Senador Roberto Requião (PMDB-PR) garantiu, em entrevista exclusiva ao 247, que o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que abre o pré-sal para empresas internacionais não tem a menor chance de avançar no Senado; "é o fim do mundo", diz ele; "ainda mais agora que a China decidiu fazer seu 'Plano Marshall', financiando a Petrobras", afirma, referindo-se ao empréstimo de US$ 3,5 bilhões concedido pelo Banco de Desenvolvimento da China; Requião diz ainda que irá publicar todo o conteúdo divulgado pelo wikileaks sobre o Brasil; "as conversas do Serra com a Chevron estão lá"
Paraná 247 - Na última segunda-feira, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) reuniu diversos colegas para um jantar suprapartidário em sua casa, em Curitiba. Do encontro, participaram nomes como Gleisi Hoffmann (PT-PR), Luiz Henrique (PMDB-SC), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e José Serra (PSDB-SP). O convidado principal era o economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, que falou sobre uma nova agenda de desenvolvimento para o País.
No encontro, Serra antecipou seu plano para a Petrobras. Disse que defende a empresa, que pretende fortalecê-la, mas que a empresa deve se restringir às atividades de prospecção e exploração. Serra saiu de Curitiba sem aliados. Pelo contrário. "O plano dele é o fim do mundo", disse Requião ao 247. "Significa a entrega total do pré-sal", completa o senador, afirmando que irá combater, com unhas e dentes, o chamado Plano Serra.
Um dos instrumentos será a publicação, pela gráfica do Senado, de todas as informações sobre o Brasil já divulgadas pelo Wikileaks, o site de vazamentos de informações confidenciais criado pelo australiado Julian Assange. "Estão ali todas as conversas do Serra com a Chevron, em que ele promete abrir o pré-sal", avisa Requião.
Segundo ele, o projeto de Serra é inoportuno e não tem chances de prosperar no Senado. "Ainda mais agora que a China iniciou seu Plano Marshall para a Petrobras", diz Requião, referindo-se ao empréstimo de US$ 3,5 bilhões concedido pelo Banco de Desenvolvimento da China para a Petrobras. "Quem vai ousar dizer que a Petrobras não tem crédito no mercado internacional?"
Fator Levy
O que mais preocupa o político paranaense, no entanto, não é um projeto que ele considera fadado ao fracasso, mas sim o ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Esse ajuste vai explodir nas ruas e eu desconfio que o Levy pode estar querendo derrubar a Dilma", diz ele. "Quando a Grécia entrou nesse discurso de ajuste, tinha uma dívida de 108% do PIB e um desemprego pouco acima de 10%. Depois dele, a dívida dobrou e o desemprego foi a 25%. Esse tipo de ajuste fiscal só serve para salvar a banca", afirma.
Requião critica, inclusive, o ex-presidente Lula por endossar o ajuste fiscal. "Não é porque ele acha que funcionou, em termos de popularidade, na época do Henrique Meirelles, que vai funcionar agora. O mundo era outro. O Brasil contava com o vento a favor da alta das commodities. Hoje, não tem mais essa margem de manobra". Sempre com a língua afiada, Requião diz que Levy é o "cabo Anselmo" do governo Dilma.
O senador paranaense tem também uma posição peculiar sobre a Lava Jato. "Foram presos vários executivos, mas os que deveriam ter sido presos são os donos, os acionistas das empreiteiras", diz ele. "Ninguém paga propinas sem aval dos donos".
247 Brasil
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