Ivan Konovalov - Katehon
tradução de btpsilveira
Continua crescendo a crise entre EUA e Coreia do Norte (CN). Nem Washington nem Pyongyang mostram qualquer vontade de ceder seja no que for. A retórica ameaçadora entre os dois países se torna cada vez mais agressiva. O vice presidente Mike Pence disse que a “paciência estratégica” de seu país chegou ao fim e que o presidente Trump está mandando mais porta aviões dos Estados Unidos para as proximidades da Península Coreana. Como resposta, o exército da CN continua a testar mísseis balísticos e preparando outros testes de armas nucleares.
O Representante Permanente da CN para as Nações Unidas, Kim In Ryong afirma que há a possibilidade de uma guerra nuclear, cujo início poderia se dar a qualquer momento. Apenas a CN tem armas nucleares na Península.
Muito provavelmente, o governo japonês está pronto para usar a situação ameaçadora a seu favor. É a primeira vez desde o final da Segunda Guerra Mundial que Tóquio pretende aprovar uma prontidão para combate de seu Exército e sua Marinha, colocando as sua Forças de Auto Defesa (nome oficial das Forças Armadas Japonesas) em formação de batalha. A imprensa japonesa observa que esta prontidão acontecerá se algum míssil balístico norte coreano for lançado perto de suas águas territoriais. Em 29 de março de 2016, no Japão, o pacote de leis de segurança entrou em vigor, o que abre mais possibilidades de uso de sua Forças de Auto Defesa. De acordo com o pacote, existem três níveis de perigo que definem que tipo de ordem será dada para as forças navais e em terra.
• a previsão de um ataque armado;
• um risco iminente de um ataque armado; e
• um confronto militar direto.
A estimativa de Tóquio é que a atual situação corresponde ao segundo nível de perigo, o qual requer ações militares urgentes bem como a ordem de ativação das Forças de Auto Defesa. Ao mesmo tempo, é óbvio que o governo do militarista Shinzo Abe tem o desejo de ver as Forças Armada do País do Sol Nascente na vida real, especialmente quando a adoção das leis em março mudaram seu status. Pode até não acontecer em um campo de batalha, mas já há uma atmosfera de que uma batalha está perto. As ações das Forças de Auto Defesa sempre foram restringidas pelo enorme número de impedimentos conectados com a derrota do Japão Imperial na Segunda Guerra Mundial.
O artigo 9 da Constituição japonesa antes restringia muito a ação do Ministério da Defesa, o qual não é ligado diretamente com a defesa do país. Agora, eles têm o direito de levar a efeito uma operação no estrangeiro, para apoiar forças aliadas, especialmente o exército dos Estados Unidos. As ações em andamento do exército japonês já estão em andamento, como parte da missão de paz das Nações Unidas no Sudão do Sul, bem como sua marinha participa de uma operação contra os piratas somalis.
O Japão iniciou a criação de um corpo de fuzileiros navais. São tropas de ataque, usadas em operações ofensivas e para “projeção de força”, o que não é possível para as Forças de Auto Defesa que existiam anteriormente. Afirmou-se de forma direta e clara na Diretriz Nacional do Programa de Defesa, que as Forças de Auto Defesa precisam estar prontas para “ataques a partir de bases inimigas”. O governo do Japão tem aumentado constantemente o orçamento do Ministério da Defesa durante os últimos cinco anos. Agora, o Orçamento é 1,5 trilhões de Ienes (cerca de $46,36 bilhões de dólares). Desde a pós guerra que o Japão não conhecia um orçamento tão elevado.
“O Programa de Defesa de médio prazo para 2014-2018”, anunciou que o país abandonou o princípio de auto suficiência no campo da defesa. Agora o Japão, cujo complexo militar/industrial era destinado a produzir todo o espectro armas para a Marinha, Exército, Forças Aéreas e Forças Navais, começou comprndo armas no estrangeiro. Como é óbvio, os Estados Unidos se tornaram o principal importador. A lista de compras consiste dos caças de quinta geração F-35ª (dos quais se planeja comprar não mais que 100 itens), convertiplanos (aeronaves que podem funcionar ou como helicópteros ou como aviões – NT) V-22 Osprey, aviões de detecção distante por radar e manejo, aviões de carga, helicópteros SH-60J, SH-60K e CH-47JA. Mísseis teleguiados de ataque são equipados com o Sistema de Combate (norte)Americano Aegis, o qual está incluso nos sistemas de mísseis de defesa.
As Forças Navais de Auto Defesa agora tem um novo porta helicópteros que foi denominado Kaga, que é o nome do porta aviões japonês que participou do ataque contra a base (norte)americana de Pearl Harbour na Segunda Guerra Mundial. O Kaga, assim como outro porta helicópteros Izumo (que desloca 19,5 mil toneladas) são os maiores navios da frota japonesa. Cada um deles tem capacidade de levar 14 helicópteros multifunção Sikorski SH-60 Sea Hawk. É óbvio que a frota está se tornando cada vez mais forte para conduzir tarefas militares em várias partes do planeta.
Agora, a frota japonesa está composta de mais de uma centena de porta helicópteros, destroyers, fragatas, submarinos, lanchas de combate e navios auxiliares. A Marinha está classificada em quinto lugar no ranking de capacidade de combate entre as frotas militares do mundo.
A força aérea japonesa consiste de 370 aviões de combate. As forças de auto defesa do solo incluem cinco exércitos com 150.000 tropas no total. Cerca de 700 tanques de combate e 750 veículos blindados e 135 sistemas de artilharia são usados para os armar. Também estão sendo criadas forças de ação rápida (04 divisões e 05 brigadas). O crescimento do poder militar japonês não se deu em contraposição à Coreia do Norte.
Enquanto a posição dos Estados Unidos fica cada vez mais fraca na região do Pacífico Asiático, o Japão observa o crescimento da poderosa China, com a qual compete de longa data. Esta situação faz com que o país do Sol Nascente confie cada vez mais em suas próprias forças para a sua segurança. O desenrolar dos acontecimentos e o crescimento do exército japonês faz da crise na Península Coreana uma oportunidade para o exército japonês demonstrar à China o desenvolvimento de sua Forças de Auto Defesa. Ao mesmo tempo, é difícil acusar o Japão de promover provocações porque o país não está na raiz da crise e por outro lado, o país tem todo o direito de tomar medidas para garantir a própria segurança.
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