Tejas naval na mais recente campanha de testes da aeronave, em Goa
Por Roberto Lopes
Não se pode dizer que a indústria aeronáutica da Índia peque por falta de ousadia.
O caça LCA (Light Combat Aircraft) Tejas ainda não é considerado um jato plenamente operacional na Força Aérea Indiana, mas seus projetistas e engenheiros já trabalham na versão naval do aparelho.
Em entrevista ao site de notícias Business-standard.com, publicada nesta quarta-feira (11.05), o diretor do projeto LCA na Agência de Desenvolvimento Aeronáutico da Índia, Comodoro (da reserva) C. D. Balaj, anunciou que dois protótipos da versão naval do caça LCA Tejas – com motorização do Tejas Mk. I – cumpriram, no período de 27 de março a 25 de abril, uma campanha de testes de decolagem e aterrisagem.
As provas aconteceram na Província de Goa, em uma pista tipo Shore Based Test Facility (SBTF), que, no chão, reproduz o convés de voo de um porta-aviões dotado de sky-jump.
Os Tejas simularam 33 surtidas a partir da SBTF e mais de 60 manobras de aproximação (sem toque e arremetida). A pista de provas, nas dimensões exatas de um convés de voo de navio-aeródromo, permite validar os procedimentos dos pilotos navais e as aptidões da aeronave.
Pista – Os indianos esperam que a versão naval do Tejas esteja pronta para operar a partir de 2018, a bordo do INS Vikrant, primeiro porta-aviões em construção no território indiano (com assistência russa).
Especialistas indianos já concluíram que, para se desempenhar nas operações aéreas a bordo do navio-aeródromo, o Tejas naval necessitará de uma pista com 200 m de extensão. E isso representa uma evolução.
Em dezembro ultimo, um protótipo do Tejas naval decolou de uma SBTF com ski-jump após uma corrida de 300 m – inviável em um porta-aviões. Agora essas decolagens já se tornaram possíveis depois de 200 m, e com a aeronave carregando um míssil ar-ar R-73, de fabricação russa, sob cada uma das asas.
A sequência mostra flagrantes dos testes realizados em dezembro passado, quando o Tejas ainda precisava correr 300 m para decolar na pista tipo “sky jump”
Balaj diz que essa evolução mostra que o item decolagem já não representa mais um desafio, e que o próximo passo é “explorar os limites do caça”, inclusive as decolagens com payloads (cargas pagas) cada vez mais altos.
Balaj (de gravata) com alguns chefes navais indianos
É certo que o avião que irá operar no Vikrant não será um Tejas Mk. I, mas o Mk. II, dotado de motores GE F-414 – bem mais potentes que o pequeno propulsor F-404 do Mk. I –, aptos a impulsionar o caça em missões mais ambiciosas, que exigem cargas pagas (armamentos, sensores e combustível) mais volumosas.
Os chefes navais indianos estimam que, em operações no mar, o Tejas naval precise decolar com payloads de até 3,5 toneladas. E que isso só será possível se o porta-aviões estiver se deslocando a favor do vento, com um wind-over-deck speed (“velocidade no convés de voo”) superior a 20 nós.
Abastecimento – Agora a campanha de testes com o Tejas naval entra em uma nova fase, a do hot-refuelling , quando é testada a capacidade de a aeronave ser abastecida com seus motores ligados e o piloto no cockpit – técnica que, em situação de emprego real, permitirá que o caça volte rapidamente ao combate.
Apesar de possuir uma pequena quantidade de caças supersônicos russos Mig-29K, a Marinha indiana considera essencial que os jatos Tejas estejam prontos para operar no Vikrant e, mais tarde, no irmão-gêmeo dele, o INS Vishal.
Plano Brasil
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