Quando o historiador narrar o comportamento dos Supremos Tribunais nos golpes de abril de 1964 e maio de 2016 ficará nítida a composição de membros cônscios de seu papel constitucional e da dignidade que honra a escolha e de golpistas acovardados e cúmplices que enxovalham a toga, transformando-a em mera fantasia.
Recordemos os 11 membros de 1964. Houve os cassados, Victor Nunes Leal, Hermes Lima, Evandro Lins e Silva; houve os que revoltados com a intromissão militar, por iniciativa própria, se demitiram, Gonçalves de Oliveira, Lafayette de Andrade; o que se aposentou após repelir a pressão indevida, o Presidente Ribeiro da Costa, e mesmo o que, nomeado pelos militares, declinou participar da farsa jurídica, Adaucto Lucio Cardoso. São nomes que ficaram na história, cujos descendentes se orgulham e procuram repetir em seus comportamentos o exemplo dos antepassados. E agora?
Havia em 1964 o risco das armas dirigidas aos inimigos do golpe. Não poucos sucumbiram a este feito. Hoje a identidade que une os golpistas não é ideológica, nem o temor à vida, é um comportamento corrupto, submisso aos interesses estrangeiros, antipatriótico. É um verdadeiro estado de galhofa, que ameaça destruir as bases do Estado Nacional e atinge de modo catastrófico a própria sociedade brasileira.
Desde maio de 2016, uma sequência de atos administrativos, legislativos e decisões jurídicas parece indicar claramente que não há um poder nacional responsável pela condução do País. Ou está entregue a uma gangue de bandoleiros, no pior exemplo do cinema que era chamado B ou C, ou temos um feitor colonial, que só deve explicações a seus estrangeiros senhores.
Laudas poderiam ser escritas na relação destes feitos, mas fico em poucos nas diversas áreas de suas atuações. Na economia, a desestruturação de parque industrial brasileiro, com ênfase na engenharia nacional, sob o pífio pretexto da corrupção, assim como no comércio e nos serviços, deixando no desemprego e subemprego dezenas de milhares de brasileiros.
Conquistas históricas, não brasileiras mas da humanidade, como a garantia à aposentadoria, a proteção ao trabalho, a segurança pública e nacional vão sendo desmanteladas, causando o pânico e o desespero na população.
Afinal que nome pode ser dado à transferência de uma verdadeira Arábia Saudita de petróleo ao desfrute de acionistas de empresas estrangeiras, a entrega da Base de Lançamento de Alcântara a potência estrangeira, a exploração de reservas de água potável, considerada o novo petróleo pela escassez mundial, a empresa privada de controle alienígena, e a tantas outras violações ao interesse e à soberania nacional?
Veja como ardilosamente se prepara a extinção do FGTS. Com o desemprego e a inflação do cotidiano – alimento, remédios, transporte – que a todos atinge, o executivo propõe, e certamente o legislativo e o judiciário abrigarão, que os valores do FGTS sem movimentação sejam sacados pelos beneficiários. Mas fixa um prazo, de modo que os poucos avisados ou os não informados deixem o que lhe é devido para o banco, direta ou indiretamente. Recordemos que o FGTS foi uma criação do primeiro governo militar para não gerar maior oposição ao fim do direito à estabilidade, devido a todo trabalhador que completasse 10 anos na mesma empresa. Foi uma troca de um possível direito por um benefício futuro. Aos poucos o FGTS passou a ser um recurso para empreendimentos de interesse social como moradia e saneamento básico. Mas como estes capitães do mato não tem qualquer compromisso com o povo brasileiro, estes recursos nem precisam passar por conta de controle governamental, diretamente alimentarão o banco, ou, como generalizo este sistema de poder, a banca.
O legislativo já desacreditado pelas manifestações de seus membros, em relevo a votação pelo impeachment da Presidente Dilma, aprova mais mordomias para os representantes do dono do poder enquanto votam o menor salário mínimo deste século, em valores reais, retornando ao que prevalecia no período de Fernando Henrique Cardoso, neste tópico inigualável.
Mas o único poder sem voto se esmera neste troféu de anticidadania. Tomemos o sempre arguto e bem informado jornalista Paulo Henrique Amorim, em sua Conversa Afiada, sobre a blindagem dos tucanos a qualquer condenação. Ele recorda que os sócios no esbulho controlam, pela chantagem ou pelas quantias, o Supremo Tribunal Federal (STF). Se por chantagem é a confissão de um grave crime que não pode ser revelado, se por dinheiro é a confissão da corrupção, que lhes compete combater.
Dois exemplos recentes desmoralizam ainda mais um judiciário que a população já descrê: a covardia diante do poder do Presidente do Senado e o claríssimo dois pesos duas medidas nas idênticas situações em que se encontravam o ex-Presidente Lula e o cognominado angorá, na relação dos subornados de uma construtora em destruição pelo Projeto Judiciário, de origem estadunidense, para eliminar a soberania técnica e econômica brasileira.
Agora se incentiva a guerra civil que justificará a ação repressiva e assassina das forças militares e paramilitares, talvez já adestradas pelo país presente em todos os golpes no Brasil, desde 1945, se ele próprio não vier participar, testando armas e sistemas de destruição. Para isso o Ministério da Justiça, sob o comando de quase certo novo membro do STF, deixou que uma facção criminosa, anteriormente defendida por seu escritório, provocasse o pânico em cidades do norte, do nordeste e do sudeste do Brasil. A inviabilização na prática, por motivos fraudulentos, de conceder aposentadoria aos trabalhadores provocará sem dúvida manifestações em todo País, mormente agregada à extinção de direitos trabalhistas urdidos no Congresso Nacional. E assim está justificado a assassinato em massa, a repressão atingindo as classes menos favorecidas e aos que se revoltam com a injustiça, ou seja, todas as pessoas de bem. Restarão os canalhas, os corruptos e os assassinos.
Este Brasil em decomposição, que a mídia, os batedores de panelas, os preconceituosos e escravagistas contribuíram, desde a eleição da Presidente Dilma, em 2014, para a formação, fica cada vez mais distante da contemporaneidade civilizatória e mais violento. Agora aguente, burguesia mesquinha, pois a banca quer dinheiro e quer sangue. Veja a Ucrânia, a Grécia, a Síria, o Iraque, e como caminha a União Europeia. Dizia minha mãe que o burro pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue.
dinamicaglobal
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
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ONTEM SUPREMO, HOJE MÍNIMO, AMANHÃ IRRELEVANTE.
ONTEM SUPREMO, HOJE MÍNIMO, AMANHÃ IRRELEVANTE.
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