Russos garantem que podem modernizar tanques T-80 de 30 anos atrás e coloca-los no patamar operacional do Leopard 2A5/A6 e do M1A2 Abrams

Tanque russo T-80U

Por Roberto Lopes

O grupo industrial Uralvagonzavod (Corporação UVZ) propôs ao Ministério da Defesa da Rússia um kit de modernização para os 450 tanques pesados T-80 das versões BV e U (Ulushchenniy) mantidos em unidades da ativa da Força Terrestre local.

Ano passado o comando do Exército russo fez uma extensa retirada de carros T-80 dos seus quartéis de 1ª linha, mas o Instituto de Estudos Estratégicos de Londres (ISS na sigla em inglês) calcula que ao menos 3.000 desses blindados sejam mantidos em depósitos militares (a maior parte deles, ao ar livre).


Um porta-voz da Corporação UVZ afirmou à agência de notícias TASS que a modernização de carros de combate pesados é uma “tendência recente da indústria de tanques”, e que a proposta feita ao governo Putin é capaz de elevar os antiquados veículos T-80 fabricados entre o fim da década de 1970 e o início dos anos de 1990, ao nível operacional de tanques principais de batalha ocidentais, como o alemão Leopard 2 A5/A6, de 62,3 toneladas, e o americano M1 A2 Abrams, de 62,5 toneladas.

O serviço de upgrade seria feito pela companhia Omsktransmash, atualmente uma subsidiária da Corporação UVZ, que, no período de 1979 a 1991, produziu centenas de carros T-80B.


T-80U – O modelo BV, de 42,5 toneladas, se distinguia dos demais pelos novos componentes de blindagem na torre e no chassis; mas a versão U, de 1986, mais pesada (46 toneladas), trazia uma nova e muito maior gama de novidades.

T-80BV

O carro exibia torreta nova (de teto blindado contra ameaças vindas pelo alto) e um turbo-propulsor multicombustível GTD-1000F, de 1.100 HP, mais tarde trocado por um turbo-propulsor multi-combustível GTD-1250D de 1.250 HP.

Outro item de modernidade era a metralhadora pesada NSVT, de 12,7 mm, fixada na torreta, que podia ser disparada do interior do tanque por meio de um mecanismo ainda rudimentar de controle remoto (testado inicialmente no tanque T-64).


Nos dois lados da torreta do T-80U estavam fixados 4 disparadores de granadas de fumaça de 81 mm do modelo 902 Tucha B, de acionamento elétrico.

T-80 modelo U

O carro também transportava uma Unidade de Força Auxiliar modelo GTA-18A, usada nos momentos em que a viatura estava desligada. Os T-80 de fabricação mais recente (década de 1990) traziam na torreta um snorkel Brod-M.

Sosna-U – A vistoria no estado de conservação dos tanques T-80 que se encontram armazenados mostrou, ano passado, que a blindagem desses veículos já deve ser considerada deficiente para resistir às modernas armas anti-tanques.

Além disso, tanto os sistemas 1A33, de controle de fogo para a peça de 125 mm, e os carregadores de munição para o canhão, quanto os mísseis anti-tanque 9K112-1 instalados na torreta, equipamentos de comunicação e sistemas anti-incêndio da torreta, deixaram de ser fabricados há vários anos.

Para cobrir este gap, a Omsktransmash elaborou um pacote de medidas modernizadoras que, especificamente no sistema de apontamento e controle de fogo do canhão, pode ser resumido da seguinte forma:

– Instalação do Sistema de mira Sosna-U para o artilheiro incumbido de operar o canhão, incorporando mira óptica, medidor de distância a laser (laser rangefinder) e imageador térmico;


– Equipamento (Sosna-U) duplicado para que também o comandante do carro, em seu posto, possa fazer disparos;

Sistema de mira para canhão Sosna-U

– Ampliação da capacidade dos operadores do Sosna-U de enxergar alvos, de dia ou à noite, até uma distância de 3.300 m (ainda que o alcance máximo do laser rangefinder vá até os 7.500 m);

– O emprego do Sosna-U pode ser complementado pelo uso da mira óptica 1P67, que teve seu projeto modificado para poder reforçar os recursos de combate da tripulação do futuro T-80 modernizado.

Por exigência do Exército russo, o kit de modernização do carro T-80 guarda importante comunalidade com os sistemas dos tanques pesados T-72B/B3.

O Exército russo mantém cerca de 1.900 desses carros em seu serviço ativo, e, de acordo com uma estimativa do ISS, cerca de 7.000 armazenados – parte deles à disposição de exércitos de nações amigas da Rússia.

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