Enquanto isso, o novo Gabinete de Ministros já preparou um “plano de ação”. Consoante peritos, o documento não passa de uma versão abreviada, uma súmula do acordo de coligação, sem prever quaisquer medidas concretas viradas para a saída da crise.
O plano de ação para a realização de reformas econômicas prevê uma série inteira de transformações em todas as esferas – desde os setores militar e social até a política fiscal e a gestão da propriedade pública. O programa devia delinear um conjunto de metas concretas e radicais. Mas, em última análise, o documento contem uns planos irreais e quase inviáveis sem terem havido indicados os meios de sua concretização, frisou o perito da Escola Superior de Economia, Andrei Suzdaltsev:
“Causa muita surpresa a discrepância entre o programa proposto e a situação real. O plano parece ter sido copiado de um manual de escola. Não leva em linha de conta o fato de o país viver a guerra civil, estar atravessando uma ruina econômica e um período de marasmo. O PIB da Ucrânia registrou uma queda de 7-8%, os bilhões de dólares estão sendo gastos para manter a moeda nacional – grivna. E, finalmente, quem é que irá financiar tais reformas?”
O governo de Yatsenyuk planeja realizar uma boa parte das reformas na esfera tributaria. Se espera que no 1º trimestre de 2015 seja reduzida a quantidade de impostos (de 22 para 9), através de alterações do Código Fiscal. Da lista de serão retirados tributos “ineficientes” tais como um imposto para o desenvolvimento da viticultura. Em relação às demais tributações se prevêem alterações que possam nivelar efeitos da liberalização, observa o professor catedrático do Departamento de Finanças Internacionais do Instituto das Relações Internacionais (MGIMO, em sigla russa), Valentin Katasonov:
“Tais esforços poderão ser reduzidos a zero pelo encolhimento da base tributaria no meio de pessoas físicas e jurídicas. Basta prestar atenção para o fato indicado pelas autoridades ucranianas – a queda do PIB que se estima hoje em 7,5%. Isto levando em conta a Novorossiya que, de fato, já ficou à margem do intercâmbio econômico-comercial.
No que toca aos impostos, se criou na Ucrânia uma situação paradoxal. Por um lado, a guerra civil não acabou, por outro lado, pelo menos até o Outono, muitas empresas de Donbass tinham pago impostos para o Tesouro. Hoje, a Novorossiya deixa de ser uma fonte de ingressos tributários. Por isso, a base tributária vai reduzindo cada vez mais”.
O FMI avaliou os resultados da atividade desenvolvida pelo governo de Arseni Yatsenyuk, tendo-os qualificado como pouco consoladores – a Ucrânia frustrou a realização de muitas reformas, recomendadas pelo FMI. No entanto, Kiev consegue encontrar fontes de financiamento.
Assim, nos próximos dias será assinado um acordo com o Banco Europeu de Investimentos no valor de 200 milhões de euros. Os créditos deverão ser destinados para a reabilitação da infraestrutura de Donbass. Resta desvendar uma incógnita – os maiores danos tinham sido causados à infraestrutura das regiões que hoje estão controladas por milícias independentistas. Como ser á possível reconstrui-la?
É óbvio que para tal será necessário prosseguir as operações militares e libertar as zonas ocupadas. Ou seja, continuar a guerra. Um mesquinho montante de 200 milhões mal chega para restabelecer a região industrial de Donbass, assolada pela guerra civil.
As tentativas de integrar a Ucrânia na Europa já custaram ao Ocidente os olhos da cara. Os apetites de Kiev são enormes, mas para onde se canalizam os avultados meios financeiros ninguém sabe dizer. Até o presidente da República Checa, Zdenek Zeman, disse que o apoio financeiro da Ucrânia independente levou ao esbanjamento de recursos europeus. A Ucrânia já havia recebido umas tranches para amortizar a dívida, financiar as reformas e desenvolver a democracia. Mas essas tamanhas somas de dinheiro parece que se dissolvem nos vastos estepes. Por isso, o FMI se torna cada vez mais cauteloso e prudente nas suas relações com a Ucrânia.
Voz da Rússia
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_12_16/FMI-receia-emprestar-dinheiro-Ucr-nia-5808/
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