Decolagem de um caça F-16 biplace pertencente à Força Aérea do Paquistão
Por Roberto Lopes
O governo do Paquistão não emitiu a Letter of Acceptance (Carta de Aceitação) que asseguraria a sua intenção de comprar oito caças Lockheed Martin F-16 Block 50/52 pela quantia de 699 milhões de dólares.
O canal de tevê de notícias 24 horas Dawn News, da cidade de Karachi, informou, neste sábado (28.05), que o prazo dado a Islamabad pela Administração Barack Obama para confirmar a aquisição das aeronaves venceu na terça-feira passada (24.05).
Apesar disso, o embaixador paquistanês em Washington, Jalil Abbas Jilani, recusou-se a dar o assunto como encerrado: “o prazo final ainda não foi atingido”, afirmou o diplomata.
Os paquistaneses já usam o F-16 em versões não tão modernas quanto a Block 50/52, e, até por conta disso, vem experimentando muitas decepções no curso da negociação atual com as autoridades americanas.
Primeiro eles alimentaram a expectativa de importar os oito caças por 270 milhões de dólares – um preço inferior à metade do valor pedido pela Lockheed Martin.
Depois esperaram que o Foreign Military Sales – sistema de venda de itens militares americanos a preços facilitados – pudesse financiar parte do gasto com os jatos, o que foi negado pelo Senado dos Estados Unidos.
Islamabad argumentou que os aviões seriam usados em operações anti-guerrilha e anti-terrorismo, mas os senadores não se dispuseram a ajudar.
Carter – A recusa pode ser explicada pelo momento especialmente bom vivido pelas relações militares dos Estados Unidos com a Índia – rival declarada do Paquistão e país que, no campo militar, atua de forma a limitar o expansionismo naval da China.
Mês passado o Secretário da Defesa americano, Ashton Carter, fez uma visita oficial a Nova Déli, e anunciou diversos projetos conjuntos com os militares indianos, entre eles o do aprofundamento da colaboração da Marinha americana com a Marinha indiana, e o exame de um programa de cooperação entre as indústrias aeronáuticas dos dois países.
A visita do secretário de Defesa americano Ashton Carter à Índia, no mês passado. Na foto Carter assina o livro de visitantes de um navio de guerra da Armada indiana
Apesar de, nos círculos diplomáticos de Islamabad, ainda circular a impressão de que o governo paquistanês desconheceu o prazo da Carta de Aceitação como mero estratagema para reabrir a negociação com a Lockheed Martin sobre valores, nas últimas semanas, começaram a aparecer declarações de autoridades locais menosprezando a importância da aquisição dos F-16.
Um dos que se manifestou nesse sentido foi Sartaj Aziz, conselheiro de Relações Exteriores do Primeiro-Ministro paquistanês, para quem o eventual fracasso da operação de importação das aeronaves americanas pode ser sanado pela compra de um outro avião de desempenho comparável ao da Lockheed Martin.
O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, foi mais assertivo.
O ministro da Defesa paquistanês, Asif
Semana passada ele declarou que, no caso de o acordo sobre os F-16 não chegar a bom termo, seu país vai sim explorar outras opções para preencher as suas necessidades de Defesa – o que analistas locais interpretaram como uma alusão às opções representadas por caças russos e chineses.
Plano Brasil
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