Nesta terça-feira, 15 de setembro, o presidente da Síria, Bashar Al Assad, concedeu entrevista à jornalistas russos. O chefe de Estado teceu comentários sobre a guerra civil em seu país, o terrorismo e a atuação dos países e europeus e dos EUA na região.
“Eu penso que, em paralelo com o combate ao terrorismo, é necessário dar seguimento ao diálogo entre os partidos políticos e outras organizações sírias para chegar a um consenso sobre o futuro do nosso país”, afirmou Assad, que frisou, entretanto, que o principal inimigo no momento é o terrorismo. “Precisamos derrotar o terrorismo e não só o Estado Islâmico”.
“Sobre o problema dos refugiados, eu gostaria de dizer que a posição e a campanha midiática conduzida pelo Ocidente, em especial durante a semana passada, informa que essas pessoas estão fugindo do governo sírio, chamado pela imprensa ocidental de “o regime”. No entanto, os países ocidentais choram pelos refugiados com um dos olhos, enquanto o outro seu olho está focando a mira de uma metralhadora. Acontece que as pessoas deixaram a Síria com medo do terrorismo e da morte, pelas consequências do terrorismo.
Nas condições do terror e da destruição da infraestrutura não é possível atender as necessidades mais básicas. Como resultado disso, as pessoas fogem do terrorismo e buscam oportunidades de sustento em qualquer outro lugar do mundo. Por isso o Ocidente lamenta pelos refugiados e, ao mesmo tempo, dá suporte aos terroristas desde o início da crise”, explicou a autoridade aos jornalistas.“A questão não está no fato da Europa receber ou não receber os refugiados. É necessário eliminar as causas primeiras desse problema. Se os europeus se preocupam com o destino dos refugiados, então é preciso parar de dar suporte aos terroristas. Essa é a nossa opinião sobre o problema. Essa é a essência da questão dos refugiados”, reforçou Assad e concluiu que busca a consolidação das forças políticas do seu país para combater o terrorismo.
Segundo Assad, isso já estaria acontecendo. Grupos que combateram o governo sírio já atuam contra o terrorismo, agora ao lado das forças governamentais. Segundo ele, esse é o caminho que terá de ser trilhado para tornar possível a realização de um diálogo e de um processo político, de modo a atender as demandas de todos os sírios.
Quando perguntando sobre o apoio do Irã aos seu país, Assad foi respondeu que “as relações entre Irã e Síria tem um histórico positivo há mais de 35 anos”.
“Estamos ligados por laços de amizade e de confiança mútua. Por isso achamos que o Irã desempenha um papel importante. O Irã atua do lado da Síria e do seu povo. Esse país apóia o governo sírio politicamente, economicamente e na área militar. Quanto ao suporte militar, não se trata de envio de tropas, como alguns na mídia ocidental gostam de dar a entender. Teerã fornece equipamento militar. Naturalmente, existe o intercâmbio de especialistas sírios e iranianos. Esse intercâmbio, porém, sempre existiu. E é claro que esse tipo de cooperação bilateral se intensifica nas condições de uma guerra. Sim, a ajuda de Teerã foi um dos principais elementos a contribuir para a resistência da Síria nesse guerra difícil e bárbara”, concluiu.
Bashar Assad demonstrou preocupação com a cooperação do Ocidente com a frente al-Nusra. “A cooperação do Ocidente com a Frente al-Nusra é um fato. Todos sabemos que a Frente al-Nusra e o Estado Islâmico são financiados, equipados e recebem voluntários da Túrquia, país com fortes laços com o Ocidente. Erdogan e Davutoglu não dão um passo sem consultar, em primeiro lugar, os EUA, bem como outros países ocidentais. Frente al-Nusra e Estado Islâmico ficaram fortes na região graças ao apoio do Ocidente, que enxerga no terrorismo um coringa a ser usado de modo periódico.
Hoje eles querem usar al-Nusra contra o Estado Islâmico, porque Estado Islâmico saiu do seu controle. Isso não significa, porém, que eles querem destruir o Estado Islâmico. Se fosse essa a vontade, eles teriam condições de fazê-lo”.O presidente Assad frisou ainda que o Estado Islâmico não é, de modo algum, uma manifestação do povo sírio, mas sim um projeto internacional e estritamente terrorista.
Oriente Mídia
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