras da Rússia é mais poderoso que a maioria dos exércitos da União Europeia. Agora, ainda tem todo o poder da Guarda Nacional para lhe dar apoio. Não tenha dúvidas. A Rússia pode, e certamente fará, se necessário, o fechamento e proteção de suas fronteiras.
Assim como os Estados Unidos, a Rússia tem a melhor proteção fronteiriça do Planeta: Os Oceanos Atlântico e Pacífico.
Assim, quando se vê a Ucrânia em um buraco negro (processo que ainda está se desenvolvendo com força) os únicos que estarão desprotegidos e que terão que fornecer os meios para pagar a conta serão os europeus. Sim, a Rússia e os Estados Unidos também terão que ajudar de alguma forma e o farão, por razões diferentes, mas o maior peso do custo recairá diretamente sobre as costas dos contribuintes europeus. Este é o preço que a Europa pagará, mais cedo ou mais tarde por sua incompetência e arrogância.
Segunda Consequência: Segurança
Porém ainda há outro preço a pagar e desta vez estamos falando em segurança. Todo aquele agitar de sabres da OTAN ao longo da fronteira russa acabou por eventualmente acordar o “urso russo”: A Rússia não só instalou uma força formidável de mísseis Iskander em Kaliningrado, como dobrou o tamanho de sua já formidável Força Aerotransportada. Aqui está um trecho que escrevi em dezembro de 2014:
“os russos não temem a ameaça militar representada pela OTAN. Sua reação aos últimos movimentos da OTAN (novas bases e pessoal colocado na Europa Central, mais gastos, etc) é denunciado apenas como movimentos provocativos, mas os oficiais russos insistem que a Rússia pode facilmente lidar com essa ameaça militar. Como um adjunto russo disse ‘um grupo de força diversionária de cinco mil soldados é um problema que podemos resolver com apenas um míssil’. Uma fórmula bem simplista de encarar o problema mas nem por isso menos correta. Como mencionei antes, de qualquer forma, a decisão de dobrar o tamanho das Forças Aerotransportadas da Rússia e de dar um upgrade na Regimento Especial Aerotransportado de elite para o tamanho de uma brigada completa já foi tomada. Você pode simplesmente dizer que a Rússia se preveniu quanto à criação de uma força da OTAN de 10.000 homens, aumentando sua própria força móvel de 36.000 para 72.000 tropas. Isso é Putin puro e típico. Enquanto a OTAN anuncia com fanfarras e fogos de artifício a criação de uma força especial de reação rápida de 10.000 tropas como “ponta de lança” contra a Rússia, Putin calmamente e na surdina dobra suas Forças Aerotransportadas de 36.000 para 72.000 tropas. E podem me acreditar, as Forças Aerotransportadas da Rússia endurecidas em batalha tem uma capacidade de luta bem maior que as hedonistas e desmotivadas forças Europeias multinacionais (28 países) de 5.000 tropas que a OTAN se esforça duramente para reunir. Todos os comandantes militares dos Estados Unidos sabem perfeitamente disso.”
Mas a Rússia não parou por aí. Putin ordenou a recriação do maior ameaça da Rússia na Guerra Fria: a Primeira Guarda de Tanques do Exército. Esses grupos de tanques incluem duas divisões de tanques (os melhores no Exército Russo – 2ª Guarda Tamanskaya – Motor Rifle Division e a 4ª Guarda Kantemorisvskaya – Divisão de Tanques, e um total de mais de 500 Tanques T-14 Armata. Esse exército blindado é apoiado pela 20ª Guarda Combinada de armas do exército.
Não se enganem, esta é uma força enorme, pesado e poderoso cujo propósito será muito semelhante ao famoso soviéticos Exércitos "choque" durante a Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria: "superar disposições defensivas difíceis, a fim de criar uma penetração tático da amplitude suficiente e profundidade para permitir o compromisso de formações móveis para a exploração mais profunda ".
A Europa – bravo! – já pode se orgulhar de ter criado uma gigantesca alça de mira apontada diretamente contra sua cabeça!
Muito pouca coisa disso é relatado pela mídia ocidental, claro, e o público geralmente está completamente inconsciente em relação ao fato de que enquanto a OTAN e políticos ocidentais fingem jogar duro e ameaçam tentando intimidar a Rússia, os russos decidiram levar as ameaças, fingidas ou não, muito a sério e tomaram medidas práticas e reais.
Para alguém como eu, que vivi através da Guerra Fria e que monitorava as Forças Soviéticas na Alemanha Oriental, é preocupante e revoltante ver que o ocidente está literalmente empurrando a Rússia de volta para uma Guerra Fria que ela nem precisa nem quer. Claro que eu tenho absoluta confiança ao afirmar que não há qualquer “ameaça russa” no Leste, e que a única maneira de fazer a Rússia colocar em ação todo o seu poderio militar é se ela for atacada primeiro, mas a lamentável realidade é que a OTAN e os países da União Europeia estão diretamente na alça de mira das forças russas.
