Representando o jornal Folha de S.Paulo, Otávio Frias Filho esteve em Londres para participar do debate “Mídia, Percepção e a Consolidação da Democracia Brasileira“, ao lado da chefe da BBC Brasil, Silvia Salek, e da jornalista britânica Sue Brandford.
Agência Brasil
Em debate em Londres, britânica diz que concentração da mídia em poucas famílias é prejudicial à democracia e Otávio Frias Filho não gostou de ouvir a verdade
Acostumado a ser bajulado nos eventos onde vai e ouvir o que quer, Frias ficou irritado ao ser questionado sobre a postura da imprensa tradicional diante do processo que levou ao afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff.
Frias classificou como “fascinante” a atual crise política no Brasil e fez adefesa do golpe, afiramando que os fundamentos do impeachment são legais. Disse ainda que ele e a jornalista britânica Brandford não deveriam estar no mesmo debate, pois, enquanto ele e Silvia Salek seriam jornalistas, ela seria, nas palavras do brasileiro, “militante do PT”.
“Tenho uma crítica a fazer aos organizadores do evento porque, para esta mesa, parece que foram convidados dois jornalistas e uma terceira pessoa que tem uma visão que corresponde à militância do PT”, afirmou ele, que acretida que quem pensa diferente dele só pode ser petista. Depois, disse que na verdade o impeachment foi pelo “conjunto da obra”, termo usado pelas lideranças da direita que articularam o golpe.
A certa altura disse que se fosse um golpe a presidenta Dilma, a rigor, deveria ter usado as Forças Armadas e predindo os golpistas, pois, para ele, é assim que se deve agir e portanro, se não o fez foi porque prevaricou. Na lógica de Frias isso demonstra que “é completamente improcedente a afirmação de que se trata que um golpe”.
O motivo de tal irritação é que Sue Brandford havia dito antes que “parece que a imprensa brasileira sofre de uma fragilidade estrutural que realmente está dificultando a consolidação da democracia no Brasil”.
Ela explicou que não faz referência a jornalistas individualmente, mas ao setor midiático. “Talvez seja um pouco de truísmo dizer que, no Brasil, a grande imprensa – os grandes veículos de comunicação – é dominada por poucas famílias, todas elas muito conservadoras”, argumentou. Frias contestou, alegando que discutir a propriedade dos meios de comunicação significa “fetichizar” esta questão.
Brandford comentou a atuação da imprensa internacional diante do golpe, ressaltando a cobertura do “New York Times“, da “Al Jazeera“, “Wall Street Journal” e do “Washington Post”. Ao final, mostrou-se surpresa diante da tentativa do diretor de redação de desqualificá-la.
A jornalista escreveu um texto comentando o assunto no site “Latin America Bureau” e sintetizou: “minha fala realmente irritou Frias”.
Em sua exposição, a correspondente avaliou ainda que a hostilidade em relação ao PT existe desde que o partido foi fundado. E citou ainda a informação de que, nos primeiros 4 meses de 2016, o Estadão publicou 83 editoriais contra Dilma, o Globo 29, e a Folha 23.
“De maneira pouco velada, os principais veículos da mídia nacional têm estimulado o público a ajudar na derrubada da Presidenta Dilma Rousseff”, disse a jornalista em sua intervenção, que durou 15 minutos.
Frias disse ainda que ela falou “inverdades” e que “pessoalmente, foi contra o impeachment, enquanto cidadão brasileiro”, apesar de dizer antes que o impeachment tinha fundamento. Ele também saiu em defesa dos demais veículos de imprensa e disse que se tratam de meios plurais. Mas depois, ao comentar o posicionamento de cada um admitiu que esse veículos, como a Veja, tem posições antipetistas.
“Sinto falta de uma quarta pessoa na mesa que representasse a militância do PSDB”, tentou ironizar o diretor de redação. O debate está disponível no YouTube, neste link: https://www.youtube.com/watch?v=Ck0gRnR0DkU
“Sinto falta de uma quarta pessoa na mesa que representasse a militância do PSDB”, tentou ironizar o diretor de redação. O debate está disponível no YouTube, neste link: https://www.youtube.com/watch?v=Ck0gRnR0DkU
Vermelho e agências
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