E.M.Pinto
Começa a se desenhar um horizonte mais promissor para a companhia Ucraniana Antonov, que vai a feira britânica de aviação Farnborough 2016 com uma perspectiva de alçar novos voos rumo a novos horizontes.
A empresa ucraniana busca renascer após a sentida queda em suas receitas, seguida de perda de seu capital intelectual em decorrência da guerra civil e dos entraves com aquele que era o seu maior parceiro comercial, a Rússia.
A recusa da Ucrânia em cooperar com a Rússia nos campos militar, científico e técnico, resultou num penoso processo de desindustrialização do país que levará décadas para se restabelecer. Em 2014 a Antonov relatava a perda de cerca de 50 de seus funcionários por dia a partir de outubro, este número se estabilizou em 2015 para uma cadência mensal que só viria a ser saneada em 2016.
A aeronave é baseada nos seu primo menor o An-158 (An-148-200) e terá aviônicos semelhante ao An-148
A grande maioria de seus funcionários tiveram como destino certo a China, a qual abarcou cerca de 60 % do capital humano, seguido da Europa com 18% e Rússia com 15%. Em 2016 a situação se estabilizou e a empresa passou por uma reestruturação.
Neste contexto em 07 de Abril de 2016 a companhia indiana Reliance Defesa Limited e a estatal ucraniana assinaram um memorando de cooperação com o propósito de oferecer ao mercado da indiano aeronaves de finalidades diferentes para o mercado civil e resgate, baseadas no AN- 148 / AN- 158 aeronaves. O acordo de parceria prevê no seu escopo o fornecimento de benefícios de qualidade e solução de baixo custo para as aeronaves de 50-80 lugares.
Mas não é só no mercado civil que o fabricante ucraniano enxerga um horizonte promissor no seu parceiro indiano. No mercado internacional o An-178 é proposto para substituir aeronaves ultrapassadas como o Antonov An-12, Antonov An-26 e Antonov An-32 dos quais a IAF é atualmente uma importante operadora.
Aeronaves Antonov servem a cerca de cinco décadas na Força Aérea e Marinha Indiana. Só para se ter uma ideia, a IAF possui em operação mais de 100 An- 32 que recentemente completaram a última atualização de seu ciclo de vida e numa oportunidade aberta pela indefinição do programa MTA (UAC-HAL-214), a Antonov projeta a oportunidade de emplacar um importante contrato de fornecimento de aeronaves militares.
Isto porque o interesse indiano pelo An-178, a mais recente aeronave cargueira da Antonov tem crescido. O programa ainda está em desenvolvimento porém a aeronave se enquadra no perfil desejado pela IAF (cargueiro médio) e até mesmo pela INS (Aeronave de busca e salvamento).
O cargueiro ucraniano foi lançado em maio de 2015, após o voo teste de uma hora. O Antonov An-178 é uma aeronave de transporte militar de médio porte, projetada para operações em pista curtas e despreparadas. A aeronave é baseada nos seu primo menor o An-158 (An-148-200) e terá aviônicos semelhante ao An-148, além da variante dos motores Progress D-436-148 FM.
Por esta razão compartilha inúmeros itens de série, além das suas capacidades. Este compartilhamento é atrativo frente à cadeia logística que se instalaria na Índia para suprir as aeronaves civis (An-158 e An-148) e militares caso a escolha pela versão militar venha a se concretizar. A plataforma ainda poderia servir de base para outras versões como aeronave ISR e reabastecedora aérea se fosse de interesse indiano.
As capacidades técnicas da aeronave tem chamado a atenção de analistas militares Indianos e Chineses. O An-178 pode voar sem restrições no teto de serviço de 13.000 m, a uma velocidade de cerca de 800 km por hora. A aeronave e projetada para transportar uma carga útil de 18 ton, com capacidade para transportar um veículo blindado de transporte pessoal ou 99 tropas em seu porão de carga pressurizado.
Infográfico destacando as capacidades operacionais da Aeronave Ucraniana.
O cargueiro possui alcance de 4.000 km para uma carga útil de 10 ton. A aeronave é muito menor que o Il-76MD e Y-20 e por esta razão possui igualmente um menor custo operacional o que lhe dá maior flexibilidade para voar missões táticas e de socorro para regiões subdesenvolvidas, como o Nepal e Himalaia alternativamente aos grandes cargueiros em 70% das missões.
Com relação a China o comparativo claro e óbvio demonstra a sua elegibilidade para as funções almejadas pelo PLA, o An-178 é cerca de 33% mais rápido que o turboélice Y-9 cargueiro tático contemporâneo Chinês. Porém o que o torna notável para a China é a eventual possibilidade da aeronave vir a ser produzida sob licença em solo Chinês. O que pode vir a se concretizar uma vez que a Jiangsu A-Star Aviation Industries Company (A-Star) uma empresa chinesa sem qualquer relação com estatais AVIC ou COMAC, iniciou em maio as conversações com a empresa ucraniana a respeito da produção licenciada do An-178 na China, há ainda a possibilidade de compra direta de dois An-178 da Ucrânia par avaliações e teste.
A negociação ainda não foi finalizada e nem tampouco é claro o interesse do PLA, PLAAF ou PLAN pela aeronave, uma vez que o Y-9 segue para a linha de produção em massa. Entretanto, a A-Star está de olho no potencial mercado para esta aeronave no Kazaquistão, Uzbequistão, Paquistão, Indonésia e pelo menos seis outros países asiáticos que podem se tornar potenciais clientes deste avião.
O interesse chinês (A-Star) no An-178, se destaca por duas razões:
1- Se for bem sucedida, a parceria entre Antonov e A-Star na construção e venda da versão militar ao PLA, PLAAF e PLAN, esta iria quebrar o monopólio das estatais de defesa AVIC e NORINCO como fornecedores do PLA. Para alguns analistas há riscos de uma empresa inexperiente vir a produzir um cargueiro de 60 ton, por outro lado há uma disposição da Antonov em correr esse risco e vender o An-178 para os compradores estrangeiros como China, um mercado promissor. Pesa a favor da Antonov o seu portfólio frente as autoridades Chinesas. Os ucranianos forneceram consultoria nos dois mais bem sucedidos programas de aviação chineses da atualidade, no Cargueiro Y-20 e no Y-9.
EM 7 de Maio as autoridades chinesas da A-STAR estiveram na Ucrânia para assinar memorandos de entendimento com Antonov.
2- Outra razão é que, além de uma melhor capacidade de carga e maior velocidade, o cargueiro tático ucraniano possui uma relação mais eficiente de combustível por cargas/voo, estas capacidades são melhores que as do Y-9 que já foi apresentado nas versões AWACS, Patrulheiro Naval, Guerra eletrônica, Comando aéreo e Posto de Guerra psicológica. No entanto é inegável que a aeronave ucraniana enfrentará muitos obstáculos dentro do mercado chinês, especialmente agora que o PLA avalia o uso de células civis como o COMAC C919 para estas funções.
Seja como for, a Antonov vai a Farnborough demonstrar o seu cargueiro e se conseguir emplacar nos mercados Indianos e Chineses mergulhará profundamente no mercado asiático e assim conseguirá contrabalançar as perdas advindas da falta de encomendas da Rússia, podendo alcançar um mercado que por hora é disputado por basicamente três aeronaves, o C-130J (EUA), Y-9 (China) e KC-390 (Brasil).
Vídeo Promocional da Antonov na Farnborough: 2016
Plano Brasil
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