Por Roberto Lopes
A proposta da ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS) de fornecer uma dúzia de submarinos Tipo 216 à Marinha da Austrália fez “barulho demais”, e por isso naufragou…
Brincadeiras à parte, é preciso entender – e admitir – que o nível de ruído esperado do funcionamento do barco germânico ficou além das expectativas alimentadas pelas autoridades navais australianas.
Em outras palavras: o submarino de ataque 216 não era tão silencioso quanto o projeto francês que competiu com ele, do navio de propulsão diesel-elétrica Shortfin – produto oferecido (com grande engenhosidade) pela DCNS, como sendo um derivativo convencional do programa Barracuda (nuclear).
Os contendores: seus prós e contras
Aos fatos.
Na sexta-feira, 13 de maio, uma delegação do governo australiano foi à Kiel – cidade que é o coração da Marinha alemã – para dizer todas essas coisas, frente à frente com a direção da TKMS.
Os visitantes da distante Oceania haviam antecipado que o encontro de Kiel serviria para que fosse feito “um esclarecimento” dos critérios utilizados para reprovar o navio alemão.
De acordo com o apurado pelo The Australian, principal diário da Austrália, a proposta alemã foi mesmo rejeitada devido ao nível “inaceitável” de “ruído emitido” pelo Tipo 216 em uma determinada frequência.
Tal constatação inviabilizaria o aproveitamento do barco em certas missões especiais, como as de Inteligência (coleta de informações) perto da costa.
Outra linda imagem do Shortfin Barracuda divulgada pelo grupo DCNS
Reação – Este parâmetro técnico não fora explicitado nos termos da concorrência porque os militares australianos o consideram “informação classificada”.
E as poucas informações vazadas para o The Australian não deixam claro se o ruído que os clientes consideraram excessivo e prejudicial à capacidade operacional do navio vinha do casco, do funcionamento do sistema de propulsão ou do giro dos hélices.
O que, sim, o jornal pôde determinar, é que a explicação dos australianos não foi aceita nem pelos representantes da TKMS, nem pelos representantes do governo de Berlim presentes à reunião de Kiel.
“As capacidades do complexo industrial militar [alemão] teriam facilmente permitido resolver um problema técnico dessa natureza, se os australianos tivessem sido apenas mais comunicativos, antes que pudéssemos oferecer nossa proposta”, comentou uma fonte da TKMS com o The Australian.
Enquanto a delegação australiana enfrentava a ira dos alemães em Kiel, uma outra equipe de especialistas deslocou-se da Austrália até o Japão para, nos dias 12 e 13 de maio, explicar que as características de furtividade do modelo Shortfin Barracuda eram claramente superiores às da classe japonesa Soryu, derrotada na mesma concorrência.
Bastidores – Por outro lado, é preciso dizer que a Marinha da Austrália sempre se mostrou muito bem impressionada com a característica de furtividade do modelo Shortfin Barracuda ofertado pela DCNS.
E havia mais um ponto a favor dos franceses: o dispositivo acoplado aos hélices que, segundo Paris, dará aos submersíveis australianos une vitesse silencieuse tactique supérieure à celle de ses concurrents allemand et japonais dotés d’hélices classiques (uma velocidade silenciosa tática superior à de seus concorrentes alemão e japonês, dotados de hélices clássicas).
O modelo vendido aos australianos: Paris diz que sua propulsão é revolucionária
O The Australian ressaltou: a DCNS “trabalhou duro nos bastidores, ano passado, para semear a dúvida na mente dos funcionários australianos acerca do nível de ruído do submarino TKMS”.
Os franceses teriam chegado ao ponto de apresentar à Marinha da Austrália uma modelagem do nível de ruído emitido pelo Tipo 216 alemão, a partir da assinatura acústica de um seu próprio submarino classe Scorpène, evocando com isso todas as vantagens do Shortfin Barracuda, que é, sabidamente, de tecnologia superior à do Scorpène.
Plano Brasil
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