Após um periodo significativo de declínio, as Forças Armadas argentinas deixaram de ser um efetivo com capacidade militar real. Em Agosto deste ano, a Força Aérea do país retirou de serviço seus caças Mirage, sendo que poucas unidades ainda eram capazes de voar.
As coisas não são muito melhores para as outras Forças, a depauperada Marinha argentina raramente sai ao mar, quase não tem mais peças sobressalentes para sua frota e, em termos práticos, não tem munição para os armamentos. Em 2012 o navio-escola ARA Libertad foi confiscado em um porto em Gana a pedido de um grande fundo financeiro que exigia pagamento de dívidas por parte do governo argentino. Logo depois do incidente, a corveta ARA Espora foi retida na África do Sul por 73 dias, pois a empresa alemã contratada para os reparos em uma falha mecânica se recusou a fazer o trabalho por conta de dívidas anteriores de Buenos Aires. Em 2013 o contratorpedeiro ARA Santíssima Trindad, então fora de serviço, afundou no porto por conta da falta de manutenção adequada.
Contratorpedeiro ARA Santíssima Trindad afundou por falta de manutenção
O Exército argentino conduziu operações nas quais faltaram até mesmo os equipamentos mais básicos, e raramente tem recursos para treinamento das tropas.
Já a Força Aérea é uma coleção de aeronaves obsoletas, a maioria dos anos 1970, e que passam boa parte do tempo em solo por estarem em condições precárias de funcionamento. E agora o país está se livrando de seu único caça semi-capaz.
De acordo com análise da agência IHS Jane’s:
“A Força Aérea argentina está cortando drasticamente as horas de trabalho de seu pessoal e descomissionando seu último caça em meio aos contínuos problemas de orçamento.
Um cronograma publicado recentemente aponta que o expediente foi reduzido – agora vai das 08hs às 13hs – além de haver orientações para o racionamento de comida, energia e material de escritório nas organizações e vilas militares. Atualmente apenas o pessoal mínimo exigido em bases, diretorias e comandos militares trabalham.
Essas ordens, emitidas em 11 de Agosto, passaram a vigorar no dia 18. O próximopasso será cortar os expedientes de segunda e terça-feira. Além disso, aoficiais da Força Aérea afirmaram que qualquer aeronave retirada de serviço não passará por manutenção, por enquanto”.
Nessas circunstâncias, as Forças Armadas argentinas contam com apenas dois tipos de aeronaves: A-4 e Ia-63, ambas subsônicas, com décadas de idade e por pouco capazes de operar. Buenos Aires cogitou adquirir novos caças gripen da Suécia através do Brasil, mas foi vetada pelo Reino Unido, reponsável pela fabricação de vários componentes internos do avião. Outra opção sondada foi o JF-17 da China, mas a modificação se mostrou cara demais.
Sob uma perspectiva mais ampla, qualquer revitalização das Forças Armadas argentinas dependerá da economia geral do país, e a situação parece ainda longe de ser favorável.
Defesa Net
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