Por Altamiro Borges
Se depender do Poder Judiciário de São Paulo, que parece um poleiro de tucanos, Geraldo Alckmin nunca será incomodado. Afinal, ele é um “santo” – não aquele que aparece na planilha de propina da Odebrecht. Nesta quarta-feira (9), a Justiça Eleitoral negou a denúncia contra o governador por abuso de poder político para favorecer o seu filhote, João Doria, na disputa pela prefeitura da capital paulista. A acusação foi feita inclusive por dirigentes do próprio PSDB, como o ex-vice-governador Alberto Goldman, que deflagraram sangrentas guerras no ninho para se contrapor à postura truculenta do “picolé de chuchu”, que tenta viabilizar a sua candidatura presidencial pela sigla em 2018.
Em sua sentença, o juiz Sidney da Silva Braga, da 1ª zona eleitoral, alegou que Geraldo Alckmin, “como cidadão e membro filiado a partido, tem o direito de apoiar o candidato de seu partido e de sua preferência, sem que isso caracterize desvio ético ou abuso do poder”. Ele ainda rejeitou a denúncia – formalizada pela coligação que apoiou a candidatura à reeleição do petista Fernando Haddad – de que o governo usou a máquina estadual, através da indicação de secretários, para alojar aliados. "A livre nomeação e exoneração são materializadas por ato administrativo discricionário, ou seja, sujeito à avaliação de conveniência e oportunidades pelo governador do estado”, rebateu o juiz.
Carro oficial na campanha tucana
A mais recente decisão da Justiça Eleitoral confirma que os tucanos estão imunes. Eles são “santos”. Como ironizam os internautas, basta se filiar ao PSDB para não ser investigado, julgado, condenado e, muito menos, preso. Nesta quinta-feira (10), a Folha serrista postou mais uma denúncia contra o filhote de Geraldo Alckmin. Segundo reportagem de Walter Nunes, “um motorista ligado à Cesp (Companhia Energética de São Paulo) confirmou que levou executivos em carros pagos pela estatal para compromissos em endereços da campanha do agora prefeito eleito de São Paulo, João Doria". O motorista deu detalhes das irregularidades em depoimento à Procuradoria Eleitoral do Estado.
Como lembra a matéria, “a Cesp é uma empresa controlada pelo Estado de São Paulo, comandado pelo governador Geraldo Alckmin, do mesmo partido de Doria. [O motorista] foi ouvido pelo promotor José Carlos Bonilha, que investiga suposto uso da estrutura do governo em favor da campanha de João Doria... A Cesp passa por grave crise financeira e acumulou prejuízo de R$ 61,4 milhões no ano passado. Os consumidores do Estado foram chamados a dar sua parcela de contribuição e arcaram com aumentos nas contas de luz. O secretário da Fazenda de São Paulo, Renato Villela, chegou a admitir a possibilidade da venda da companhia”.
No poleiro tucano da generosa Justiça de São Paulo, possivelmente o juiz também considere que esta denúncia não “caracteriza desvio ético ou abuso do poder”. E a vida segue!
altamiroborges
domingo, 13 de novembro de 2016
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Justiça inocenta Alckmin e Doria. Outra vez!
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