Para tornar o que já está ruim ainda pior, há uma forte possibilidade de que Hillary Clinton e sua gang de neocons assumam em breve a Casa Branca. Só mesmo Deus para saber do que essa gente é capaz. Hillary, cuja única ação bem sucedida na vida parece ter sido a de empurrar Clinton para bombardear a Sérvia e tornar a Líbia na coisa deplorável que é hoje, tem uma coisa a provar: que é mais macho que Putin. Vai tentar incomodá-lo e intimidá-lo para chegar a algum tipo de submissão russa, esquecendo que atualmente o povo russo vê o ocidente, representado pelos EUA, como uma arrogante e degenerada sociedade de Conchitas Wursts, como impostores que simplesmente não conseguem lutar uma batalha real e que só conseguem atacar os fracos, humildes e indefesos. Não é medo o que os neocons inspira nos russos, mas nojo. Apesar disso, claro que eles desenvolveram receios com relação à arrogância e imprevisibilidade auto destruidora que parece ser característica dos ocidentais. Mas como já tenho escrito muitas e muitas vezes, os russos temem a guerra, mas diferentemente dos ocidentais, estão sempre preparados para ela.
No que se refere aos europeus, eles estão entendendo pouco a pouco que têm uma guerra longa e dolorosa para lutar contra o terrorismo Wahabi. Os ataques em Paris e Bruxelas foram apenas os disparos iniciais de uma luta que se estenderá por vários anos. A Rússia demorou mais de uma década para finalmente derrotar os terroristas Wahabi no Cáucaso, e eles tinham como escudo um homem da qualidade de Vladimir Putin. Basta uma olhada em François Hollande ou Angela Merkel e você poderá sentir em suas entranhas que estes palhaços lamentáveis jamais prevalecerão. Basta colocar em comparação as reações de Vladimir Putin à derrubada do avião russo sobre o Sinai com Federica Mogherini aos prantos depois dos bombardeios em Bruxelas.
Agora… Imagine-se como um líder terrorista Wahabi, sexista radical ao longo de toda a sua existência, acrescentaria eu, olhando as duas fotos em sua frente. Poderia isso influenciar sua seleção de alvos?
Claro que poderia.
A mesma coisa aconteceu com a comparação dos anos de operações dos Estados Unidos/OTAN na Síria em comparação com apenas seis meses das operações das forças aeroespaciais da Rússia. Estados, assim como pessoas, têm uma “linguagem corporal” e enquanto a linguagem corporal apresentada pela Rússia é de uma enorme confiança e força formidável, a linguagem corporal da União Europeia e, marginalmente, dos Estados Unidos, é de fraqueza, arrogância e incompetência, beirando o suicídio (como as políticas de Merkel em relação aos imigrantes).
Conclusão
O resumo dessa barafunda toda é o seguinte: o que os Estados Unidos e a União Europeia fizeram na Ucrânia (e em outros lugares, na realidade) foi fantasticamente estúpido. Mas os Estados Unidos tem dinheiro suficiente para pagar por suas ações estúpidas, enquanto claramente, a União Europeia não tem. É verdade que, sim, a Rússia foi realmente machucada por essas políticas, mas as suas dificuldades foram canalizadas pelo Kremlin para tornar a Rússia mais forte em vários níveis, da política ao exército, chegando mesmo à economia, embora aqui o progresso seja minimalizado e a quinta coluna ainda comande várias ações. No entanto continuo esperançoso de uma purga que já se faz extremamente necessária.
O que a União Europeia tem feito é essencialmente, uma forma de “suicídio pela negação da realidade”. O que virá em seguida deve ser uma mudança de regime, não de um país em particular, mas do continente inteiro. Penso que esta mudança de regime é inevitável, mas a grande questão é o tamanho e a duração da dor e da agonia da União Europeia até que isto aconteça. Penso que infelizmente, isso poderá levar vários anos. Os líderes europeus com certeza não vão elegantemente pedir desculpas e renunciar, trata-se de uma classe inteira de parasitas que vivem às custas da estrutura da União Europeia e que resistirão desesperadamente a quaisquer reformas, negando toda mudança de regime e que colocarão mais uma vez sua diminuta mas poderosa classe comprador acima dos interesses do próprio povo e até do senso comum.
O povo do continente europeu, que vive hoje em democracia de mentirinha, descobrirá que não tem como impor uma mudança política apenas através do voto e que tudo o que lhes foi prometido não passa de uma mentira vazia e mal encarada. A Ucrânia não se tornará a Europa, mas a Europa pode muito bem se tornar a Ucrânia.
União Europeia, bem vinda ao mundo real!
The Saker
blogdoalok
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